Para o trio Gabriel Leitão, Rafael Meggetto e
Fernando Carvalho, o design é muito mais que um objeto, um desenho ou uma
marca. É instrumento de transformação social. Ao lado dos vizinhos e parceiros
de trabalho do Prime, os sócios do Levante comandam a recém-inaugurada Casa Dez
iNove — com tanta inovação, seria mesmo difícil chamar de escritório —, em
Laranjeiras. Mas o trabalho vai muito além dos limites da construção de dois
andares.
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Meggetto, Leitão e Carvalho são sócios
do Levante
Design (Foto Pedro Teixeira/O Globo)
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— Essa imagem do designer enfurnado em uma sala,
desenhando sem parar, não existe mais. Ele precisa absorver e devolver coisas
para o mundo. O design precisa se contaminar com o que está em volta — acredita
Leitão.
Se o objetivo é provocar mudanças, o grupo acredita
que é preciso participar do processo de criação desde o início, e não apenas
executar uma ideia já formulada. Para isso, eles atacam em várias frentes:
fotografia, vídeo, pintura, grafite, ilustração e, claro, design.
— Nossa preocupação é envolver os usuários finais,
sejam eles clientes ou moradores de uma comunidade — acrescenta Leitão.
A parceria do grupo começou na PUC, quando se
conheceram num estágio dentro da universidade, coordenado pelo professor Luiz
César Tardin, já falecido. Os interesses comuns e a afinidade tornaram a
sociedade após a formatura um caminho natural.
Entre os trabalhos desenvolvidos
pela turma está o “Cama puerto”, mobiliário multifuncional destinado a pessoas
em lares de transição, como refugiados de guerra, por exemplo. O projeto
recebeu menção honrosa em um prêmio espanhol e ficou exposto no Museu de Artes
Decorativas, em Madri. Outro destaque é o “AdapTap”, sistema de orientação para
nadadores com deficiência visual, também premiado.
— Um bom projeto de design tem reverberação social
— afirma Carvalho, professor da PUC.
Inquietos e ligados nas transformações, claro que a
sustentabilidade não poderia ficar fora da lista de preocupações. O cartão de
visitas foi impresso a laser, moldando o papel com as informações, sem levar
tinta. Um exemplo de que o meio precisa estar conectado com a mensagem.
— O trabalho não é focado na mídia, mas no projeto.
O tipo de mídia é consequência — explica Meggetto.
*Reportagem
de Marco Grillo/O Globo