Por Tatiana Klix
O pesquisador e engenheiro de software Silvio Meira é um dos
principais pensadores brasileiros sobre a tecnologia da informação e seu
impacto na sociedade. Ele escreve artigos científicos e para a imprensa, dá
consultorias e profere palestras concorridíssimas em universidades e fora
delas.
Paraibano de 58 anos, ele também nunca saiu da escola – Silvio é formado
em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, tem
mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco,
doutorado em Computação pela University of Kent at Canterbury, da Inglaterra, e
é professor titular de Engenharia de Software da UFPE.
Mas tem convicção de que
a tecnologia da informação está questionando a utilidade do sistema escolar
clássico.
“O que a gente vê claramente acontecendo hoje é um processo em que nós
entendemos – talvez de uma vez por todas – que se aprende por toda vida, não só
na escola”, diz Silvio.
Aprende-se durante uma discussão na mesa de bar que
suscita uma dúvida solucionada pelo Google, aprende-se russo pelo Google
Translate durante uma viagem, aprende-se assistindo a vídeos pelo Youtube,
exemplifica o pesquisador. “A tecnologia existe fora da escola, em larga
escala, profundamente na sociedade”, disse em entrevista ao Porvir. “O mundo
não está esperando pela escola, quem está atrasada é a escola”, acrescentou.
Durante a conversa de quase uma hora, que evoluiu sobre questões
relacionadas a processos de aprendizagem, problemas do ensino público
brasileiro, ferramentas como Youtube e Bing, inovações na área educacional como
o EdX (plataforma de cursos online de Harvard e MIT), games, robôs e
programação, Silvio foi categórico em afirmar que o “sistema educacional está falido de maneira
catastrófica”.
Mas o engenheiro, que ainda é cientista chefe do centro privado de
inovação C.E.S.A.R, acredita que mais difícil do que atualizar os professores
ou as próprias instituições tecnologicamente é fazer com que a escola seja um
ambiente de aprendizado de processos de percepção, interação, compreensão e de
intervenção no mundo.
E já está preocupado com uma demanda futura, a
necessidade de disseminar a cultura da programação. Para Sílvio, numa prazo de
30 a 40 anos será necessário, para exercer qualquer profissão, ter criatividade
e capacidade de socialização com softwares de robôs. E é papel da escola
preparar os alunos para essa realidade.
“O desafio de usar ou tecnologia da informação não existe mais. As
pessoas já usam. Elas precisarão programar também”, prevê. Silvio é autor do recém lançado livro Novos negócios inovadores de crescimento empreendedor no
Brasil, no qual trata do tema explicando porque o empreendedorismo virou moda
no país.