sexta-feira, 26 de julho de 2013

Esporte: Educação adequada na primeira infância pode fazer a diferença em uma final olímpica?

A Educação e as experiências vividas na primeira infância podem ter influência no rendimento de um atleta de alto padrão? De acordo com a Neurociência, podemos apostar que sim.

Foto José Paulo Lacerda

Sabe-se que durante a primeira infância (faixa etária que vai do nascimento até os 6 anos), o cérebro está a todo vapor. É durante este período que são formadas conexões neurais que serão decisivas ao longo de toda a vida.

Em outras palavras, fornecer estímulos adequados a uma criança de até seis anos é atitude que vai garantir um melhor desenvolvimento cognitivo (intelectual), afetivo e social ao longo da vida adulta.

Portanto, um atleta que teve uma infância sadia e feliz – durante a qual contou com alimentação adequada, afeto e grande oferta de brincadeiras – certamente estará melhor preparado para enfrentar momentos de grande exigência física e emocional.

Não estranhe ter lido “brincadeiras” no parágrafo acima. O ato de brincar é fundamental para a criança, pois ajuda na formação do cérebro, no aprendizado para o convívio social e na consolidação das emoções. Não à toa, os filhotes de inúmeras espécies de animais precisam brincar para aprender a se virarem sozinhos.

A criança que não brinca, não se alimenta e não recebe afeto terá muito mais dificuldades na juventude e na vida adulta. Essa regra vale para os atletas, por que não? Talvez um “desperdício” neste período tão decisivo da vida resulte na perda de uma medalha olímpica.

Já “gastamos” um ano inteiro do novo ciclo olímpico, iniciado após os Jogos de Londres-2012. Mais uma vez, é crescente a sensação de que muito pouco vem sendo feito no sentido de transformar o Brasil em potência olímpica. A apenas três anos dos Jogos do Rio, discutimos cada vez mais a respeito de infraestrutura (o que é necessário, claro), mas esquecemos da formação humana.

Muito vem sendo dito a respeito da necessidade de investimentos e de um programa consolidado para o esporte olímpico nacional, mas já é hora de incluir os cuidados com a primeira infância no pacote de discussões. Caso contrário, vamos consolidar cada vez mais a hashtag #infelizmentenaodeu.

Leia mais sobre a primeira infância no site da Pupa e do Instituto Zero a Seis.



Stiglitz: É hora de questionar as patentes

Por Joseph Stiglitz | Tradução: Cristiana Martin

No cartaz: “Pessoas antes das patentes. Projeta o acesso aos medicamentos acessíveis”

Em meio à guerra contra a desigualdade, nos acostumamos tanto com más notícias que quase entramos em choque quando surge algo positivo. E depois que a Suprema Corte dos EUA decidiu que gente rica e grandes corporações têm o direito constitucional de comprar as eleições, quem esperaria que este tribunal produzisse alguma notícia boa? Mas uma decisão, ao fim do primeiro semestre, resultou em algo mais precioso que somente dinheiro: o direito de viver.

À primeira vista, a ação da Association for Molecular Pathology (Associação para Patologias Moleculares) contra a corporação Myriad Genetics parece um mistério científico. A corte decidiu, sem unanimidade, que os genes humanos não podem ser patenteados – embora o DNA sintético, criado em laboratório, possa.

Mas o buraco é muito mais embaixo: as bases e os problemas desta questão são muito mais profundos do que é comumente entendido. Foi uma batalha entre aqueles que privatizariam a boa saúde, tornando-a um privilégio a ser desfrutado na proporção da riqueza, contra os que veem a saúde como um direito de todos – e um componente central de uma sociedade justa e de uma economia que funciona direito. De uma maneira ainda mais ampla, tem a ver com a maneira pela qual a desigualdade está definindo a política, as instituições legais e a saúde da população.

Diferentemente das batalhas amargas entre Samsung e Apple, nas quais os juízes, enquanto mostram-se pretensamente equilibrados parecem na verdade sempre estar a favor do time da casa, este caso foi maior que apenas uma grande batalha entre gigantes corporativos. É uma lente de aumento, por meio da qual podemos enxergar os efeitos perniciosos e de longo alcance da desigualdade; qual o sentido de uma vitória sobre o comportamento normal das corporações; e – não menos importante – o quanto ainda ariscamos perder nestas batalhas.

