Opção por energia renovável também trouxe problemas à Alemanha
Considerada modelo devido à sua preocupação ambiental, Alemanha enfrenta
hoje consequências da opção por energia renovável. Embora a produção seja alta,
faltam redes de distribuição e locais para armazenar energia.
O sucesso às vezes pode se transformar em problema. Assim aconteceu
com a questão energética na Alemanha. Até o ano de 2050, 80% do abastecimento
do país deverá se dar através de energias renováveis. A decisão foi
impulsionada pela catástrofe nuclear na japonesa Fukushima, em 2011. Naquele
momento, os partidos no governo resolveram modificar sua política energética,
decidindo-se pelo abandono completo da energia nuclear.
Desde então há um consenso entre os partidos políticos do país e
também uma decisão do Parlamento a respeito: o mais tardar em 2022, não será
mais produzida energia atômica na Alemanha. Para abastecer a demanda interna, a
energia deverá vir do vento e de instalações fotovoltaicas, substituindo cada
vez mais o carvão e o gás, nocivos ao ambiente.
A Alemanha já começou cedo, no ano 2000, a usar energias renováveis e
incentivar sua produção. A Lei das Energias Renováveis garante desde então
incentivos para os produtores de energias eólica, solar e de outras formas não
nocivas ao meio ambiente – não importando se o produtor é uma grande empresa ou
pessoa física. Isso gerou um verdadeiro boom de produção de energias
renováveis. Em 13 anos, o percentual de energia produzida no país com fontes
renováveis aumentou de 6% para 25%.
Altos preços da energia elétrica
O incentivo financeiro para a produção de energias renováveis não é
pago pelo Estado, mas por cada cidadão através de sua conta mensal de energia.
Para o consumidor alemão, o preço da energia aumentou consideravelmente nos
últimos anos. Uma situação que gera, inclusive, discussões na campanha
eleitoral.
Os grandes problemas hoje são a falta de redes de transporte da
energia para o interior do país e de locais onde esta energia possa ser
armazenada. De que adianta inaugurar enormes campos off shore no litoral norte,
se não há como transportar esta energia até o consumidor, questionam-se os
alemães. Por outro lado, os benefícios do governo às grandes consumidoras de
energia provoca críticas.
Mobilidade e calefação: relegados a segundo plano
A mudança da política energética diz respeito também à emissão de
poluentes, seja no trânsito ou na calefação doméstica. A euforia inicial sobre
o uso de biodiesel parece ter passado, devido às críticas de que não se deve
ampliar as áreas para plantar matérias primas em detrimento da produção de
alimentos.
Também o boom dos carros elétricos dos anos 2009 e 2010 parece ter
sido fogo de palha. A meta de ter em circulação um milhão de veículos elétricos
até 2020 por enquanto é inalcançável. O problema é a falta de tecnologia para
garantir que estes veículos rodem mais de 100 quilômetros sem recarregar as
baterias.