Existem recursos substanciais para pequenas e microempresas
e inovação. Existem organizações prontas a assessorar o setor em várias áreas,
Sebrae, CNpQ, Fapesp, Finep e Capes, entre outras.
A grande dificuldade consiste em preparar as
empresas para serem ajudadas. Há um enorme bloqueio mental do pequeno
empresário para se debruçar sobre as linhas de crédito, financiamento, o
assessoramento.
Daí a importância da experiência da Fipase
(Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde), uma fundação pública de direito
privado criado pela Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) responsável pelo APL
(Arranjo Produtivo Local) na área de equipamentos de saúde.
Conforme explicou seu diretor Willy de Goes, no
Seminário Brasilianas, a fundação convive com prefeitos de vários partidos, sem
solução de continuidade.
Hoje em dia o APL tem 69 empresas, com 2.500
empregos diretos e 80% de pequenos empreendimentos. Ribeirão é a quinta cidade
do Brasil em número de equipamentos de saúde, a primeira se for considerada a
relação per capita.
Dentre elas, existem empresas com potencial de
produção e desenvolvimento de produtos, um polo acadêmico responsável - em
torno das Faculdades de Medicina, Ciências Médicas da USP -, um centro
prestador de serviços de saúde.
O ambiente acadêmico ajuda bastante. Além dos
cursos tradicionais, a cidade tem 21 cursos de especialização, desde fisica
médica até nanotecnologiaem fármacos. Ribeirão responde por 4% das pesquisas
científicas nacionais na área de saúde.
Hoje em dia, a APL é a maior exportadora de
equipamentos odontológicos do país. Há também empresas especializadas em
produtos cirúrgicos, móveis hospitalares, peças, acessórios, equipamentos para
neonatal e consumo hospitalar. Nas novas áreas, destacam-se empresas de TI
(Tecnologia da Informação) para saúde, componentes para equipamentos e
biotecnologia para saúde.
Há dois perfis básicos de empresas. Parte delas
nasceu do desmembramento de empresas maiores. Ex-funcionários, com perfil
empreendedor, criaram suas próprias empresas com um padrão imitativo. São mais
resistentes a inovações.
O segundo grupo de empresas nasceu de pesquisas
desenvolvidas dentro da Universidade. O trabalho da Fipase consiste em trazer
cientistas do meio acadêmico para o empreendedorismo. São mais resistentes à gestão.
Há um grande trabalho de parceria
universidade-empresa-bolsas de pesquisa para derrubar a resistência desses
empreendedores.
O papel da Fipase é, conjuntamente com o Sebrae, o
da governança do APL e da articulação com os diversos órgãos de fomento. Foi
incumbida pela Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas) de implementar o
Programa Prime (apoio às empresas nascentes) para qualificar 100 empresas
incumbadas.
O grande desafio para a Fipase é a falta de
familiariedade com a gestão, por parte das empresas. Tempos atrás lançou o
Supera, incumbadora de empresas. Depois, um programa educacional, para
disseminar o comportamento empreendedor. Agora, é responsável pelo Parque
Tecnológico, criado recentemente, com o papel de gestora dos novos negócios.
Os problemas maiores são a resistência dos
empresários a práticas inovadoras; a dificuldade de adequar os produtos à
metrologia e aos regulamentos existentes; e as dificuldades do meio acadêmico
em negociar com investidores e setor privado.