É evidente que a corte e os partidos não enxergam os problemas desta maneira em seus argumentos e decisões. A Myriad Genetics, uma empresa originária de Utah, tinha isolado dois genes humanos – BRCA1 e BRCA2. Eles são importantes porque podem conter mutações capazes de significar uma pré-disposição ao câncer de mama. Conhecer sua presença é crucial para diagnósticos em fase inicial, e também para prevenção. A Myriad Genetics já tinha obtido as patentes para esses genes. O fato de “possuir” os genes deu a ela o direito de privar outras companhias de testá-los. A grande questão desta disputa era aparentemente técnica: quando isolados, genes que podem surgir naturalmente são algo que possa ser patenteado?

Mas as patentes têm implicações devastadoras também no mundo real, uma vez que elas mantém o preço dos diagnósticos extremamente alto. Testes genéticos podem ser realizados a custo baixo. Uma pessoa pode ter todos os seus 20 mil genes sequenciados por aproximadamente 1.000 dólares – para não falar de testes muito mais baratos, para patologias específicas. A Myriad, no entanto, cobrava cerca de US$ 4.000 pelo teste de apenas dois genes. Cientistas argumentaram que não havia nada inerentemente especial ou superior nos métodos da Myriad – eles simplesmente examinavam os genes que a companhia alegava possuir, e o fazia apoiada nos dados que não estavam disponíveis às outras, por conta de suas patentes.

Horas após a Suprema Corte ter decidido em favor dos queixosos – um grupo de universidades, pesquisadores e advogados de pacientes, representados pela União das Liberdades Civis Americanas (American Civil Liberties Union) e pela Fundação da Patente Pública (Public Patent Foundation) –, outros laboratórios rapidamente anunciaram que também começariam a oferecer os exames para os genes do câncer de mama. Isso deixou claro que a “inovação” da Myriad era identificar genes existentes e não desenvolver um exame para eles (a Myriad não cessou de lutar neste caso e ainda moveu duas novas ações judiciais neste mês que visam impedir as companhias Ambry Genetics e Gene by Gene de realizar seus próprios exames de BRCA, sob o argumento de que violam outras patentes que supostamente detém).

Não deveria ser muito surpreendente o fato de a Myriad fazer todo o possível para evitar que a receita proveniente desses exames sofresse concorrência. Depois de se recuperarem parcialmente de uma queda de aproximadamente 30%, logo após a decisão da corte, as ações da companhia ainda continua cerca de 20% abaixo do que eram. A empresa possuía os genes e não queriam ninguém invadindo sua propriedade.

Ao obter a patente, a Myriad, como a maioria das corporações, parecia mais motivada pela maximização dos lucros do que por salvar vidas. Se realmente estivessem preocupadas com este segundo aspecto, ela poderia e oferecer exames menos caros, além de encorajar outras companhias a desenvolver exames melhores, mais precisos e mais baratos. Sem surpresa, a companhia alegou que suas patentes, que permitiram preços monopolísticos e práticas excludentes, eram essenciais para incentivar futuras pesquisas. Mas quando os efeitos devastadores destas patentes ficaram claros e ela permaneceu inflexível no exercício dos direitos de seu monopólio, as pretensões de que agia em favor do bem comum não foram mais capazes de convencer.

A indústria farmacêutica, como sempre, alegou que sem a proteção de patentes não haveria incentivos para pesquisas – portanto, todos perderiam. Procurei a argumentação de um expert (pro bono) junto à corte. Ele explica por que os argumentos da indústria estão errados e por que estas patentes, e outras similares, na verdade impediram a inovação, ao invés de fomentá-la. Outros grupos que apresentaram argumentos a favor dos pleiteantes, como a Associação Norte Americana de Aposentados (AARP), apontaram que as patentes da Myriad impediam os pacientes de obter uma revisão de seus exames ou mesmo uma confirmação de diagnóstico. Recentemente, a Myriad comprometeu-se a não impedir estes exames – um compromisso revertido ao mover ações judiciais contra a Ambry Genetics e a Gene by Gene.

A Myriad negou o exame a duas mulheres, ao rejeitar o seguro de saúde delas – segundo os pleiteantes, pelo fato de o valor do reembolso ser muito baixo. Outra mulher, após uma rodada de exames da Myriad, foi obrigada a tomar decisões agonizantes sobre fazer uma única ou dupla mastectomia ou ter seus ovários removidos, com completa falta de informação. O custo de um exame adicional de mutação de BRCA era inacessível (a Myriad cobra US$ 700 a mais por informações que as orientações nacionais dizem que devem ser fornecidas aos pacientes). E a revisão dos exames era impossível devido às patentes da Myriad.

