Por que será que os jovens passam tantas horas tentando vencer as
fases de um game – e adoram? Parece mágica, mas não é. São apenas alguns
truques usados pelos criadores de games para fazer com que eles sejam tão
viciantes ao ponto que as pessoas não querem parar de jogá-los.
A boa notícia é
que esses truques podem ser uados em sala de aula e nem é preciso ter muita
tecnologia à disposição. Basta, para isso, criar uma atmosfera de jogo em sala
de aula: estimular os alunos errar e escolher seus próprios caminhos.
Confira, a seguir, cinco dicas dos criadores de games que podem ser
usados para deixar os alunos viciados em aprender:
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Crédito ayelet_keshet / Fotolia.com |
1 Criar eventos virtuais fora da escola
Faça sua aula ser um evento. Jogos como o FarmVille
ou o Animal Crossing
têm eventos acontecendo o tempo todo, mesmo que os jogadores não estejam
on-line. Suas plantações precisam ser cultivadas e alguns dons especiais são entregues
àqueles, por exemplo, que jogarem no dia do seu aniversário.
Nas escolas, por que o aprendizado não pode continuar quando o aluno
vai para casa? Professores que conseguem mesclar conteúdo on-line e off-line
fazem com que o processo de aprendizado seja mais dinâmico e continue para além
do horário escolar. Um exemplo de atividade que o professor pode desenvolver
fora da sala de aula é a marcação de eventos virtuais – com nome, data e
horário –, em que os alunos assistem a alguns vídeos para discutir, ao vivo,
com o professor, por meio de softwares de chamada, como o Skype ou o hangout,do Google+.
2 Medir ao longo do processo
Em alguns jogos, como o Angry Birds, os jogadores devem falhar muitas
vezes antes de ter sucesso. Na sala de aula, tente fornecer maneiras para que
os alunos cometam vários pequenos erros, em vez de impor grandes testes ou
exames. Um jeito de fazer isso é por meio de ferramentas on-line, como o
Socrative, para verificar a compreensão dos alunos durante uma unidade, ou
durante cada aula. Ofereça aos alunos maneiras de dar e receber feedback.
O educador pode criar projetos que incentivem os alunos a fazer
protótipos para, em seguida, dar um feedback construtivo sobre todas as fases
do processo de desenvolvimento. É importante que o professor não espere o
trabalho ser concluído para dar sua opinião, mas que guie todo o processo,
identificando os acertos, os erros e indicando o melhor caminho a seguir.
3 Criar diversos caminhos para alcançar o mesmo objetivo
Os primeiros jogos que surgiram só ofereciam uma maneira de vencer. O
jogador precisava cumprir uma série de objetivos pré-determinados em uma
determinada ordem: correr até a rampa para encontrar a chave que abrisse a
porta para vencer o dragão. Se ficasse preso em algum momento, não poderia
terminar o jogo. Já os jogos mais modernos, como o Mario 64 e a franquia GTA
(Grand Theft Auto), proporcionam ambientes cheios de missões para completar e
lugares para explorar, na ordem que cada jogador deseja. Ou seja, o final do
jogo será sempre o mesmo, mas cada um pode escolher seu caminho para chegar até
ele.
O educador precisa encontrar esse mesmo tipo de flexibilidade em seu
próprio currículo. Na escola, as disciplinas seguem um programa conjunto que
vai, ao final de cada ciclo, aprovar o aluno com base em sua progressão por
meio de um conjunto linear de objetivos, como faziam os jogos velhos. Mas, em
sala de aula, o educador precisa ser mais criativo ao construir esses caminhos.
Em vez de oferecer uma “missão principal”, guie os alunos para um mesmo
objetivo, proporcionar muitas “minimissões”, que permitem que os alunos
investiguem ainda mais e, consequentemente, se aprofundem mais no conteúdo da
disciplina.
4 Reconhecer o progresso
Os criadores de jogos sabem que os jogadores têm mais probabilidade de
desistir nos primeiros minutos de um jogo. Se eles não são “viciados” na
primeira oportunidade, há uma boa chance de ele sair e não voltar nunca mais. É
por isso que a maioria dos jogos modernos começam com desafios mais simples.
Isso permite aos jogadores construir novas habilidades de que vai precisar ao
longo do jogo.
O mesmo pode acontecer com cada aluno nos níveis iniciais de seu
curso. Tente oferecer um feedback positivo para a realização de cada uma das
tarefas simples que, com o decorrer do tempo, vão ficar mais difíceis. Assim,
os estudantes não se assustam e ficam gradativamente mais cativados pela
proposta.
5 Propor atividades que façam sentido para os alunos
Alguns dos jogos mais bem sucedidos de todos os tempos, como
Civilization e Minecraft, permitem que os jogadores definam seus próprios
objetivos e são livres para expressar sua criatividade no processo de
construção de uma missão difícil.
Da mesma forma, o professor deve encontre maneiras de envolver os
alunos em iniciativas que façam sentido para ele e sua comunidade. O professor
pode, por exemplo, propor uma economia de sala de aula que funcione com moeda
projetada pelas próprias crianças ou organizar um projeto na comunidade para
beneficiar instituições locais.
Dadas as cinco dicas, vale dizer que as crianças não precisam jogar
games reais em sala de aula para se beneficiar da dinâmica do jogo. O professor
também não precisa conhecer videogames para desenvolver um currículo
estimulante e envolvente como os jogos. Antes de tudo, é importante criar um
ambiente estimulante, criativo e, é claro, divertido.
Fonte Porvir