terça-feira, 24 de março de 2015

Nova Escola: Finlândia será o primeiro país do mundo a abolir a divisão do conteúdo escolar em matérias

Por Renato Carvalho, para a Rescola, aprendendo a ensinar

A campainha toca, mas, em vez da aula de História, começa a aula de “Primeira Guerra Mundial”, planejada em conjunto pelos professores especialistas em História, Geografia, Línguas Estrangeiras e (por que não?) pelo professor de Física que achou que seria uma boa oportunidade para trabalhar os conceitos de Balística.



À tarde, outro sinal, mas os alunos não vão ter aula de Biologia. Hoje a aula é sobre “Ecossistema Polar Ártico”, ministrada pelos professores especializados em Biologia, Química, Geografia e o de Matemática, que percebeu que os dados sobre o derretimento das geleiras seriam úteis para o estudo de Estatística.

Em pouco tempo, cenários como esse, que já são comuns nas principais escolas da capital Helsinki, poderão ser encontrados em toda a rede de ensino do município e nas cidades do interior. O objetivo é claro: a Finlândia quer ser o primeiro país do mundo a abolir completamente a tradicional divisão do conteúdo escolar em “Matérias” e adotar em todas as suas escolas o ensino por “Tópicos” multidisciplinares (ou “Fenômenos”, conforme a terminologia adotada pelos educadores finlandeses).

Há anos, a Educação finlandesa vem sendo considerada a melhor do mundo. Com “segredos” como valorização dos professores, atenção especial aos alunos com mais dificuldades, valorização das artes e de diferentes formas de aprendizagem e uma radical redução no número de provas e testes, o país tem consistentemente dividido as mais altas posições nos rankings do Pisa (Programme for International Student Assessment, ou Programa para Avaliação Internacional de Estudantes) com Cingapura, mas com as vantagens de oferecer uma Educação universalmente gratuita e livre dos tremendos níveis de estresse aos quais os estudantes asiáticos são submetidos.

Apesar dos excelentes resultados (ou talvez por causa deles), a Finlândia pretende continuar repensando e aprimorando seu sistema educacional. “Não é apenas Helsinki, mas toda a Finlândia que irá abraçar a mudança”, afirma Marjo Kyllonen, gerente educacional de Helsinki. “Nós realmente precisamos repensar a Educação e reprojetar nosso sistema, para que ele prepare nossas crianças para o futuro com as competências que são necessárias para o hoje e o amanhã. Nós ainda temos escolas ensinando à moda antiga, que foi proveitosa no início dos anos 1900 – mas as necessidades não são mais as mesmas e nós precisamos de algo adequado ao Século 21.”

Naturalmente, a ideia de substituir “Matérias” por “Fenômenos” como forma de dividir o conteúdo escolar e apresentá-lo aos alunos sofreu resistência inicial, principalmente dos professores e diretores que passaram suas vidas se especializando e se preparando para ensinar matérias. Mas com suporte do governo – inclusive incentivos financeiros através de bonificações para os professores que aderissem ao método – os professores foram gradualmente se envolvendo e hoje aproximadamente 70% dos professores das escolas de ensino médio da capital já estão treinados e adotando essa nova abordagem.

Atualmente, as escolas finlandesas já são obrigadas a oferecer ao menos um período de ensino multidisciplinar baseado em Fenômenos por ano. Na capital Helsinki, a reforma está sendo conduzida de forma mais acelerada, com as escolas sendo encorajadas a oferecer dois períodos. A previsão de Marjo Kyllonen é de que em 2020 a transição estará completa em todas as escolas do país.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Educação superior: MEC reconhece mais 63 cursos

O Ministério da Educação (MEC) reconheceu mais 63 cursos superiores, a serem ofertados em diversas unidades federativas do país. A lista completa dos cursos e das instituições de ensino superior está disponível em duas portarias publicadas aqui pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior no Diário Oficial da União.


De acordo com as portarias, o reconhecimento dos cursos vale até o próximo ciclo avaliativo. Na lista, constam cursos de bacharelado, licenciatura, tecnológicos e sequenciais em diversas áreas. Entre elas, engenharia, física, química, direito, nutrição, pedagogia, geografia, matemática, farmácia, biomedicina, música, relações internacionais, química, administração, cinema e audiovisual, educação física, logística, biotecnologia, serviço social, automação industrial, gastronomia, letras, biologia, serviço social.