A boa notícia que vem da Suprema Corte é que, nos Estados Unidos, os genes não poderiam ser patenteados. De certa maneira, a corte devolveu às mulheres algo que elas pensavam que já tinham. Isto teve duas grandes implicações práticas: uma é que agora pode haver competição para o desenvolvimento de exames mais precisos e menos caros para o gene. Poderemos novamente ter um mercado competitivo movendo a inovação. A outra é que mulheres pobres terão chances mais igualitárias de vida – neste caso, de diagnosticar o câncer de mama.

Mesmo sendo extremamente importante, esta vitória é apenas um fragmento do cenário de propriedade intelectual que é pesadamente definido pelos interesses corporativos – frequentemente norte-americanos. Os Estados Unidos tentaram aplicar seu regime de propriedade intelectual a outros países, através da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de outros acordos bilaterais e multilaterais de comércio.

Atualmente, o mesmo objetivo é perseguido por meio do chamado Acordo Estratégico Trans-Pacífico de Associação Econômica (“Trans-Pacific Partnership”). Acordos de comércio são, teoricamente, um importante instrumento de diplomacia: a integração no comércio promove outros acordos, em outras dimensões. Mas as tentativas do escritório de representação do comércio dos Estados Unidos de convencer os outros estão voltadas para os que consideram os lucros corporativos mais importantes do que a vida humana. Isto assinala o posicionamento internacional estadunidense: o estereótipo do norte-americano estúpido.

O poder econômico normalmente fala mais alto do que valores morais. Em muitas instâncias nas quais os interesses corporativos americanos prevalecem, em relação à propriedade intelectual, nossas políticas ajudam a aumentar a desigualdade no exterior. Na maioria dos países é muito parecido com os Estados Unidos: as vidas da população mais pobre são sacrificadas no altar dos lucros corporativos. Mas mesmo naqueles onde, digamos, o governo proveria um exame como o da Myriad com preços acessíveis para todos, há um custo: quando um governo paga preços de monopólio por exames médicos, ele gasta dinheiro que poderia ser gasto para pagar o salvamento de outras vidas.

O caso da Myriad representou a materialização de três mensagens-chave de meu livro O Preço da Desigualdade. Primeiro, argumento que a desigualdade social foi um resultado não somente das leis econômicas, mas também de como formatamos nossa economia – por meio da política, incluindo quase todos os aspectos no nosso sistema legal. Aqui, é nosso regime de propriedade intelectual que contribui desnecessariamente à forma mais grave de desigualdade. O direito à vida não deveria estar subordinado à possibilidade de pagar por ele.

O segundo é que alguns dos aspectos mais perversos de criação de desigualdade em nosso sistema econômico são um resultado de rent-seeking [busca de renda]. São lucros e desigualdade gerados pela manipulação social, ou das condições políticas, para obter um pedaço maior da fatia de bolo da economia – ao invés de fazer o bolo crescer. E a parte mais injusta desta apropriação de riqueza ocorre quando os lucros de quem está no topo são gerados às custas de quem está na base. Os esforços da Myriad satisfaziam ambas condições: os lucros que a companhia auferia pela cobrança dos exames não adicionavam nada ao crescimento e ao dinamismo da economia e, simultaneamente, diminuíam a riqueza dos que não podiam pagar por eles.

Enquanto todos os segurados contribuíam para os lucros da Myriad – os “premiums” tinham que subir de categoria e milhões de norte-americanos de média renda e sem seguro tinham que pagar os preços monopolísticos da Myriad – os dessegurados na base da pirâmide eram os que tinham que pagar os preços mais altos. Com o preço inacessível do exame, foram eles que enfrentaram maior risco de morte precoce.

Os defensores dos direitos de propriedade intelectual dizem que este é simplesmente o preço que temos que pagar para produzir inovação que a longo prazo salvarão vidas. Seria uma troca: a vida de mulheres relativamente pobres hoje versus a vida de muitas outras mulheres, em algum momento do futuro. Mas esta alegação está errada em vários aspectos. Neste caso em particular, é especialmente errado pelo fato de que havia grandes chances de estes dois genes serem isolados (“descobertos”, na terminologia da Myriad) sem muita demora, como parte do projeto global “Projeto Genoma Humano”.

