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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

“O branco não precisa responder pela sua raça”

Lia Schucman aponta os privilégios simbólicos e materiais dos brancos na sociedade brasileira

Thais Paiva (13/8/2015) Carta Educação


Psicóloga buscou analisar construções acerca da ideia de raça em São Paulo

O que significa ser branco em nossa cultura? Doutora em Psicologia Social pela USP, Lia Vainer Schucman buscou analisar esta e outras construções acerca da ideia de raça na cidade de São Paulo. Em entrevista a Carta Educação, a pesquisadora falou sobre sua tese de doutorado – transformada em livro – “Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana”, apontando os privilégios simbólicos e materiais dos brancos e os possíveis caminhos para uma sociedade menos racista.

Carta Educação: Qual foi o objeto de análise da sua pesquisa?
Lia Vainer Schucman: Tentei olhar para uma coisa que raramente se olha: quais são os privilégios que o branco tem com o racismo. Porque, geralmente, os estudos sobre raça olham para o negro ou para o indígena. Como se eles fossem o outro e o branco não tivesse raça. Então a ideia era olhar para o branco e entender quais eram as características dessa identidade racial. A raça é uma construção social do século XIX e que tem um princípio básico: a ideia de que o fenótipo de alguém vai ter uma integridade moral, intelectual, psíquica e estética. Então eu pequei essa construção e fui ver como ela funciona para os brancos. Entrevistei quase 40 brancos de todas as classes sociais, de mendigo a fazendeiros de café, e percebi que essa ideia racial ainda faz efeito. Há uma ideia de que o branco, o que vem da Europa, é mais civilizado, enquanto o negro é mais primitivo. Isso permeia vários discursos. O dos instrumentos musicais, por exemplo. Eles dizem que o violino [instrumento europeu] é mais complexo, sofisticado do que os instrumentos da cultura negra. Então há essa ideia de que o fenótipo branco representa uma civilização superior.

CE: E o que descobriu sobre os privilégios do branco?
LVS: Uma das características mais marcantes da branquitude é que o sujeito branco tem uma ideia de que ele é normal. Ou seja, ele é a norma e o outro, diferente. Logo, o branco já tem, de partida, um privilégio muito grande: ele não carrega sua raça. Se ele roubar, vão falar ‘aquele homem, o João, roubou a loja’. Nunca será ‘os brancos’ roubaram a loja. Enquanto que em outros grupos racionalizados – índios, negros, etc. –, o indivíduo sempre carrega um grupo. O branco não precisa responder pela sua raça. Ninguém pergunta para uma pessoa só porque ela é branca o que acha do Bush, mas pergunta para um negro só porque é negro o que acha do Obama.

CE: Em seu trabalho, você fala em letramento racial. O que seria?
LVS: É o que cada um de nós brancos podemos fazer para responder ao racismo. Então é um conjunto de práticas, uma forma de perceber e responder as tensões das hierarquias raciais da estrutura social. Uma dessas coisas seria o branco reconhecer que ele tem privilégios. Porque, por muito tempo, brancos antirracistas lutaram pela igualdade e se reconheceram como iguais, mas isso não ajudou a acabar com o racismo. Oura coisa é reconhecer o racismo como um problema social atual e não somente como um legado histórico. Ou seja, reconhecer que todo dia a gente legitima o racismo quando atravessa a rua quando vê um negro, quando contrata um branco em detrimento de um negro, quando tem preterimento de uma raça por outra nas relações afetivas. Tem que reconhecer essa hierarquia, nem tudo é mérito, tem muito privilégio. E, individualmente, é preciso de uma vigilância porque o racismo prega peças na gente. Entrevistei um mendigo branco e ele me contou que, sem pedir dinheiro, ele ganha mais que os colegas negros. É como se a estrutura racial fosse tão forte a ponto das pessoas acharem que o branco não pode estar naquele lugar e ajudam. Já para o negro, é natural.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Emprego x pobreza: 870 milhões de trabalhadores vivem com US$ 2 por dia

(Foto OIT/Kemal Jufri)
No Dia dos Direitos Humanos, em 10/12/2013, agências das Nações Unidas fizeram um apelo, entre outros, pelo fim da exclusão social.

O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, OIT, Guy Ryder, lembrou que a Declaração de Viena, que completa 20 anos, pede o fim da pobreza extrema e coloca a justiça social no centro dos compromissos pelos direitos humanos.

Mas duas décadas depois, o mundo ainda tem 870 milhões de trabalhadores e suas famílias sobrevivendo, cada um, com US$ 2 por dia. Ryder destacou que deste total, 400 milhões vivem na pobreza extrema.

