A energia solar vai abastecer parte da demanda do campus da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, zona norte do
Rio. A instalação de painéis solares na área dos estacionamentos e na cobertura
do hospital pediátrico poderá gerar até 200 quilowatts de energia, que será
aproveitada nas instalações universitárias e também injetada na rede da companhia
distribuidora Light. A montagem dos painéis começa nos próximos meses e a
expectativa é que a produção de energia começará no início de 2014.
Uma das aplicações será destinada a abastecer frota de carrinhos
elétricos utilizada para transporte dentro do campus. Na cobertura do hospital
pediátrico, também haverá painéis com a finalidade de gerar energia e de
aquecer a água utilizada dentro da unidade.
O recurso virá do Fundo Verde,
criado pela UFRJ a partir da renúncia fiscal do governo estadual, que deixará
de cobrar ICMS da conta de luz da universidade, um total de R$ 7 milhões por
ano, segundo explicou o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. No total,
a universidade gasta R$ 25 milhões em luz por ano.
“O Rio criou um fundo sustentável verde para a UFRJ. Nós abrimos mão
de R$ 7 milhões por ano do ICMS cobrado em cima da energia. Criou-se um
conselho e projetos são aprovados. A UFRJ vai se converter em uma pequena
geradora de energia”, disse Minc. O secretário, que foi ministro do Meio Ambiente
no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita que o uso da
energia solar terá a mesma aceleração na matriz nacional que registrou a
energia eólica.
“Em breve, vai acontecer com a energia solar o que já aconteceu com a
eólica: um grande salto rumo à energia limpa e renovável. Como temos a energia
hidrelétrica barata, as pessoas achavam que a eólica nunca ia se popularizar
sem subsídio. Hoje a eólica é competitiva sem subsídio, porque o governo
retirou os impostos, garantiu leilão todo ano, simplificou o licenciamento e
criou vários estímulos. Na energia solar, vai acontecer a mesma coisa”,
declarou.
Minc explicou que em alguns casos o uso da energia solar já é
financeiramente viável, como em locais afastados, com poucos moradores, onde se
torna muito caro a instalação de postes e fios conectados à rede principal ou
de geradores a combustível fóssil.
A coordenação do projeto é do engenheiro eletrônico Edson Watanabe,
vice-diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de
Engenharia (Coppe). “O objetivo básico [dos painéis nos estacionamentos] é
fazer sombra, gerar energia elétrica na rede. Também é uma boa oportunidade de
dar visibilidade para aumentar o conhecimento sobre a energia solar e mudar a
forma como as pessoas encaram esse tipo de energia”, disse Watanabe.
O
engenheiro relatou que os painéis solares precisarão ser importados,
provavelmente da China. Outro equipamento vital para o projeto é o conversor,
que vai conectar a energia de corrente contínua na rede, com participação de
empresas nacionais na produção.
“É possível produzir os painéis aqui. Já visitei um laboratório no Sul
que tem tecnologia para fabricar. Acredito que é preciso uma política de
governo e a conscientização das pessoas, começando a usar mais a energia solar,
o que ajuda a baixar os custos”, disse o engenheiro. Watanabe explicou que as
placas solares são feitas em silício, material presente inclusive na areia e
muito abundante no Brasil.
“O desafio é o processamento, que ainda é caro e
gasta muita energia. Mas já estão sendo desenvolvidos outros tipos de
materiais, que gastam menos energia no processo. O problema não é tanto como
fazer, mas sim fazer barato”, explicou.
Fonte Agência Brasil