Mas é errado em outros aspectos também. Pesquisadores genéticos argumentaram que esta patente impedia o desenvolvimento de melhores exames e também interferia no avanço da ciência. Todo o conhecimento é baseado em conhecimentos anteriores. Se eles tornam-se menos acessíveis, a inovação fica comprometida. A própria descoberta da Myriad – como qualquer outra ciência – usou tecnologias e ideias que também foram desenvolvidas por outras companhias. Se estes conhecimentos prévios não estivessem disponíveis publicamente, a Myriad não poderia ter feito o que fez

E este é o terceiro grande tema. Chamei meu livro de O preço da desigualdade para enfatizar que ela não é apenas moralmente repugnante mas também tem custos materiais. Quando o regime legal que governa os direitos de propriedade intelectual é precário, ele facilita o rent-seeking – e o nosso regime é precário, embora esta e outras decisões recentes da Suprema Corte conduziram a um regime que já é melhor do que poderia ser. E o resultado é que existe, na verdade, menos inovação e mais desigualdade.

Na verdade, um importante insight de Robert W. Fogel, historiador econômico e ganhador de um prêmio Nobel que morreu no mês passado, foi que a sinergia entre melhoras na saúde e a tecnologia são responsáveis por uma grande parte da explosão do crescimento econômico desde o século XIX. É por isso que os regimes de propriedade intelectual que criam rendas monopolistas e bloqueia o acesso à saúde provocam desigualdades e dificultam o crescimento de forma generalizada.

Existem alternativas. Advogados de direitos da propriedade intelectual têm superestimado seu papel de promotora da inovação. A maioria das inovações-chave – das ideias básicas que levaram aos computadores aos transistores, lasers ou a descoberta do DNA – não foram motivadas por lucros financeiros. Foram provocadas pela busca do conhecimento. É evidente: recursos precisam estar disponíveis.

Mas o sistema de patentes é apenas uma maneira, e frequentemente não é a melhor, de prover esses recursos. As pesquisas financiadas pelos governos, fundações e o sistema de premiações (que oferece um prêmio a quem faz a descoberta e depois a torna amplamente acessível usando o poder dos mercados para benefícios reais) são alternativas, com maiores vantagens e sem as desvantagens do aumento de desigualdades do atual sistema de direitos de propriedade intelectual.

O esforço da Myriad para patentear o DNA humano foi uma das piores manifestações das desigualdades no acesso à saúde e das sociais nos Estados Unidos. O fato de a decisão da Suprema Corte ter mantido direitos e valores preciosos é motivo para um breve alívio. Mas é apenas uma vitória na grande luta por uma sociedade e economia mais igualitárias.



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Da Carta na Escola*: um Pronatec a curto prazo

Foco excessivo em cursos de rápida duração não ajuda a elevar a escolaridade do trabalhador

Desde outubro de 2011, estima-se que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tenha criado cerca de 2,5 milhões de vagas. Num momento em que as matrículas no Ensino Médio estão estagnadas, a procura por formação técnica e profissionalizante cresceu 74,9%, desde 2002, de acordo com o Censo Escolar de 2010.

Uma boa situação para uma política pública como o Pronatec (foto), avalia Gabriel Grabowski, especialista em ensino técnico, professor e pesquisador da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, que, todavia, tem restrições quanto ao foco excessivo dado à parceria com o Sistema S – formado por 11 organizações criadas pelos setores produtivos, como indústria, comércio, agricultura, transportes e cooperativas, entre elas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

“A preocupação não é pelo que o Sistema S executa, mas por estar extremamente centrado nos cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), que é algo que ele faz há 70 anos e não resolveu a questão da mão de obra no País como um todo”, avalia. Os cursos, hoje, correspondem a 70% das matrículas do Programa (tabela da pág. 14).

“O Sistema S é importante, mas não tem a função de fazer formação básica estratégica. Sua natureza é muito centrada na qualificação emergencial, algo que estamos fazendo há muitos anos e não resolvemos o problema ainda”, afirma o professor a Carta na Escola. “São mais certos os efeitos duradouros dos cursos de qualificação se eles tiverem uma base sólida, daí que seria melhor investir parte desses recursos na elevação da escolaridade.”

*Clique aqui para ler, na íntegra a entrevista publicada na Carta na Escola


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pesquisa e inovação: governo analisa novos investimentos em nanociência, no segundo semestre

O governo federal vai reformular o Programa Nacional de Nanotecnologia, criado para incentivar atividades de pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e a transferência de tecnologia entre as instituições de pesquisa e empresas.

Foto Divulgação/MCTI
Previsto para ser lançado na segunda quinzena de agosto, o novo programa priorizará a pesquisa em nanociência para sensores, dispositivos e materiais e compósitos, que são produtos nos quais dois ou mais elementos são combinados em uma estrutura para obter vantagens e melhorias que nenhum deles poderia fornecer isoladamente. Isso será feito a partir dos 26 laboratórios que compõe o Sistema Nacional de Laboratório em Nanotecnologia (SisNano).

