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Foto Divulgação |
Pesquisa feita na Universidade de São
Paulo (USP) mostra que metade dos alunos de licenciatura nas áreas de
matemática e física não pretende ou tem dúvidas quanto a seguir a carreira de
professor de Educação básica. Dos que cursam licenciatura em física, 52% não
pretendem ser professores ou tem dúvidas. Em matemática, o percentual é 48%. A
pesquisa ouviu 512 estudantes recém-ingressantes da USP, incluindo também
alunos de pedagogia e medicina.
A pesquisa Atratividade do Magistério
para a Educação Básica: Estudo com Ingressantes de Cursos Superiores da USP, da
pedagoga e mestre em Educação pela Faculdade de Educação da USP Luciana França
Leme, selecionou as duas disciplinas de licenciatura em função da escassez de
professores nas áreas de exatas. A estimativa do Ministério da Educação (MEC) é
que o déficit de professores nas áreas de matemática, física e química seja de
cerca de 170 mil.
A baixa remuneração do magistério, as más
condições de infraestrutura das escolas e o desprestígio social da profissão
estão entre os motivos apontados pelos estudantes para a falta de interesse em
seguir a carreira. Segundo a pedagoga, a dificuldade de implementar em sala de
aula o ensino da matemática e da física e a concorrência com profissões como as
do mercado financeiro também afastam das salas de aula quem se forma nessas
áreas.
“Pesquisados disseram que escolheram o
curso porque gostam de matemática e física. Mas gostar é uma coisa, outra é o
ensino dessas matérias que engloba habilidade como o pensar a matemática, as
ciências, e saber ensinar a matemática e verificar como o aluno está
aprendendo”, destacou. “Outro fator é o mercado de trabalho. Um aluno formado
na USP, nessas disciplinas, pode trabalhar com pesquisa, pós-graduação, no
mercado financeiro. A profissão de docente acaba concorrendo com outras
opções”, disse Luciana. A questão de gênero também é apontada pela
pesquisadora. “Física e matemática tem muitos alunos homens e as mulheres
seguem mais a carreira de professor.”
Na avaliação da pesquisadora, reverter
esse quadro de desinteresse pelo magistério requer um plano de atratividade com
metas claras e de longo prazo. “É importante uma articulação de vários fatores,
igualar os salários com os de profissionais com a mesma formação,
reconhecimento e fortalecimento profissional, e despertar o interesse pela
profissão ao longo da vida estudantil”, disse.
A carência de professores nas áreas de
exatas como matemática, física, química e biologia é uma preocupação do MEC que
elabora um programa para, desde o ensino médio, atrair os estudantes a seguirem
o magistério nessas áreas. O programa terá oferta de bolsas de auxílio e
parceria com universidades, como adiantou o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados, em
abril.
Fonte Agência Brasil