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terça-feira, 23 de outubro de 2012
Resgate de valores morais é fundamental no trabalho pedagógico nas escolas, diz especialista
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Ideias para a Educação 3: Professora usa CD de Maria Bethânia para ensinar história
A música está presente na vida de todos. Na adolescência, ela passa a ter uma importância maior ainda. Com essas observações, a Professora Vânia Aparecida Silva Corrêa Pinto resolveu fisgar seus alunos pelo ouvido. A tarefa não foi simples, mas rendeu bons frutos, como o Prêmio Professores do Brasil.
O projeto Brasileirinho começou em 2005, quando a Professora de história e filosofia no Colégio Estadual Vicente Jannuzzi, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, propôs estudar na escola as raízes populares da cultura brasileira. “Percebi no aluno um desinteresse muito grande com relação ao universo da leitura, à cultura popular brasileira. Eu sentia que o aluno não percebia a cultura, a escola, a Educação, a leitura como um valor.”
Então, Vânia propôs criar uma estratégia que pudesse agregar o valor da leitura à família e à escola como um todo. O repertório escolhido foi o de Maria Bethânia. “No CD Brasileirinho, que ela estava lançando em 2005, era um convite para você conhecer o Brasil multicultural. É o Brasil do índio, do negro, do mulato, do branco. E ali eu tinha tudo pra trabalhar desde o descobrimento do Brasil, o espanto que o índio sente ao encontrar os portugueses, depois ela passa pelo povo africano, navio negreiro, Castro Alves e tudo mais, até chegar aos dias atuais.”
Apesar de produção da cantora baiana não ter como foco o público adolescente, a professora afirma que só o fato de chegar com um aparelho de som e dizer que vai ter música na aula o aluno já se interessa. A partir daí, o projeto ganhou desdobramentos que passaram pela produção teatral, de dança, pintura, música e literatura. “Cada ano tem uma nuance, no ano passado teve um enfoque muito grande na literatura, fizemos um sarau musical na escola. Esse ano homenageamos Jorge Amado, que faria 100 anos, e Caetano Veloso, que fez 70. O trabalho deles dialoga entre si. Fizemos [também] mostra de cultura africana.”
O projeto de Vânia ocorre na sala de aula, em paralelo aos conteúdos da disciplina e, esporadicamente, ocorrem atividades no turno contrário, como passeios, shows e eventos. “Levamos um livro com a nossa produção para a Academia Brasileira de Letras e fizemos uma visita guiada com o presidente”, lembra a professora.
De acordo com ela, é preciso trabalhar da melhor forma possível para fazer a diferença na vida do aluno. “O que me motiva é justamente o movimento, a ação, porque senão a gente fica naquela coisa de samba de uma nota só. Particularmente, [como] estou na escola todos os dias, tenho que estar em um lugar que me traga emoção, que me traga alegria, que me traga felicidade.”
E a música foi um instrumento que canalizou a mudança. “Consegui quebrar com isso a rigidez dos currículos, porque os currículos são rígidos, os livros estão ali, a gente tem que cumprir aquele currículo, então porque não cumprir de uma forma mais lúdica, mais prazerosa? Então eu pensei nisso aí. E o aluno gosta.”
Para a professora Vânia, a educação é um investimento de longo prazo. “O que desanima são as políticas públicas, que ainda não perceberam a educação como a grande base para o Brasil melhorar, o Brasil prosperar. Acho que isso é cultural”, explicou.
Fonte Agência Brasil
Ideias para a Educação 1: educadores vencem dificuldades e transformam processo de ensino
De calça vermelha, tênis preto de cadarços também
vermelhos e camisa xadrez, o Professor Wagner Júnior chama a atenção pelo
visual despojado. Ele dava aulas de história geral em escolas públicas do
Distrito Federal (DF) e ajudou a mudar a história de seus alunos. Com muitas ideias,
conseguiu uma câmera e passou a desenvolver projetos de educação usando
ferramentas da comunicação.
Um deles é o Programa Parabólica, que funciona no
Centro de Ensino Médio 1 (CEM 1) de Sobradinho, cidade do DF. As produções, que
abordam temas ligados à juventude, como Educação, drogas, saúde e sistema de
cotas em universidades, são exibidas na internet ou transmitidas pela TV Cidade
Livre, de Brasília, parceira do projeto. As pautas são discutidas semanalmente
por um grupo de alunos e ex-alunos da escola, que se reúne no local onde antes
funcionava um depósito da unidade. Hoje, o pequeno cômodo, chamado de QG, sigla
de quartel-general, tem porta grafitada, pufes coloridos e o entra e sai de
quem está sempre em atividade.