O dinheiro que será aplicado no programa ainda está em análise pelo governo. Em 2013, já estão sendo investidos R$ 38,9 milhões diretamente nos laboratórios, além do aporte de R$ 9 milhões para que esses grupos de pesquisa incorporem a rede Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec). Para 2014, estão previstos R$ 20 milhões para o setor.

Em inovação, área que engloba a nanotecnologia, as cifras alcançam valores muito maiores. De janeiro a maio, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu R$ 1,5 bilhão, por meio do Programa de Sustentação do Investimento.

Segundo o coordenador-geral de Micro e Nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio Plentz, os laboratórios que fazem parte do SisNano receberão recursos para operar de maneira “aberta ao uso”, tanto por pesquisadores ou grupo de pesquisas quanto por empresas.

“Vai modificar muito o ambiente da nanotecnologia no Brasil. Porque, agora, eles [os laboratórios] vão estar à disposição para desenvolvimento e vão ter o compromisso de ser laboratórios abertos onde as pessoas poderão entrar, contratar desenvolvimento ou colocar as suas equipes ou os seus pesquisadores lá dentro fazendo o desenvolvimento”, disse à Agência Brasil.

Flávio Plentz destacou que o foco no desenvolvimento dos laboratórios é, atualmente, a etapa mais importante na área de nanotecnologia para que o país possa ter estrutura de competir internacionalmente na pesquisa científica.

“O que a gente vai fazer com esse programa é elevar para outro degrau de investimento, para fazer o que é objetivo agora: pegar todo esse conhecimento em nanotecnologia e essas tecnologias que já estão desenvolvidas e levar para a indústria, para o mercado”, explicou Plentz. Ele acrescentou que “essa etapa de pegar o conhecimento da tecnologia e transformar em produto e negócio não é trivial, é complicada no Brasil e no mundo inteiro”.

A nanociência é capaz de manipular, sintetizar ou modificar a matéria em uma escala de tamanho de nanômetro, que é 1 bilionésimo do metro. Tudo que se faz em termos de modificação, manipulação ou síntese de materiais nessa escala é considerado nanotecnologia.

“Qualquer produto eletrônico está cheio de nanotecnologia. A tela touch screen, o processador do celular e dos computadores são hoje todos frutos de nanotecnologia. O tamanho e os transistores [dos computadores] também. Basicamente todos esses produtos que chamamos de alta tecnologia têm nanotecnologias incorporadas neles”, disse Plentz.

Fonte Agência Brasil


Ideia que funciona: coleta de embalagens de agrotóxico economiza energia e o consumo de água

Em dez anos, o recolhimento e a destinação ambientalmente correta de embalagens de agrotóxicos utilizados nas áreas rurais do país geraram uma economia de energia suficiente para abastecer 1,4 milhão de casas no período.

Foto Divulgação
A iniciativa também evitou o consumo de água equivalente ao volume de 36 milhões de caixas d’água, entre 2002 e 2012, segundo números divulgados pela Fundação Espaço ECO, que reúne especialistas responsáveis pela análise da eficiência de ações sustentáveis implementadas por algumas empresas.

“Para fazer a gestão das embalagens nós também emitimos dióxido de carbono ao usar caminhões para o recolhimento, utilizamos água no processo de reciclagem dessas embalagens. Precisávamos saber se essa solução que encontramos é eficiente”, explicou João Cesar Rando, diretor-presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), formado pelos fabricantes do produto.

O levantamento foi feito a partir da mesma ferramenta que comparou a produção do polietileno feita a partir da resina virgem – extraída de processamentos do petróleo – com a produção do polietileno a partir da cana-de-açúcar, mostrando que o produto feito a partir da cana gerava menos impactos sobre a natureza.

A medida sobre a ecoeficiência do sistema não é uma exigência legal. Rando explicou que Política Nacional de Resíduos Sólidos, que instituiu a logística reversa de embalagens de agrotóxicos como obrigação há mais de dez anos, não exige o balanço. “Mas é forma de medir se solução que estamos implementando é eficiente. Nem sempre a solução que você implementa é, do ponto de vista social e ambiental, positivo”, explicou.

Os dados sobre os reflexos no consumo de água e energia comparam a situação da gestão ambiental de embalagens com o cenário anterior, quando esses produtos ficavam estocados nos imóveis rurais e, muitas vezes, eram queimados pelos produtores.

