sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pequenas e inovadoras: o exemplo do APL de Ribeirão Preto


Existem recursos substanciais para pequenas e microempresas e inovação. Existem organizações prontas a assessorar o setor em várias áreas, Sebrae, CNpQ, Fapesp, Finep e Capes, entre outras.

A grande dificuldade consiste em preparar as empresas para serem ajudadas. Há um enorme bloqueio mental do pequeno empresário para se debruçar sobre as linhas de crédito, financiamento, o assessoramento.

Daí a importância da experiência da Fipase (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde), uma fundação pública de direito privado criado pela Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) responsável pelo APL (Arranjo Produtivo Local) na área de equipamentos de saúde.

Conforme explicou seu diretor Willy de Goes, no Seminário Brasilianas, a fundação convive com prefeitos de vários partidos, sem solução de continuidade.

Hoje em dia o APL tem 69 empresas, com 2.500 empregos diretos e 80% de pequenos empreendimentos. Ribeirão é a quinta cidade do Brasil em número de equipamentos de saúde, a primeira se for considerada a relação per capita.

Dentre elas, existem empresas com potencial de produção e desenvolvimento de produtos, um polo acadêmico responsável - em torno das Faculdades de Medicina, Ciências Médicas da USP -, um centro prestador de serviços de saúde.

O ambiente acadêmico ajuda bastante. Além dos cursos tradicionais, a cidade tem 21 cursos de especialização, desde fisica médica até nanotecnologiaem fármacos. Ribeirão responde por 4% das pesquisas científicas nacionais na área de saúde.

Hoje em dia, a APL é a maior exportadora de equipamentos odontológicos do país. Há também empresas especializadas em produtos cirúrgicos, móveis hospitalares, peças, acessórios, equipamentos para neonatal e consumo hospitalar. Nas novas áreas, destacam-se empresas de TI (Tecnologia da Informação) para saúde, componentes para equipamentos e biotecnologia para saúde.

Há dois perfis básicos de empresas. Parte delas nasceu do desmembramento de empresas maiores. Ex-funcionários, com perfil empreendedor, criaram suas próprias empresas com um padrão imitativo. São mais resistentes a inovações.

O segundo grupo de empresas nasceu de pesquisas desenvolvidas dentro da Universidade. O trabalho da Fipase consiste em trazer cientistas do meio acadêmico para o empreendedorismo. São mais resistentes à gestão.

Há um grande trabalho de parceria universidade-empresa-bolsas de pesquisa para derrubar a resistência desses empreendedores.

O papel da Fipase é, conjuntamente com o Sebrae, o da governança do APL e da articulação com os diversos órgãos de fomento. Foi incumbida pela Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas) de implementar o Programa Prime (apoio às empresas nascentes) para qualificar 100 empresas incumbadas.

O grande desafio para a Fipase é a falta de familiariedade com a gestão, por parte das empresas. Tempos atrás lançou o Supera, incumbadora de empresas. Depois, um programa educacional, para disseminar o comportamento empreendedor. Agora, é responsável pelo Parque Tecnológico, criado recentemente, com o papel de gestora dos novos negócios.

Os problemas maiores são a resistência dos empresários a práticas inovadoras; a dificuldade de adequar os produtos à metrologia e aos regulamentos existentes; e as dificuldades do meio acadêmico em negociar com investidores e setor privado.



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