A cadeia produtiva do leite tem
características peculiares, que fazem com que seja importante sua manutenção e
crescimento no Rio Grande do Sul. A necessidade de grande número de
profissionais e familiar faz com que sua produção esteja presente em mais de
120 mil estabelecimentos familiares no estado. Sua produção também exige
proximidade e aumenta a integração da cadeia, concentrando todos os elos da
produção na mesma região.
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Produção de leite e derivados exige trabalho 365 dias por ano (Foto Expointer 2012 Divulgação) |
“A cadeia produtiva do leite é muito
exigente em mão de obra, 365 dias por ano. Não é adequada para o meio patronal.
É mais adequada à agricultura familiar. E a agricultura familiar é muito
importante onde tem estrutura fundiária mais democrática”, explica o economista
da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Carlos Paiva.
Produção de leite e derivados exige trabalho
365 dias por ano (Foto Expointer 2012 Divulgação)
A participação da cadeia produtiva do
leite no Produto Interno Bruto do estado está em cerca de 3%, “bastante
expressiva”, segundo Paiva. De acordo com o IBGE, o Rio Grande do Sul é o
segundo estado em produção de leite no país. Em 2011, foram produzidos 4
bilhões de litros – 12,5% da produção nacional – que geraram R$ 6 bilhões.
Em 2012, de acordo com João Milton Cunha,
coordenador da câmara setorial do leite da Secretaria Estadual de Agricultura,
a cadeia do leite respondeu por 2,13% do PIB gaúcho. Ele também destaca que
está comprovada ser a atividade que mais fixa o homem no campo. Além disto,
está presente em 90% dos municípios do Rio Grande do Sul.
Cadeia leiteira precisa de qualificação
Apesar dos números positivos, Paiva
acredita que é preciso mais estímulos. Do contrário, há a opção cada vez maior
pela produção da soja, em detrimento do leite, além de se manter uma produção
de baixa qualidade. “A soja está explodindo em demanda, o preço é muito
elevado, mas ela vai à granel para a China. Os chineses não querem comprar a
soja já beneficiada, eles fazem óleo de soja e tofu melhor que nós. Ao menos
parte da cadeia leiteira precisa ser beneficiada no local. Ela fomenta a
indústria local, a soja não. Tem que ter ação do Estado para a cadeia leiteira”,
afirma.
Segundo Paiva, é preciso qualificar a
questão da sanidade e de formação profissional. Também é preciso melhorar a
qualidade dos produtos derivados do leite. “A gente não produz queijos finos”,
exemplifica. Ele afirma que não há uma política para a qualificação da
indústria de lácteos, apenas isenções fiscais, e afirma que atividades que são
a vocação natural do estado precisam ser priorizadas. “Atividades como as do
Polo Naval são importantes, mas é incerto por quanto tempo serão competitivas.
O leite é uma vocação natural do estado”, compara.
Clique aqui para ler na íntegra a reportagem publicada no Sul 21.