De acordo com Rando, o levantamento contratado mostrou que para cada embalagem de 20 litros produzida a partir do processo de reciclagem, o sistema evita a emissão de 1 quilograma (kg) de dióxido de carbono.

“Quando reciclamos, produzimos uma nova embalagem [com o material reciclado] que é usada para o próprio defensivo. Quando o sistema recicla deixa de usar uma resina virgem que vem de todo um ciclo de processamento do petróleo. Você evita esse ciclo todo, então você usa menos energia, emite menos gases”, explicou João Cesar Rando.

Segundo ele, o sistema também refletiu positivamente no aspecto social. Pelos dados do InpEV foram criados oito vezes mais empregos nas regiões onde a logística foi implementada. “Hoje temos mais de 400 unidades de recebimento, onde foram gerados 1,5 mil empregos diretos formalizados. Além disso, foram criadas unidades recicladoras a partir desse sistema que geram outras ocupações”, completou Rando.

Nos seis primeiros meses desse ano, o sistema de logística reversa de embalagens de agrotóxicos, que envolve agricultores, comerciantes e fabricantes, totalizou o recolhimento de mais de 21,3 mil toneladas de embalagens vazias. O volume representa um crescimento de 9% em relação ao volume recolhido no mesmo período de 2012 (mais de 19,5 mil toneladas).

Fonte Agência Brasil


Inovação: indústrias terão mais de R$ 30 milhões e suporte tecnológico para novos projetos

Indústrias que pretendem desenvolver produtos, processos ou serviços e precisam de incentivos tecnológicos e financeiros poderão obter aporte do Sesi ou do Senai. 

Somados, os recursos para o desenvolvimento de projetos inovadores chegam a R$ 30,5 milhões. Do total, R$ 20 milhões são para iniciativas que terão a parceria do Senai; R$ 7,5 milhões para projetos com o apoio do Sesi; e R$ 3 milhões em bolsas de pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

As inscrições para o mais novo edital lançado nesta segunda (22/7/2013) vão até 30 de setembro, via site do programa

O Edital incentiva a inovação tecnológica e a nas áreas de saúde, segurança, qualidade de vida, Educação e cultura. A iniciativa dá suporte ao desenvolvimento de produtos, processos e serviços em indústrias de qualquer porte, em parceria com o Senai e o Sesi ou com o CNPq.

Serão avaliados o potencial inovador, o plano de negócio e a viabilidade econômica dos projetos inscritos. Os vencedores serão conhecidos em 13 de dezembro.

O primeiro Edital de Inovação foi lançado pelo Senai em 2004, para promover o desenvolvimento tecnológico da indústria. Naquele ano, os sete projetos receberam, juntos, R$ 375 mil. Em 2008, o edital ganhou a parceria do CNPq, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. No ano seguinte, teve o reforço do Sesi.

Desde a primeira edição até 2012, a proposta recebeu 1.588 projetos das áreas de alimentos e bebidas, automotiva, biocombustível, biotecnologia cerâmica, construção civil, couro e calçados, eletroeletrônica, gás natural, hidráulica e pneumática, metalmecânica, óptica, polímeros, software, têxtil, vestuário, entre outras. Desses, 412 projetos foram aprovados, absorvendo mais de R$ 91,4 milhões.

Fonte Portal Indústria


Mercado de trabalho: artigo do Nobel de Economia trata sobre o emprego na esfera da economia mundial

Belluzzo comenta sobre artigo de Paul Krugman




quinta-feira, 18 de julho de 2013

Inovação e biodiversidade: livro divulga ações de 10 líderes empresariais sustentáveis

“Manaus está à frente das ideias sustentáveis, pois concilia o desenvolvimento econômico com o respeito à floresta e sua biodiversidade, resultado do Modelo Zona Franca que incentiva a indústria a resguardar 98% de sua área verde”. A afirmação é do presidente da Revista Ideia Sustentável e autor do livro Conversas com Lideres Sustentáveis, da editora Senac-SP, de 2011, Ricardo Voltolini.

Voltolini esteve em Manaus no início deste mês (1/7/2013) para sediar o quarto Encontro Regional Plataforma Liderança Sustentável. No encontro, o autor apresentou dez exemplos de empresas que compõe os capítulos do livro Conversas com Líderes Sustentáveis, destacando as iniciativas de transformação através de ideias sustentáveis. “O objetivo é inspirar líderes da região para realizar mudanças que busquem a sustentabilidade. Mostramos como empresários de referência agem, pensam e em que valores acreditam”.

