A relação entre a exploração sexual infantojuvenil
na Copa do Mundo de Futebol e nas Olimpíadas está sendo discutida nesta terça (23/10/2012),
em Paris, no seminário A Exploração Sexual e os Grandes Eventos Esportivos.
Participam representantes de instituições do Terceiro Setor e dos governos
brasileiro e francês. Dentre eles, a ministra brasileira de Direitos Humanos,
Maria do Rosário; o presidente da ECPAT France, Xavier Emmanuelli; o presidente
da Fundação Scelles, Yves Charpenel; o diretor do Escritório de Organização
Internacional do Trabalho na França, Jean-François Trogrlic; e o presidente do
Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli. O evento é promovido pelo Conselho do
Sesi em parceria com a Fundação Scelles e a rede ECPAT (sigla do inglês End
Child Prostitution And Trafficking– Fim da Prostituição e Tráfico de Crianças).
O objetivo é alertar as autoridades francesas e
brasileiras, profissionais de turismo, sindicatos e organizações não governamentais,
sobre os riscos do aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes, em
função do fluxo turístico que será gerado durante a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016, no Brasil. A ideia é construir estratégias comuns de
prevenção.
Na pauta do evento a apresentação de diagnóstico
sobre as causas da exploração sexual no Brasil e dos fatores que levam os
estrangeiros a praticarem o chamado “turismo sexual” nos países em
desenvolvimento. Haverá ainda a apresentação de relatório sobre as
consequências econômicas do fenômeno para os países de origem e de destino.
As conclusões e os compromissos assumidos no seminário serão apresentados na manhã desta quarta (24/10), pela manhã, em encontro
com a imprensa e convidados. Em segui será lançada campanha de
conscientização contra o turismo sexual, que será veiculada na Europa, de 2013
até o término da Copa do Mundo de 2014, e replicada no Brasil pelo Sesi.
Estima-se que dois milhões de crianças se
prostituam no mundo, segundo relatório da Fundação Scelles. De acordo com a
pesquisa divulgada no início do ano, mais de 40 milhões de pessoas no mundo se
prostituem atualmente e a grande maioria (75%) são mulheres com idades entre 13
e 25 anos. A entidade analisou o fenômeno em 24 países e revela quase a metade
das vítimas de redes de tráfico humano são crianças e jovens com menos de 18
anos.
Para apoiar a luta contra o fenômeno no Brasil, o
Conselho Nacional do SESI criou em 2008 o projeto ViraVida. Por meio do
programa, jovens de 16 a 21 anos que sofreram abuso ou exploração sexual
recebem capacitação profissional, atendimento psicossocial, educação básica e
inserção no mercado de trabalho. O projeto é desenvolvido em parceria com o
Sistema S em 16 estados e está em fase de implementação mais quatro.
A Rede ECPAT é uma coalizão internacional de
organizações da sociedade civil que trabalham pelo fim da exploração sexual de
crianças e adolescentes, compreendendo quatro dimensões: prostituição,
pornografia, tráfico e turismo sexual. A rede existe desde 1990 e, atualmente,
está presente em 85 países.
A Fundação Scelles, é uma entidade da sociedade
civil criada em 1993, que também luta contra a prostituição, o tráfico de seres
humanos, o turismo sexual e a pornografia infantil. A fundação promove debates,
ações de conscientização e prevenção da exploração sexual.