Estudantes da Universidade de São Paulo
(USP) e membros do movimento negro protestaram nesta terça (2/7/2013) em favor
da adoção de cotas nas vagas da universidade para pretos, pardos e indígenas. O
grupo fez um ato em frente ao prédio da administração da universidade onde o
Conselho Universitário (CO) decidiu aprovar a implementação de novas medidas de
inclusão social no vestibular da instituição.
“Mais uma vez a USP demonstra que não
quer discutir cotas. Todos os projetos que eles dizem ser para incluir a
população pobre e preta não é cotas. A gente exige cotas, que é reserva de
vagas. Ou seja, garantia de que vai ter população pobre e preta aqui dentro”,
destacou Valéria Couto da Silva, estudante e membro do Núcleo de Consciência
Negra da USP.
O Conselho Universitário (CO) da USP
aprovou na terça a meta, para ser atingida até 2018, de que 50% das vagas de
seus cursos, em cada turno, sejam preenchidas por alunos que tenham cursado
integralmente o ensino médio em escolas públicas. Dos 50% oriundos de escolas
estaduais, o percentual de pretos, pardos e indígenas deverá atingir o
percentual verificado pelo último censo demográfico do IBGE. As medidas valem
para o próximo vestibular. Até agora, o grupo não tinha bônus para o ingresso
na universidade.
“A proposta para a gente é uma falsa
inclusão. Esse processo não inclui nem a população pobre nem a população negra,
isso só prejudica o debate. Não só os estudantes da USP, mas todo o movimento
negro, que está apoiando essa manifestação, defendemos a cota racial”, destacou
Cipriano Filho, da Uniafro Brasil.
Sobre os novos bônus, o conselho criou um
bônus que pode elevar a nota em até 5% – a depender do resultado obtido na
prova – dos vestibulandos que se declararem pretos, pardos ou indígenas e
tenham cursado integralmente o ensino básico em escolas públicas, e aumentou de
8% para 12% a bonificação na nota dos alunos que tenham cursado o ensino médio
em escola pública; elevou de 8% para 15% a bonificação dos candidatos que
fizeram o ensino fundamental e integralmente o ensino médio na rede pública.
Também aumentou de 15% para 20% o bônus para o aluno que cursou integralmente o
ensino fundamental na rede pública e o segundo e terceiro anos do ensino médio
em escolas públicas.
Assim, o aluno preto, pardo e indígena
que tiver cursado integralmente o ensino fundamental na rede pública e o
segundo e terceiro anos do ensino médio em escolas públicas pode chegar a ter
até 25% de sua nota do vestibular aumentada pelos bônus recebidos, a depender
do seu desempenho na prova.
“O núcleo de consciência negra pauta essa
questão há mais de 20 anos dentro da universidade e nunca a universidade tinha
sequer citado a palavra raça ou negro em algum documento interno relacionado a
seleção de estudantes. Por esse aspecto, pela primeira vez, a USP admite que
exite uma dívida histórica com o povo negro e por isso a existência desses tímidos
5%”, disse o representante dos estudantes de pós-graduação no Conselho
Universitário, Leandro Salvático.
Em contrapartida a proposta da USP, o
movimento negro propôs um projeto de lei à Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo que prevê cotas para as vagas da universidade: 25% para população que
se declara negra, parda e indígena; 20% para oriundos da escola pública; e 5%
para pessoas com alguma deficiência.
Fonte Agência Brasil