Educação superior: MEC reconhece mais 63 cursos

O Ministério da Educação (MEC) reconheceu mais 63 cursos superiores, a serem ofertados em diversas unidades federativas do país. A lista completa dos cursos e das instituições de ensino superior está disponível em duas portarias publicadas aqui pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior no Diário Oficial da União.


De acordo com as portarias, o reconhecimento dos cursos vale até o próximo ciclo avaliativo. Na lista, constam cursos de bacharelado, licenciatura, tecnológicos e sequenciais em diversas áreas. Entre elas, engenharia, física, química, direito, nutrição, pedagogia, geografia, matemática, farmácia, biomedicina, música, relações internacionais, química, administração, cinema e audiovisual, educação física, logística, biotecnologia, serviço social, automação industrial, gastronomia, letras, biologia, serviço social.



domingo, 28 de dezembro de 2014

Dica de livro: o céu e o inferno da educação

Crítico dos testes, o chinês Yong Zhao explica por que o gigante asiático tem o melhor e o pior sistema do mundo

Por Tory Oliveira, para a Carta na Escola

Chineses se debruçam para serem aprovados no Ensino Superior
(foto Ma Jian/Chinafotopress/Getty Images)
Inédito no Brasil, o livro Who’s Afraid of the Big Bad Dragon (Quem Tem Medo do Grande e Malvado Dragão) tem um subtítulo intrigante: “Por que a China tem o melhor e o pior sistema educacional do mundo”. Ao longo de 272 páginas, o autor Yong Zhao dedica-se a explicar esse paradoxo e a desconstruir a ideia de que o modelo chinês de Educação – centralizador, baseado na ênfase em testes padronizados, altamente competitivo e sempre no topo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) – é um exemplo a ser seguido pelos demais países. 

“Os piores aspectos (do modelo chinês) estão na ênfase exagerada em avaliação, que torna todas as demais atividades de estudantes, professores, pais e escolas em uma preparação para os testes. Consequentemente, a experiência educacional dos alunos, dentro e fora da escola, está focada em poucos assuntos. O bem-estar social, emocional e físico fica em segundo plano”, critica Zhao, que conheceu o sistema educacional chinês como aluno e professor.

Nascido na província de Sichuan, Yong Zhao estudou em uma pequena escola rural durante a Revolução Cultural (1966-1976), quando o exame de admissão do Ensino Superior (Gaokao) foi abolido. O mesmo não aconteceu no curso equivalente ao nosso Ensino Médio, período em que sentiu na pele a enorme pressão para atingir uma boa nota e passar no exame, restaurado em 1977.

Após se formar em Língua Inglesa e lecionar por seis anos na China, Zhao aceitou uma oferta para trabalhar como professor-visitante no Linfield College e se mudou para os Estados Unidos, em 1992. Atualmente, o autor ocupa o cargo de professor na Universidade do Oregon e é presidente do Institute for Global and Online Education, na mesma instituição.

Por e-mail, Zhao conversou com Carta na Escola sobre o sistema educacional chinês, os perigos de uma Educação baseada em testes e a admiração nutrida por muitos países ocidentais pela educação tradicional chinesa.

Carta na Escola: Por que a China tem, ao mesmo tempo, o melhor e o pior sistema educacional do mundo? Como isso é possível?
Yong Zhao: Porque existem diferentes definições e objetivos na Educação. Se você acredita que Educação significa ter todos os seus estudantes dominando o mesmo conteúdo prescrito e demonstrando esse domínio por meio de testes focalizados, a China já demonstrou ser a melhor, ao menos de acordo com o Pisa. Mas, se você pensa que Educação significa ajudar a melhorar e desenvolver habilidades individuais, produzir a diversidade, cultivar a criatividade e prover uma experiência balanceada para o desenvolvimento da criança como um todo, talvez a China seja a pior. Aliás, não se trata do único país a ter um sistema educacional com essas características. Na verdade, todo sistema educacional que coloca muita ênfase em testes e que impõe aos seus estudantes um conjunto limitado de habilidades e conhecimentos pode ter essas consequências.

