Gastar, poupar, usar bem o dinheiro,
evitar compras por impulso. Se muitos adultos se sentem em dúvida na hora de
aplicar esses conceitos no cotidiano, para as crianças tais expressões são uma
incógnita. Assim como outros conhecimentos apreendidos ao longo da vida, a
educação financeira deve ser aplicada aos pequenos tanto na escola quanto em
casa, como ensina o administrador e educador financeiro Álvaro Modernell.
“Quer educar? Dê o exemplo”, aconselha
Modernell. “Um casal que se mostra organizado financeiramente transmite isso
para os filhos”, completa. Segundo o educador, não há um consenso sobre a idade
ideal para começar a falar sobre dinheiro com as crianças, mas a fase mais
indicada é a partir do 1° ano do ensino fundamental. Modernell dá a dica ainda
de usar exemplos aplicados ao dia a dia da criança para tratar do tema, além de
abusar de ferramentas lúdicas, como jogos e livros divertidos. “Quanto mais
diversificados forem os canais, maiores são as chances de sensibilizar as
crianças”, diz ele sobre o uso também de páginas da internet, feiras de troca e
outros meios.
E quanto à mesada? No vídeo abaixo, saiba
o que Modernell fala sobre o assunto
“Tem que dar a mesada, mas também educação”,
afirma Modernell. Ou seja, é importante orientar a criança, pois não é possível
esperar que ela saiba se organizar adequadamente sozinha. Um outro conselho é
de não incluir o dinheiro do lanche na mesada das crianças e deixar claro que o
valor para alimentação deve ser usado para esse fim, para evitar que os
pequenos acabem guardando a quantia para outros gastos e "pulem" a
merenda. O especialista faz também a seguinte sugestão para a periodicidade da
contribuição:
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A maturidade de cada criança deve ser levada em conta caso a caso |
Outro ponto que costuma despertar dúvidas
é como agir quando a família está passando por dificuldades financeiras. Embora
muitos pais prefiram "proteger" seus filhos do problema, segundo o
educador é importante que as crianças tenham noção da situação, ainda que
superficialmente. A indicação é fundamental para que os pais evitem cair na
armadilha de se endividar por medo de frustrar os desejos ou alterar a rotina
dos filhos, nos casos em que um ajuste no orçamento é necessário.
Modernell alerta ainda para os riscos de
oferecer uma recompensa financeira aos filhos por um bom desempenho na escola
ou por sua ajuda nas tarefas domésticas. Segundo ele, pode ser dada sem
problemas uma quantia como presente, mas com atenção. “Não é errado presentear
a criança, mas, sim, condicionar”. Para exemplificar, o educador menciona casos
em que crianças deixaram suas notas caírem para chantagear os pais por mais
dinheiro.
Mesmo quando os pequenos já recebem
dinheiro da família há algum tempo, a vigilância precisa continuar. Caso as
crianças estejam usando o dinheiro de uma forma considerada inadequada pelos
pais, estes podem controlar os gastos de perto e até mesmo considerar cortar a
mesada, diz Modernell. Para mudar os hábitos dos pequenos, no entanto, não
adianta adotar medidas drásticas. Para evitar que as crianças abandonem os
novos hábitos em pouco tempo, é importante implementar as mudanças gradualmente
e, assim, ajudá-las a se tornar adultos financeiramente saudáveis.
Fonte Portal
EBC