A pesquisa Melhora Comunidade, feita com moradores
da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, capital, mostra
que 59,2% dos entrevistados consideram que a comunidade ficou mais segura com a
chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em fevereiro de 2009,
enquanto 10,9% dizem que está do mesmo jeito e 8,3% que ficou menos segura.
Divulgada na sexta (26/10/2012), a pesquisa teve o
uso inovador de tecnologia aplicada à estatística e foi realizada pelo Centro
de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas
(FGV Direito Rio). O foco do estudo foram os jovens e as mudanças pelas quais a
comunidade passou com a chegada da UPP. Participaram da pesquisa 658 pessoas, o
correspondente a 1% da população local, entre março a junho de 2012.
A infraestrutura lidera entre as áreas que mais
precisam de melhorias, com 25,6%, seguida de Educação, com 16,7%, e saúde,
escolhida por 12% das pessoas. Em Educação, os moradores da Cidade de Deus
querem mais qualidade no ensino das escolas públicas, mais cursos técnicos,
mais professores e mais computadores ligados à internet dentro das escolas.
O coordenador do CTS/FGV, Ronaldo Lemos, explica
que o diferencial da proposta. “O principal ponto da pesquisa foi provar que é
possível usar a tecnologia para fazer pesquisa em ciências sociais. A pesquisa
inteira foi feita utilizando a internet, com uma metodologia científica muito
séria, muito bem feita, desenhada para conhecer a comunidade. Com isso a gente
prova que mesmo em lugares que enfrentam desafios como a exclusão digital é
possível usar essa presença para criar um canal que dê uma voz para a
comunidade e uma voz que represente de fato o que aquela comunidade pensa.”
Colaborador da pesquisa, o cineasta Rodrigo Felha,
morador da Cidade de Deus, diz que a pesquisa contribui para a comunidade se
sentir valorizada e participante ativa do processo de mudança. Uma das
estratégias da pesquisa foi utilizar pessoas conhecidas na comunidade para
chegar às pessoas e fazer parcerias com as entidades do local.
“A importância é a comunidade se sentir dona do
que está falando. A comunidade se viu ali importante, sendo consultada para opinar,
expor suas ideias e sugestões e essa confiabilidade que eu, que sou morador de
lá, junto com outras pessoas que trabalharam nesse projeto em campo, passaram
para essas pessoas, porque elas pensam: 'vai chegar em alguém, não é uma
pesquisa que vai ficar no papel'”.
Fonte Agência Brasil