CE: Quais são os piores aspectos da educação chinesa, em sua opinião?
YZ: Na prática, os piores aspectos estão na ênfase exagerada nos testes, que torna todas as demais atividades de estudantes, professores, pais e escolas em uma preparação para os testes. Consequentemente, a experiência educacional dos alunos, dentro e fora da escola, está focada em poucos assuntos. O bem-estar social, emocional e físico ficam em segundo plano. Mas a ênfase exagerada nos testes é resultado das chamadas high-stake tests, nas quais o sucesso na vida de uma pessoa (e tem sido assim há muito tempo) é definido pela sua capacidade de chegar ao Ensino Superior, única forma de conseguir os melhores empregos. 

CE: No último Pisa, Xangai (e a China) ocupou o primeiro lugar do ranking. No entanto, o senhor aponta o fato de que, desde 1949, o país não ganhou nenhum Prêmio Nobel. Esse modelo de Educação está prejudicando a criatividade e outras capacidades dos estudantes?
YZ: Ao menos em parte, sim. Há muitos fatores envolvidos, é claro, mas um sistema educacional que premia os estudantes pelo bom desempenho em testes padronizados certamente prejudica aspectos presentes em indivíduos mais criativos.

CE: Um dos aspectos mais conhecidos da população chinesa no Ocidente é a valorização da Educação como chave para o sucesso. O senhor afirma, porém, que essa valorização é uma “estratégia de sobrevivência”. Poderia explicar melhor?
YZ: A Educação, ou melhor, passar em testes, tem sido o único caminho para a mobilidade social na China – e os testes são controlados pelas autoridades. As pessoas precisam valorizar essa “Educação”. Como eu explico no livro, as pessoas não valorizam necessariamente a Educação, mas sim a preparação necessária para passar nos exames. Assim, o que observamos é a valorização da Educação essencialmente como uma estratégia de sobrevivência para lidar com um sistema feito para selecionar com base em resultados de testes. 



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Educação profissional: a caixa-preta
do Sistema S

Prazo para entidades ampliarem investimento em vagas públicas vence em 2014

Por Cinthia Rodrigues, para a Carta na Escola

Foto Divulgação

O Sistema S precisa investir mais em matrículas gratuitas para cursos de longa duração. Essa foi uma exigência do governo federal feita em 2008, a ser cumprida até 2014. A redação do acordo e a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) em 2011, porém, dificultam a verificação do seu comprimento. O fato é que o Sistema S recebe diretamente em seus cofres valores descontados do trabalhador, mas é pouco transparente na forma como esse dinheiro público é usado.

A entidade da qual Sesi, Senai, Senac e Sesc são exemplares usa a seu critério a Contribuição Compulsória descontada da folha de pagamento equivalente a 1% do salário. Segundo a lei de 1942, tal montante deveria ser investido na saúde e na formação do trabalhador. O MEC constatou, no entanto, que a maioria dos cursos  tinha mensalidades cobradas – a preços iguais aos de instituições privadas. Eram gratuitos cursos rápidos, como para reúso doméstico de cascas de frutas ou para embalagem de presentes.

O então ministro da  Educação Fernando Haddad, atual prefeito de São Paulo, apontou a falta de retorno para a sociedade. O embate acabou em um decreto que previu aumento gradativo da alocação do recurso para vagas públicas em cursos com, no mínimo, 170 horas de duração. Até 2014, dois terços do total da contribuição precisam ter a gratuidade como destino.

O Tribunal de Contas da União (TCU) passou a acompanhar o investimento e, em 2013, foi decretado que os sistemas precisariam publicar na internet relatórios trimestrais. “Foi meia vitória”, afirma Gaudêncio Frigotto, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em sua opinião, o  financiamento deveria partir do empresariado: “O Sistema S é composto de instituições que servem ao sistema privado, portanto, o objetivo é ganhar dinheiro. Investe-se em mão de obra para as empresas irem melhor ou para cobrar pelo curso.”

Gabriel Grabowski, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, critica a liberdade de uso do dinheiro público do Sistema S e afirma que o Pronatec complicou a situação: “Agora, eles têm duas portas de entrada de dinheiro público”. O programa de compra de vagas em cursos técnicos alimentou o crescimento das instituições e ficou mais difícil exigir que dois terços das vagas tenham gratuidade por conta da Contribuição Compulsória. Ao mesmo tempo, por conta de a redação do decreto tratar de  “aumento da alocação de recursos para vagas gratuitas” e não diretamente crescimento das vagas, as entidades têm apresentado balanços em que medem a receita líquida investida, sem que isso represente o mesmo porcentual de atendimento gratuito.

