Links, vídeos, imagens, textos e comentários, esse é o ambiente que a
internet proporciona a seus usuários. Tudo atrelado à rapidez e à cada vez mais
fácil perda de interesse em qualquer tipo de conteúdo. Nada mais natural pensar
que o predomínio da ferramenta levaria à morte do romance. Não foi o que
aconteceu, defendem os autores Alexandre Marino, Daniel Galera, Joca Terron e
André Giusti, na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura.
"A literatura evoluiu segundo critérios que já existiam. A lista
de livros mais vendidos é semelhante à que era antes da internet. Os romances
ainda estão lá. Os livros com mais de 500 páginas ainda são best-sellers",
diz o escritor e tradutor Daniel Galera. Para Galera, a internet é uma
ferramenta necessária à literatura, faz parte da escrita como faz parte de
qualquer outro trabalho. Prova disso é que os títulos lançados atualmente tem a
versão digital também à venda nas livrarias. "O que mudou foi o suporte
[computadores, tablets], mas não a literatura".
O escritor conta que, quando começou a escrever, a internet ainda
estava em evolução. Como não havia publicadores, blogs ou redes sociais, usava
o e-mail para veicular uma revista distribuída a 1,5 mil assinantes. Muito do
que foi produzido naquela época, ele diz que ajudou a compor o primeiro livro,
Dentes Guardados, lançado em 2001.
Já Alexandre Marino, que pertence à geração anterior à internet,
quando publicar era luxo e passar pela censura da ditadura, uma batalha,
acredita que a internet não vai acabar nem mesmo com os livros de papel.
"Com a internet, ganhou-se alcance, mas com ela veio também uma tecnologia
que facilitou a impressão de livros", diz.
Nenhum dos autores sabe prever por quais mudanças a literatura ainda
vai passar, mas dentre as que já passaram, André Giusti destaca a troca com os
leitores, os comentários, a facilidade de divulgação. Poeta e usuário da
internet, ele utiliza o blog e as redes sociais para publicar.
"Recentemente, em um dia, tive mais de 60 curtidas no Facebook em um
poema. Quando, com um livro, teria mais de 60 leitores em um dia?",
questiona.
Joca Terron, poeta, prosador, artista gráfico e editor brasileiro,
valoriza as facilidades da internet, mas diz que é preciso cautela. "Para
mim, a internet é a perfeição atingida do que é literatura: processo
coletivo", diz. E explica que a internet traz também a ilusão de que se é
lido em um ambiente onde "todo mundo fala e pouquíssima gente
escuta". O escritor passa a ser mais um perfil na internet em busca de um
clique "curtir" dos leitores.
O assunto foi debatido no seminário Internet - Estética, Difusão e
Mercado, na 2ª Bienal do Livro, em Brasília. O evento tem entrada franca e
prossegue até a próxima segunda (21/4/2014)l.
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Fonte Agência Brasil