São histórias assim, de educadores que vencem as
dificuldades do dia a dia e transformam o processo de ensino em uma experiência
democrática, criativa e bem-sucedida que a Agência Brasil conta hoje (15/10/2012),
no Dia do Professor.
Com o entusiasmo típico dos jovens, Wagner Júnior
diz que decidiu trocar as salas de aula tradicionais, com mesas, cadeiras e
quadro-negro, por ambientes menos formais e mais coloridos após perceber que o
conteúdo de suas lições não despertava o interesse dos alunos. A inquietação
diante do que via levou o Professor a projetar nova prática pedagógica.
“Me angustiava muito ver que os alunos não se
interessavam tanto pelo conteúdo das minhas aulas. Por outro lado, percebia que
eles queriam estar conectados, estavam muito ligados às redes e mídias
digitais. Decidi, então, fazer delas minhas aliadas”.
Ele acredita que o educador precisa renovar o
fôlego para superar a falta de estrutura e os salários que “não estão à altura
da importância da atividade”. Com mais de 20 anos de profissão, Wagner Júnior
diz que a maior recompensa é ver os jovens tomando consciência de quem são e
posicionando-se de forma intelectualmente autônoma diante de sua realidade.
“O educador é pouco valorizado pela lógica
capitalista, do ponto de vista do rendimento financeiro, mas é muito valorizado
pela lógica humana. A escola é lugar de se fazer amigos e é isso que mais ganho
aqui”, acrescenta.
Ângelo Palhano, 19 anos, fugia das aulas de
história do Professor Wagner Júnior. Hoje, mesmo depois de ter concluído o
ensino médio, volta ao CEM 1 de Sobradinho, pelo menos uma vez por semana para
participar das reuniões de pauta do Parabólica.
“Com ele, aprendemos a nos conscientizar
historicamente, a perceber quem somos. Nas aulas tradicionais, muitas vezes, o
aluno fica angustiado porque o saber dele é ignorado. Aqui não, a gente pensa,
a gente produz”, diz o jovem, aluno de filosofia na Universidade de Brasília e
que, em poucos anos, deve seguir a mesma profissão de Júnior.
A paixão pelo ensino e a vontade de mudar a vida
dos alunos também são as características mais evidentes na equipe pedagógica da
Escola Classe Córrego das Corujas, na zona rural de Ceilândia, outra cidade do
DF. Rosemar Barbosa, 48 anos, é uma das três professoras que trabalham na
unidade. Para chegar à escola, ela leva, diariamente, 40 minutos e enfrenta 6
quilômetros de estrada de terra, mas diz que não “quer sair dali por nada”.
“Já trabalhei em escolas que ficavam a dez minutos
da minha casa, mas sou apaixonada pelo trabalho que a gente faz aqui, com
impacto direto não apenas no processo de aprendizagem do aluno, mas também na
vida das famílias da comunidade”, diz. Para ela, a estrutura simples e os
recursos limitados não desestimulam o trabalho de quem quer fazer a diferença.
“Não temos muitos recursos aqui, mas aproveitamos
o que está disponível e provamos que é possível mudar. Ver o crescimento dessas
crianças e o sorriso no rosto delas renova o nosso ânimo”, acrescenta.
De acordo com a diretora da escola, Suélia Gomes,
foi essa dedicação à arte de ensinar, somada à integração entre as
profissionais que levaram a escola a ser reconhecida como exemplo de
sustentabilidade. Este ano, o projeto Saber Viver: Uma Escola Sustentável foi
premiado durante o Circuito de Ciências de Taguatinga, promovido pela
Secretaria de Educação do DF.
“Por meio do projeto, incentivamos os alunos a
trazer material reciclável que virava lixo e acabava sujando a própria
comunidade. Com isso, construímos vários objetos de lazer aqui na escola e
conscientizamos as famílias sobre a importância do descarte responsável e do
reaproveitamento de materiais”, explica.
Como resultado do projeto, os alunos construíram,
com a ajuda dos professores, uma casinha de bonecas usando caixas de leite,
além de mesas e cadeiras feitas com madeira de caixotes reaproveitada. As
brincadeiras também foram incrementadas com castelos de princesas construídas
com latas de leite em pó, flores de rolo de papel higiênico e super-heróis de
garrafas PET.
Rakeu Santos, 9 anos, é aluna do terceiro ano do
ensino médio e percebe a paixão das professoras pelo que fazem. Com sorriso no
rosto, diz que tem orgulho de estudar em uma escola “tão legal”.
“Eu gosto muito de estudar aqui, sempre digo em
casa que nunca quero sair desta escola. Aqui a gente aprende muitas coisas,
como cuidar da natureza e reciclar”, diz a menina.
Fonte Agência
Brasil
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