No Senai, por exemplo, a meta de 2013 era de 62%, e a entidade declara que chegou a 67%,  mas apenas um quarto do total de matrículas dos cursos de longa duração é decorrente do benefício. “Não era sobre o número de matrículas, mas da utilização da receita líquida da contribuição para o Senai no financiamento desses cursos gratuitos”, diz Gustavo Leal, diretor de operações do Senai.  Para Grabowski, o retorno é desproporcional: “O contribuinte paga de um lado, o governo do outro e as escolas permanecem sendo majoritariamente privadas”.



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Enem: começam nesta terça inscrições para pessoas privadas de liberdade

A partir desta terça (30/9/2014) estão abertas as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 das pessoas privadas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa. As inscrições poderão ser feitas exclusivamente pela internet a partir das 10h. O prazo final é 30 de outubro. As provas serão aplicadas nos dias 9 e 10 de dezembro nos estabelecimentos prisionais ou socioeducativos indicados.

O responsável pedagógico da instituição deve fazer a inscrição dos candidatos e acompanhar o processo até a divulgação do resultado do exame.

No primeiro dia de prova, os participantes terão quatro horas e meia para responder às questões de ciências humanas e suas tecnologias (história, geografia, filosofia e sociologia) e de ciências da natureza e suas tecnologias (química, física e biologia).

No segundo dia, eles terão uma hora a mais de exame, que abordará linguagens, códigos e suas tecnologias (língua portuguesa, literatura, língua estrangeira, artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação), redação e matemática. A aplicação das provas começa às 13h.

No ano passado, o Enem teve 30 mil inscritos, 28% superior ao registrado em 2012. A nota do exame pode ser usada para o acesso aos cursos de Educação superior e obter a certificação do ensino médio.

Os órgãos da administração prisional e socioeducativa dos estados e do Distrito Federal que desejarem indicar unidades para aplicação do exame deverão firmar termo de adesão com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, pela internet, até 20 de outubro. As unidades indicadas precisam firmar um termo de responsabilidade.

O edital com informações sobre o Enem para pessoas privadas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa foi publicado na edição do Diário Oficial da União de quinta (25/9/2014).


Fonte Agência Brasil


Bolsas no exterior: conheça o site da parceria Fundação Lemann e Ciência sem Fronteiras

O site da parceria entre o Ciência sem Fronteiras e a Fundação Lemann oferece programas nos quais se pode candidatar para bolsas, depoimentos de bolsistas e possibilidade de cooperação acadêmica entre universidade brasileiras e americanas, além de dicas de como se inscrever para cada modalidade do Ciência sem Fronteiras.


Em 2012, essa parceria foi firmada por meio de acordo de cooperação entre o governo brasileiro e a Fundação Lemann, que se comprometeu a apoiar a implementação do programa Ciência Sem Fronteiras em seis universidades de excelência nos Estados Unidos, com as quais já tinha parcerias consolidadas: Harvard, Stanford, Columbia, Yale, Illinois (Urbana-Champaign) e UCLA.

O principal objetivo é contribuir para potencializar o investimento do governo federal, garantindo um número cada vez maior de bolsistas do Ciência sem Fronteiras nestas instituições de excelência e facilitando a formação de parcerias acadêmicas duradouras entre instituições brasileiras e essas universidades.

Para isso, facilita o estabelecimento de pontes acadêmicas entre professores das universidades americanas parceiras e professores de instituições brasileiras e a divulgar oportunidades e contatos nessas universidades a estudantes e professores brasileiros. O site é uma ferramenta que ajuda nesse processo.

A Fundação Lemann também está oferecendo bolsas complementares aos estudantes de pós-graduação aprovados pelo Ciência sem Fronteiras nessas universidades e promove encontros dos bolsistas de pós-graduação no Brasil e nos Estados Unidos para formação de rede entre eles.



terça-feira, 26 de agosto de 2014

Educação: o paradoxo do tempo perdido

Em palestra para gestores educacionais, criador do movimento Uncollege conta por que abandonou a escola para viver outras experiências e ensinar pessoas do mundo todo a fazer o mesmo

Por Cinthia Rodrigues, para a Carta na Escola

Um jovem de 22 anos vestido com camiseta e meias vermelhas sob um blazer social foi a principal estrela do Fórum de Lideranças Desafios da Educação, realizado pela Blackboard e pelo Grupo A Educação em (6/8/2014), em São Paulo. A diferença de idade entre o palestrante e a veterana audiência só contrastava menos do que o propósito entre os dois: Dale Stephens estava no Instituto Insper para contar a 200 gestores de instituições privadas de ensino superior como deixou a escola e, mais tarde, a faculdade para viver de incentivar pessoas do mundo inteiro a fazer o mesmo.