O chefe da OIT lamentou ainda que 20,9 milhões de pessoas estejam no trabalho forçado e que 168 milhões de crianças sejam obrigadas a trabalhar. Ryder explicou que a promoção do trabalho decente é reconhecida como um direito humano e precisa continuar sendo uma das prioridades globais.

Emprego e recuperação econômica
É provável que a persistente fraqueza da recuperação econômica aumente ainda mais a pressão sobre a situação mundial do emprego, advertiu o Diretor Geral da OIT, Guy Ryder.

Em discurso perante o Conselho de Administração da OIT, Ryder referiu-se aos dados publicados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em outubro, que revisou para baixo os números relativos ao crescimento mundial, de 3,2% previstos para 2013 para 2,9%, a taxa mais baixa desde 2010. As estimativas para 2014 também foram rebaixadas de 3,8% para 3,6%.

“Esta revisão das projeções reflete as dificuldades enfrentadas pelos principais componentes das economias avançadas, emergentes e em desenvolvimento. Além disso, reflete a difícil situação enfrentada pelas empresas e pelos trabalhadores na economia real”, acrescentou.

Ryder mencionou os níveis sem precedentes de desemprego, a estagnação dos salários em muitos países, um investimento privado abaixo dos níveis anteriores à crise e um setor público sob pressão para reduzir os gastos. “Estas tendências agravarão ainda mais a situação mundial do emprego”, assinalou.

A previsão é de que o desemprego juvenil, disse Ryder, permaneça alto em muitas regiões e que o trabalho informal continue aumentando, contribuindo para o aumento das desigualdades em muitos países.

Vários países adotaram uma estratégia de estímulo às exportações para compensar a fraqueza do consumo e dos investimentos internos, mas isto, assinalou o diretor geral da OIT, somente pode funcionar com um crescimento sustentado. “Necessitamos que a demanda cresça e também toda a economia, não de uma competição entre mercados cada vez menores”, disse.

No entanto, Ryder assinalou alguns progressos. Diversos países emergentes ou em desenvolvimento demonstraram maior resistência em relação a crises anteriores. Alguns dos países europeus que foram mais afetados pela crise econômica podem começar a crescer novamente, acrescentou. “Mas, fundamentalmente, existe uma compreensão crescente no mundo sobre a importância de conceder maior prioridade às estratégias centradas no emprego”, indicou.

A discussão sobre a economia mundial e a situação do emprego foi realizada durante recente reunião do Conselho de Administração da OIT. Os delegados discutiram a contribuição que as políticas sociais e de emprego podem dar à recuperação econômica e ao crescimento sustentável.

Fonte OIT, com informações da Rádio ONU


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Direitos humanos: após cinco meses, só quatro países aderiram a tratado da ONU sobre comércio de armas

Nesta segunda (2/9/2013) fez cinco meses que a Assembleia Geral da ONU aprovou o primeiro tratado sobre o comércio global de armas. A resolução – aprovada com 154 votos a favor, três contra (Coreia do Norte, Irã e Síria) e 23 abstenções – precisa de 50 ratificações para que, após 90 dias o tratado, entre em vigor. Neste período, porém, apenas quatro Estados-Membros (Antígua e Barbuda, Guiana, Islândia e Nigéria) ratificaram apoio.

Uma vez ratificado, o tratado exigirá que os Estados exportadores de armas convencionais desenvolvam critérios que vinculem as exportações à prevenção de abusos de direitos humanos, terrorismo e crime organizado.




O objetivo é estabelecer os mais altos padrões internacionais para controlar ou melhorar o controle do comércio internacional de armas convencionais, prevenir e erradicar o comércio ilícito de armas convencionais e impedir a sua divisão, contribuindo para a paz, segurança e estabilidade internacional, reduzindo o sofrimento humano, promovendo a cooperação, transparência e a ação responsável dos Países-Membros no comércio internacional de armas convencionais, construindo a confiança entre eles.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, classificou o tratado como um “feito diplomático histórico”, acrescentando que o acordo é uma vitória para os povos do mundo e “tornará mais difícil que armas mortais sejam desviadas para o mercado ilícito, bem como para os senhores da guerra, piratas, terroristas, criminosos e outros grupos relacionados”.

A ratificação de 46 países ainda é necessária para que os benefícios idealizados por meio do Tratado sejam concretizados e os povos do mundo possam se sentir vitoriosos.

Durante esses cinco meses, o número de refugiados sírios aumentou de 1.217,782 para quase 2 milhões. Na República Centro-Africana, o número de pessoas diretamente afetadas pelo conflito subiu de 4,1 milhões para 4,6 milhões – metade crianças.


Fonte ONU Brasil


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