Os alunos do ensino médio são os
que apresentam maior defasagem no aprendizado. Menos de um terço, 29,2%, dos
estudantes conhecem a língua portuguesa da forma adequada ao período de estudo
e apenas 10,3% sabem matemática proporcionalmente ao ano de ensino. Os dados
foram divulgados em 6/3/2013 no relatório De Olho nas Metas do movimento Todos
pela Educação (TPE).
O estudo é divulgado anualmente pela
entidade. Nele, o TPE monitora o cumprimento de cinco metas consideras
fundamentais: o atendimento escolar à população de 4 a 17 anos, a alfabetização
na idade correta, o desempenho dos alunos nos ensinos fundamental e médio, a
conclusão dos estudos e o financiamento da Educação. Este ano, o desempenho dos
estudantes do ensino médio chamou a atenção por se distanciar da meta
considerada adequada pela entidade.
Com base em dados do Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb) e da Prova Brasil de 2011, o TPE constatou a maior
defasagem em matemática. No relatório divulgado em 2011, com dados de 2009, a
porcentagem de estudantes com conhecimento adequado ao terceiro ano do ensino médio
era 11%, inferior à meta de 14,3%. Neste ano, no entanto, além da redução da
porcentagem (10,3%), a diferença para a meta do período (2011) aumentou: é de
quase 10 pontos percentuais (19,6%).
Em português, a meta foi cumprida no
último relatório, 28,9% dos estudantes tinham o conhecimento adequado e a meta
era de 26,3%. Nesse ano, também houve piora. A porcentagem de estudantes teve
um leve aumento, 29,2%, mas não foi suficiente para cumprir a meta para o
período, que era de 31,5%.
“No ensino médio observamos um
descolamento enorme. Para melhorar essa fase do ensino, é preciso melhorar todo
o sistema de educação. A defasagem vem desde a Educação infantil e vai se
acentuando”, explica a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila
Cruz.
A informação de Priscila pode ser
comprovada pelos dados dos anos anteriores de ensino. No quinto ano do ensino
fundamental, em português, 40% tem o conhecimento adequado diante da meta de
42,2%. Já em matemática, a meta de 35,4% foi superada por 36,3% dos alunos. No nono ano do ensino fundamental, em português, 27% dos estudantes detinham o
conhecimento necessário e a meta era de 32%. Em matemática foram 16,9% para uma
meta de 25,4%.
“Diversas pesquisas educacionais
comprovam que alunos com maior defasagem tendem a apresentar desempenho escolar
inferior ao dos que se encontram no ano adequado”, informa o relatório. Ainda
segundo o estudo, “o problema da defasagem precisa ser combatido na partida. Ou
seja, se os alunos aprendem o que têm direito de aprender, diminui a repetência
e, consequentemente, a defasagem. Por sua vez, alunos que já estão defasados
precisam ter acesso a reforço escolar”.
A entidade alerta para a diferença entre
as regiões e entre os estados e o Distrito Federal. De acordo com Priscila, não
se trata de algo recente, pelo contrário, foi observado em outros relatórios do
TPE, no entanto “observamos pouco avanço no sentido de melhorar essa
desigualdade. Se quisermos que as regiões mais pobres elevem o desempenho em vários
setores, precisamos melhorar a Educação. Essa é uma grande preocupação”, diz.
O Rio de Janeiro é o estado com maior
índice de alunos com conhecimento adequado de matemática no terceiro ano
(16,6%), enquanto o Acre é a unidade da Federação com o menor índice (3%), uma
diferença de 13,6 pontos percentuais.
*Fundado em 2006, o Todos Pela Educação é
um movimento da sociedade civil brasileira que tem a missão de contribuir para
que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o país assegure a
todas as crianças e jovens o direito a educação básica de qualidade.