Há 10 anos o norte-americano do Arkansas abandonou a 6ª série depois de um recesso de meio de ano para nunca mais voltar à escola básica. A reação dos pais, lembra, foi a esperada, se revoltaram, se frustraram, choraram. Por fim, foram convencidos: “Eu não tomei esta decisão por preguiça, mas para não perder mais tempo. Queria aprender coisas que fossem interessantes, não conteúdos que alguém disse que seriam úteis, e que 99% das pessoas esquecem em seguida”, contou.

Com uma foto de cada experiência, Stephens listou o que fez da vida nos seis anos seguintes. Aprendeu a tocar instrumentos musicais, trabalhar com ferramentas, montou projetos para encontrar soluções para situações do cotidiano e grupos de estudo de temas diversos na biblioteca. “Até trabalhei em uma instituição que, ironicamente, ajudava pessoas a entrar no ensino superior”, afirmou em sua performance, arrancando gargalhadas do público.

Neste último emprego, o adolescente foi questionado pelo chefe sobre por que não fazia faculdade. Em mais slides, com elaborados gráficos estatísticos, Stephens apresentou suas ponderações. Entre elas, estava o fato de a graduação custar cerca de 29 mil dólares nos EUA e que, em 2012, 53% dos norte-americanos formados em cursos superiores não haviam encontrado colocação no mercado. “Ninguém discorda de que é preciso educar a população, mas acho que países como os Estados Unidos precisam pensar quanto da população precisa ter determinada Educação e a que custo.”

A plateia sentiu que marcou um ponto no tópico seguinte. “Cervejas e garotas”, estava escrito no próximo quadro. “Ok, se o conteúdo não é significativo para a maioria dos jovens e o diploma não garante emprego, que pelo menos o percurso seja divertido, certo?”, perguntou, recebendo apoio em forma de acenos e risos. Segundo Stephens, este foi um dos principais pontos que o incentivou a entrar em uma universidade. Acabou se submetendo a um processo seletivo e entrou no Hendrix College, mas achou improdutivo. “No final das contas, eu gostava mais de champanhe e garotos.”

Aos 19 anos, Dale, já reconhecido como um inovador em Educação nos EUA, fundou o Uncollege, organização que incentiva pessoas a estudar por conta e até mesmo dá aulas de como fazê-lo. Em 2012, lançou o livro Hack Your Education com sua experiência que foi motivo de reportagem em revistas e televisões de todo país. O programa tem matriculados e, ironicamente, cursos presenciais pagos. No ano passado, a Forbes o reconheceu como uma das 30 pessoas mais influentes do mundo com idade abaixo dos 30 anos. Seu projeto para 2014 é formar a primeira turma no exterior. Destino escolhido: Ilhabela, São Paulo, Brasil.

Ao público que se dedica a fazer justamente o contrário, ou seja, levar mais jovens ao ensino superior, Dale afirmou que não acha que todos devem abandonar os estudos, mas também não acredita que todos precisam fazer cursos tradicionais. “A Educação precisa passar por mudanças, e não vou conseguir isso sozinho. O sistema precisa mudar, por isso quero compartilhar com vocês algumas premissas às quais chegamos e que, na verdade, são bastante conhecidas, mas pouco praticadas”, disse.

As dicas do jovem empreendedor foram que o aprendizado requer:
  • participação ativa, em que as pessoas não apenas ouçam, mas façam, toquem, sintam, vejam, viajem etc.
  • contexto pessoal – o envolvimento ocorre quando o conteúdo tem sentido e utilidade concreta na vida do estudante.
  • paradas para descanso – pesquisas mostram que uma parada de alguns minutos faz o cérebro absorver o dobro de informação na sequência.
  • mentalidade de crescimento – pessoas com projetos em que os estudos a farão ser um ser humano mais valioso aprendem mais.

Parece que Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg e outros famosos autodidatas que preferiram a própria metodologia à academia abriram portas para jovens que tomam as rédeas da própria educação.