A Amazônia é a maior reserva de biodiversidade do mundo e o maior bioma do Brasil – ocupa quase metade do território nacional. Esse bioma cobre totalmente o Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, quase totalmente Rondônia e parcialmente Mato Grosso, Maranhão e Tocantins (Ilustração portal brasil.gov.br)

O presidente da Natura, Alessandro Carlucci, e o vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Whirlpool para a América Latina, Armando Ennes do Valle Jr, também compartilharam experiências de como gerir negócios sobre o tripé de ações econômicas, ambientais e sustentáveis.

De acordo com Carlucci, a maior ênfase dos negócios da Natura é utilizar de forma inovadora e sustentável o potencial da biodiversidade da Amazônia em seus cosméticos e produtos. Tudo a partir de três iniciativas: investimentos na inovação, fortalecimento das cadeias de extração e o fortalecimento institucional. “Lembro que as atividades realizadas pela empresa visam à sustentabilidade da sociedade e do meio ambiente”.

“Estamos na Região Amazônica a mais de 30 anos e procuramos trabalhar com os ingredientes locais, da natureza, em parceria com o povo daqui, agregando em nossos produtos um pouco da sabedoria e da essência dessas comunidades regionais. Essa ação ganhou reforço desde o ano passado quando inauguramos um centro de inovação em Manaus que veio para estimular e integrar a inovação no Estado do Amazonas e do Norte do Brasil”, explicou Carlucci.

Armando do Valle Jr revelou no encontro que a Whirlpool olha a sustentabilidade de forma ampla, observando desde a cadeia de fornecedores. A empresa acompanha os processos de produção e fornecimento de matéria prima e insumo, identificando se há problema que fuja à sua política de ser responsável social e ambientalmente. A medida possibilita a reeducação de empresários e líderes, tornando-os gestores que contribuem com a missão da Whirlpool no mercado, fortalecendo seu valor, fazendo a diferença e sendo sustentável.

“O conceito de sustentabilidade na Whirlpool é vinculado aos planos financeiros e sociais. A cada três meses uma equipe de líderes da empresa se reúne para grandes discussões sobre os negócios, ações sociais e de meio ambiente”, disse Valle Jr.

Como exemplo de sucesso, o empresário apresentou projeto que já beneficiou mais de 30 mil mulheres de baixa renda, capacitando-as para exercer uma atividade profissional que lhe devolva sua autoestima e que traga o retorno financeiro à renda familiar.


Fonte Sistema Fieam


Sustentabilidade: iniciativa internacional busca incrementar agricultura para garantir a segurança alimentar

Um grupo de 25 cientistas do mundo inteiro terá dois anos para fazer pesquisas e relatar experiências concretas que conciliem a produção agropecuária sustentável para garantir a segurança alimentar mundial. A iniciativa, lançada em 12/7/2013, pretende unir pesquisadores, governos e empresas em torno do bem comum.

De acordo com Emile Frison, diretor-geral da Bioversity Internacional, organização de pesquisa sem fins lucrativos com sede em Roma, que lidera o projeto, a novidade da Agriculture and Conservation Initiative é a união entre pesquisadores de sustentabilidade e dos setores produtivos para buscar soluções integradas.

O Brasil promove a integração de sistemas como lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta, tudo combinado,
o que permite crescimento vertical da produção (Foto Divulgação)

“O próximo passo é fazer realmente os cientistas trabalharem juntos. Nós temos essa organização de alto nível que pode fornecer importantes políticas de volta. Mas nós precisamos que esses cientistas construam evidências científicas. Eles devem tentar congregar tudo que nós sabemos sobre iniciativas que funcionam para diferentes paradigmas de agricultura”, disse.

O presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Israel Klabin, que participou do evento, declarou que o Brasil tem papel de liderança nessa área, pois o país “é a capital mundial do capital natural”, com todos os recursos naturais na maior plenitude e tem trabalhado com realismo na questão. Para Klabin, é importante que o setor produtivo não deixe de lado a questão ambiental e caminhe para uma economia sustentável.

“Nós estamos vivendo um momento de crise em todos os setores do planeta. Na verdade os sistemas de produção estão indo relativamente bem, mas a inserção deles na realidade planetária e no excesso de uso do capital natural, faz com que nós procuremos uma regulagem entre produção e meio ambiente, o que se trata aqui é exatamente isso, como é que nós podemos continuar a produzir e ao mesmo tempo respeitar os limites que a natureza nos oferece, para que nós possamos fazer com que os bens naturais herdados do passado possam ser passados para os nossos filhos da mesma maneira que nós recebemos”.