Saiba mais: http://www.uncollege.org/


Logística: pesquisa aplicada é destaque na expertise de instituto de inovação na Bahia

Recém-inaugurado, o Instituto Senai de Inovação (ISI) em Logística, na Bahia, foi destaque no recente Fórum Nordeste Logística, promoção da ADVB-BA.

Instalado no Senai Cimatec, em Piatã, o ISI tem capacidade para atender à indústria com serviços, capacitação de pessoal e pesquisa aplicada, serviços apresentados na última quinta (21/8), pelo consultor do Núcleo Estratégico do Senai-BA, Leonardo Sanches.

Cimatec também sedia os ISIs de Automação e Conformação Mecânica e o de União de Materiais
(foto Divulgação)

Com área de aproximadamente 2 mil metros quadrados, o novo ISI atende prioritariamente os segmentos estratégicos de óleo & gás, mobilidade, energia, eletroeletrônicos, mineração, metalmecânico, alimentos e comunicações, com competências em áreas como cadeia de suprimentos; planejamento de redes; modelagem e simulação de sistemas produtivos e logísticos complexos; lean manufacturin; logística verde; sistemas integrados de gestão; estudo de gargalos produtivos; e simulação de equipamentos móveis industriais.

De acordo com Sanches, o núcleo tecnológico está desenvolvendo quatro projetos no âmbito da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), um deles visa automatizar todas as operações de um porto. “Como trabalhamos com todos os softwares de simulação computacional e uma equipe especializada, podemos oferecer diversos tipos de soluções em logística”, disse.

O consultor do NES do Senai-BA também falou sobre a estreita relação entre logística e mobilidade urbana, mais uma vez destacando a importância de estudos e simulações computacionais como ferramentas fundamentais de planejamento. “Com os problemas de trânsito que as grandes cidades enfrentam hoje, não se pode mais trabalhar com tentativa e erro”.

Com 12 anos de funcionamento, a Área Tecnológica de Gestão & Logística do Senai-BA ainda oferece três cursos de graduação tecnológica: Logística, Gestão da Produção Industrial e Processos Gerenciais, além do MBA Executivo em Logística e Gestão da Produção.

domingo, 24 de agosto de 2014

Dica de livro: Senai-SP Editora lança publicação sobre nanociência e nanotecnologia

No primeiro dia da Bienal do Livro de São Paulo (22 a 31 de agosto de 2014, no Anhembi), a Senai-SP Editora lançou a obra Introdução a Nanociência e a Nanotecnologia.


Elaborado por profissionais do Sesi-SP e do Senai-SP, a publicação reúne textos teóricos, exercícios e experiências práticas nas áreas da física, química e biologia.

A obra está sendo vendida com 50% de desconto na Bienal (Foto Tâmna Waqued/Fiesp)

O livro foi feito para apoiar as atividades dos alunos do ensino médio do Sesi-SP e dos técnicos em formação pelo Senai-SP, que têm acesso ao Programa Sesi Senai de Educação em Nanociência e Nanotecnologia, mas pode interessar a qualquer pessoa.

“Estamos democratizando os conhecimentos dessa área com alunos de outras escolas e com toda a sociedade. E a proposta é essa: motivar e incentivar as pessoas a descobrir mais sobre a nanotecnologia”, afirma o gerente de inovação e tecnologia do Senai-SP, Osvaldo Lahoz Maia.

De acordo com Maia, que participou da produção de conteúdo do livro, a nanotecnologia é uma ciência transversal, que já tem aplicação práticas em várias áreas da nossa vida e aumenta seu alcance a cada dia.

“O primeiro enfoque do programa do Sesi-SP e do Senai-SP é fazer uma imersão e alfabetização dos alunos no tema. Mas há também o objetivo de preparar técnicos para o mercado mundial de nanotecnologia, que é crescente. Áreas como cosméticos, farmácia e alimentação já têm influência da nanotecnologia.”

Durante toda a Bienal do Livro, que vai até o dia 31 de agosto, o livro “Introdução a Nanociência e a Nanotecnologia” é uma das publicações da Senai-SP Editora que estará sendo vendido com 50% de desconto.

Unidade móvel
Além do estande das editoras, o Sesi-SP e o Senai-SP também levaram ao Anhembi uma unidade móvel de Nanociência e Nanotecnologia. Em uma visita ao espaço, pode-se saber mais sobre as aplicações práticas dessas ciências, com a ajuda de monitores.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Frase de Hoje: Ariano Suassuna



"O problema fundamental, antes da Educação, é a fome"


Em entrevista concedida em 2007 à Carta na Escola, Suassuna fala de livros lidos e escritos, de professores marcantes e dos conflitos entre o Brasil real e o oficial. Clique aqui para ler a entrevista

A Educação que resolve: hora de ficar na escola

Por Itamar Melo, para a Zero Hora*

Como muitos alunos do ensino público, Gabrielle Mendes Ferreira, 14 anos, chegou pouco antes das 8h de quinta-feira à escola. Como poucos, veio preparada para uma jornada que se estenderia até o fim da tarde. A garota da Ilha da Pintada frenquenta o 8º ano em um dos primeiro estabelecimentos a adotar a Educação em tempo integral como decorrência de uma lei estadual sancionada no começo deste ano, que obriga o Rio Grande do Sul a implantar o modelo em metade dos colégios de Ensino Fundamental.

O dia de Gabrielle na Escola Estadual Maria José Mabilde teve inicio com dois períodos de informática. Após o lanche no refeitório, vieram mais duas horas de matemática. Do meio-dia às 13h, ela fez intervalo para o almoço, feito na escola. A tarde começou com Educação física e inglês. Às 15h20min, foi ao laboratório para a aula de química. Foi a sua preferida.

“Estudamos os rins”, justificou Gabrielle.

A jornada de Gabrielle na escola (Fotos Zero Hora) 

Às 17h, ela colocou um casaco, abriu o garda-chuva e foi para casa, depois de nove horas de colégio. A mãe, Rosângela Mendes, 33 anos, está satisfeita com a nova rotina:

“Se ela ficasse em casa, ficaria vendo TV ou fazendo outra coisa que não fosse estudar. Na escola, não é reforço, é aula mesmo.”

A tendência é de que jornadas como a de Gabrielle virem rotina em todo o Brasil. O novo Plano Nacional de Educação estabeleceu metas para a ampliação do ensino em tempo integral ao longo de toda a Educação Básica, enquanto a rede privada se mobiliza para oferecer cargas de aula cada vez mais altas.

Em 26 de junho, enquanto a grande preocupação dos brasileiros era a partida contra o Chile pelas oitavas de final da Copa, um fato de relevância muito maior passou despercebido de quase todo mundo. Na edição daquele dia, o Diário Oficial da União publicou a sanção, pela presidente Dilma Rousseff, do novo Plano Nacional de Educação (PNE).

O documento estabelece que até 2024 metade das escolas públicas do país deve garantir ensino em tempo integral. Em 10 anos, 25% dos estudantes terão de passar pelo menos sete horas por dia em sala de aula.

Levando em consideração os números de hoje, isso significaria oferecer a modalidade em mais de 75 mil escolas, abrangendo 10 milhões de alunos. O Ministério da Educação conta com a ajuda dos royalties do petróleo para elevar de 6,4% para 10% a proporção do PIB investido no ensino, outra meta do PNE, de forma a dispor de recursos para disseminar o tempo integral.

— Nenhum país do mundo chegou a se transformar em uma nação desenvolvida sem que as crianças tenham dois turnos na escola — defendeu Dilma.

No Rio Grande do Sul, onde funcionam 7,5 mil escolas públicas, o PNE é reforçado por uma lei em vigor desde janeiro, que determinou a oferta de Educação integral em 50% dos estabelecimentos estaduais de Ensino Fundamental, no prazo de 10 anos. A Secretaria Estadual da Educação (SEC) começou a implantação neste ano. Já há 12.375 alunos da rede que passam cerca de oito horas por dia na escola, em 51 colégios espalhados por 38 cidades.

Uma das principais preocupações dos educadores é que, ao ampliar a carga horária, os sistemas de ensino se limitem a oferecer, no tempo extra, oficinas, atividades artísticas ou modalidades esportivas que estejam descoladas do currículo normal. A ideia é evitar o modelo assistencial, no qual o aluno fica na escola apenas para não estar na rua, e também o sistema de turno integral de colégios privados, em que os pais podem pagar um valor extra para que as crianças permaneçam durante o contraturno, muitas vezes em atividades recreativas.