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, destacou que o Brasil avançou muito nessa área nos últimos 40 anos, com a criação de instituições de pesquisa e legislação. De acordo com ele, o país superou o problema da insegurança alimentar e passou de importador para provedor de alimentos, transformou grandes áreas de solo ácido em férteis, desenvolveu um conceito próprio de agricultura tropical e construiu uma plataforma de práticas sustentáveis.

“Nós temos hoje mais de 30 milhões de hectares de áreas de plantio direto, onde não mais revolve o solo, o que ajuda a resolver os problemas de erosão, de desgaste do solo, perdas de nutriente. O Brasil é líder em fixação biológica de nitrogênio, toda a soja brasileira é cultivada sem a aplicação de nitrogênio na forma química. E nós estamos promovendo agora uma outra grande revolução na agricultura brasileira, que é a integração de sistemas: lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta, tudo combinado, que vai nos permitir um crescimento vertical da produção brasileira”, disse.

Fonte Agência Brasil


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ciência sem Fronteiras: programa aceita exame de inglês em nível intermediário de universidade inglesa

O programa Ciência sem Fronteiras (CsF) passa a aceitar o exame de proficiência First Certificate in English (FCE, Primeiro Certificado em Inglês), da Cambridge English, departamento da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. O FCE é um exame de nível intermediário superior. Antes, o Ciência sem Fronteiras aceitava apenas o Certificate in Advanced English (CAE) – Certificado em Ingês Avançado – um nível acima do FCE.

A mudança, explica o gerente de desenvolvimento da Cambridge Language Assessment, Rone Costa, foi feita para atrair mais estudantes para o programa. “A redução foi feita porque os países que estão recebendo os alunos perceberam que o nível que estava sendo exigido era muito alto. Com o FCE, o estudante já consegue acompanhar as aulas, desenvolver atividades acadêmicas e inclusive trabalhar [nos estágios oferecidos pelo CsF]”.

Ainda segundo o departamento, o índice de aprovação no FCE é maior que no CAE. No ano passado, 68,4% dos que prestaram o exame para nível avançado foram aprovados, enquanto 76,9% dos que o fizeram para nível intermediário receberam o certificado. “Um aluno com FCE domina as quatro habilidades do idioma: ler, escrever, falar e ouvir. Comunica-se com facilidade. A diferença para um aluno com CAE é um maior conhecimento linguístico, mas nada que atrapalhe no desenvolvimento das atividades do CsF”, ressalta Costa.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) diz que o nível de inglês é exigência de cada universidade. São elas que definem o que será exigido no edital. O FCE já é aceito em edital para a Irlanda.

Segundo a Cambridge English, que trabalha junto com as universidades pela adequação da exigência, a intenção é que todos os editais que aceitam o exame de Cambridge passem a aceitar o FCE, e não mais o CAE. Costa adianta que, para os estudantes que comprovarem que querem a certificação para o CsF, haverá um desconto no valor do exame, que deve ficar entre 30% e 40%, valor ainda em negociação. O valor cobrado é, em média, R$ 400, variando de acordo com a escola. Serão aceitos os exames feito depois de agosto de 2010.

Esta não é a primeira flexibilização do nível de inglês. No começo do ano, um edital para a Inglaterra permitia de estudantes com pontuações inferiores às exigidas anteriormente se inscrevessem no programa. Eles deveriam fazer um curso de seis meses no exterior para depois prestar novamente o exame de proficiência.

O aprendizado da língua inglesa tem tido destaque no governo federal. Este ano, o governo lançou o Programa Inglês sem Fronteiras para auxiliar os candidatos do Programa Ciência sem Fronteiras a garantir bolsas em universidades no exterior.

O objetivo do CsF é promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de jovens pesquisadores qualificados e professores experientes ao Brasil. As áreas prioritárias são: ciências exatas (matemática e química), engenharias, tecnologias e ciências da saúde. O Ciência sem Fronteiras mantém parcerias em 35 países. Até o mês de junho, o programa implementou 29.192 bolsas em todas as modalidades de graduação, doutorado e pós-doutorado.

O Ciência sem Fronteiras prevê a distribuição de até 101 mil bolsas, ao longo de quatro anos, para que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior. O objetivo é promover a interação dos estudantes brasileiros com sistemas educacionais competitivos em relação a tecnologia e inovação.

O programa também visa a atrair pesquisadores do exterior que pretendam se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa.


Fonte Agência Brasil


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