— O tempo integral é uma necessidade. Mas existe um risco imenso. O PNE só fala em aumentar as horas, mas Educação integral não é ocupar o tempo das crianças. É preciso fazer uma transformação que coloque o turno e o contraturno em um  mesmo projeto pedagógico — afirma Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Referência em Educação Integral.

A diretoria-adjunta do departamento pedagógico da SEC, Rosa Mosna, afirma que essa preocupação é levada em conta no modelo em implantação no Estado. Foi desenvolvida uma proposta pedagógica específica, em que as disciplinas já existentes nas escolas de um turno só são mantidas, com a mesma carga horária, e atividades curriculares novas, obrigatórias ou eletivas, são adicionadas.

Além de português, matemática e história, os alunos têm agora aulas de iniciação à pesquisa, direitos humanos, leitura e produção textual. A orientação é que as escolas mesclem as disciplinas antigas e as novas ao longo do dia, para que os estudantes consigam enxergar que se trata de um todo.

— Muitos alunos acham que a escola tradicional é chata. Não dá para simplesmente dobrar as horas de matemática, de português. Ninguém merece. Procuramos organizar atividades novas, em que se trabalha por meio da pesquisa, de forma mais flexível, leve e lúdica, mas que também se relacionam com os conhecimentos de matemática e de português — diz Rosa Mosna.

Desafio para todos na Ilha da Pintada
Uma das escolhidas para implantar o tempo integral, a Escola Maria José Mabilde, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, deve fechar 2014 com 1.600 horas de aula — o dobro do exigido por lei. Os 178 alunos chegam às 8h e permanecem até às 17h. Têm à disposição café da manhã, almoço e dois lanches. O processo ainda é de adaptação, com alguns percalços. A diretora, Jurema Garzella, diz que só em agosto o novo currículo será adotado de forma completa.

Para dar conta da duplicação das horas de ensino, os 19 professores em atuação no ano passado revelaram-se insuficientes. Cinco deles tiveram a carga horária dobrada e alguns docentes que atuavam fora de sala de aula assumiram disciplinas. A SEC enviou oito novos profissionais, cinco deles na semana passada, mas ainda falta um. Algumas classes foram instaladas em uma área coberta do pátio, para driblar a escassez de salas.

— É um desafio, porque temos de elaborar uma identidade nova para a escola. Os professores sabem trabalhar, mas ainda estão se acostumando com o integral. Não digo que ocorrem bate-bocas, mas eles têm de fazer o planejamento integrado, e a tendência é cada um achar que seu jeito é o certo. Mas está havendo uma troca de experiência muito rica, e a gente vê um dizendo para o outro: é, você tinha razão — conta a diretora.

A escola da Ilha da Pintada foi escolhida porque já tinha uma experiência de tempo ampliado, por meio do programa federal Mais Educação, que garantia a presença de oficineiros. Essa oportunidade entusiasmou a aluna de 8º ano Camila Machado, de 13 anos.

Em 2013, quando teve de mudar-se para Guaíba por causa do trabalho da mãe, a estudante não se adaptou ao novo colégio. Insistiu tanto que a família voltou a residir na Ilha da Pintada. Durante um tempo, a mãe, Daise da Silva Machado, 34 anos, conformou-se em viajar todos os dias a Guaíba para que a filha estudasse no colégio:

— O sacrifício valia a pena. O turno integral favorece em todos os sentidos. O ensino é melhor e dá mais tranquilidade para a gente, que vai trabalhar sabendo que o filho está aproveitando bem o tempo.

Camila conta que às vezes tem de estudar no almoço ou no recreio, por causa do horário apertado.

— É puxado, é aula mesmo, o dia inteiro. Acho que vai ser uma coisa muito boa para o meu futuro — prevê.

Das 51 escolas a seguir o novo modelo, 29 já tinham, pelo menos em alguma medida, o tempo integral, uma herança de projetos antigos. Outras 22 foram incorporadas, de acordo com a estrutura e a aceitação da comunidade. A SEC ainda não fez os cálculos, mas estima que uma escola no novo modelo custe 75% a mais. O ritmo de implantação ainda está em estudo.

— Não basta um canetaço. Nossa estrutura não é como a de países que já pensaram a escola para o tempo integral. Nós concebemos uma escola pela metade — diz Rosa Mosna.

*Clique aqui para ver a série de matérias da Zero Hoje sobre o Plano Nacional de Educação e a escola de tempo integral.



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