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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Cidadania e emprego: um dia especial para egressos do sistema prisional

O dia 16 de setembro foi especial na vida de uma turma de alunos do Senai da Barra Funda, na capital paulista, especializada na área de alimentos e panificação. Dez alunos – nove homens e uma mulher – deram o primeiro passo para o recomeço de suas vidas. Trata-se da primeira turma do curso de panificação formada por alunos egressos do sistema prisional.

Primeiro dia do projeto no Senai da Barra Funda
O curso, o primeiro nesses moldes no Estado de São Paulo, é fruto do projeto Empregabilidade, uma das iniciativas da parceria entre a ONG AfroRegae e o Sistema Fiesp.

A Fiesp mobiliza seus sindicatos filiados para que os alunos saiam do curso profissionalizante do Senai-SP com a possibilidade de emprego formal. A primeira entidade parceira é o Sindicato da Indústria de Panificação do estado (Sindipan-SP).

Na abertura do curso, o diretor do Departamento de Ação Regional do Sistema Fiesp, Sylvio Alves de Barros Filho, destacou que “a oportunidade é muito importante, não só pelo projeto piloto em si, mas, principalmente, por parte de vocês [alunos], que serão exemplos para que outras pessoas possam fazer o mesmo caminho”.

Os alunos contam com bolsa-auxílio, com base nos recursos do Pronatec, além de acompanhamento adequado à realidade dos alunos.


Chinaider Pinheiro, coordenador de inclusão no mercado de trabalho da ONG AfroReggae, explicou porque levou o projeto para São Paulo, pois recebia muitos pedidos de pais e mães de ex-detentos que não conseguiam oportunidades de empregos. “Sabia que iria ser difícil, mas fiquei encorajado quando soube pelo José Junior [coordenador executivo do AfroReggae] que aqui havia outra instituição por trás nos fortalecendo, que é a Fiesp”.

Segundo Pinheiro, os alunos da turma inicial são protagonistas de uma nova história. “São vocês que conquistarão o espaço do projeto ‘Empregabilidade’ no estado de São Paulo. São vocês que vão trazer esperança para cada família de egresso que passa dificuldade na vida social.” Leia mais.


o rosto dos alunos, a emoção era visível. Em especial para M., a única mulher do grupo, e W., o mais velho da turma. Entre sorrisos e lágrimas, eles afirmaram, em entrevista à reportagem, que não vão desperdiçar a oportunidade. E garantem: vão fazer história. Seus nomes completos foram preservados, a pedido deles, que dizem sofrer preconceito. Leia mais.


Abraçar a iniciativa é uma ação de responsabilidade social para as empresas do setor de panificação, acredita, com conhecimento de causa, o diretor técnico do Sindipan-SP, Luís Carlos de Souza. Ele citou sua bem sucedida experiência de empregar um egresso do sistema prisional e fala da importância da confiança neles, já que todos têm o direito a uma oportunidade.

Para, diretor do Comitê dos Jovens Empreendedores (CJE) da Fiesp, Ciro Bueno, o projeto reflete a responsabilidade social de empresários empreendedores, como os do setor da panificação. “Essa turma de panificação é o primeiro caso de sucesso, mas temos certeza que terão vários outros e a gente vai atingir o êxito total nesse projeto”.

Fonte Sistema Fiesp/Agência Indusnet




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

OIT: trabalho infantil no mundo é reduzido em um terço entre 2000 e 2013

Os casos de trabalho infantil no mundo tiveram redução de um terço entre 2000 e 2013, segundo dados do estudo Medir o Progresso na Luta contra o Trabalho Infantil: Estimativas e Tendências, divulgado nesta segunda (23/92013) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando nos últimos 13 anos caiu de 246 milhões para 168 milhões.


Para a OIT, o avanço no combate ao trabalho infantil foi possível devido à intensificação de políticas públicas e da proteção social das crianças e dos adolescentes nos últimos anos, acompanhada pela adesão a convenções da organização e pela adoção de marcos legislativos sólidos no âmbito nacional. A instituição verificou que os maiores progressos na queda do uso desse tipo de mão de obra ocorreu entre 2008 e 2012.

De acordo com a OIT, essa redução, no entanto, não é suficiente para eliminar as piores formas de trabalho infantil – meta assumida pela comunidade internacional em parceria com a organização, por meio da Convenção 182. A estimativa é que mais da metade das crianças envolvidas em algum tipo de trabalho exercem atividades consideradas perigosas.

“Estamos nos movendo na direção correta, mas os progressos ainda são muito lentos. Se realmente queremos acabar com o flagelo do trabalho infantil no futuro próximo, é necessário intensificar os esforços em todos os níveis. Existem 168 milhões de boas razões para fazê-lo”, declarou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

As piores formas de trabalho infantil são as consideradas perigosas – atividade ou ocupação, por crianças ou adolescentes, que tenham efeitos nocivos à segurança física ou mental, ao desenvolvimento ou à moral da pessoa. O trabalho doméstico, por exemplo, é considerado uma das piores formas. Segundo a OIT, aproximadamente 15 milhões de crianças estão envolvidas nesse tipo de atividade. Só no Brasil, são quase 260 mil.

A divulgação do estudo levou em consideração a proximidade da 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, que será realizada em Brasília, em outubro.

Regionalmente, o maior número de crianças em atividade no mercado de trabalho está na Ásia - 78 milhões, cerca de 46% do total. Proporcionalmente à população, no entanto, o Continente Africano é o que concentra o maior percentual de menores de 18 anos envolvidos nesse tipo de atividade, 21%.


Em relação ao setor em que crianças e adolescentes são encontrados trabalhando com maior frequência, a agricultura é o que tem a maior concentração, 59% dos casos (98 milhões). Os setores de serviços (54 milhões) e da indústria (12 milhões) também mostram incidência de uso de mão de obra infantil, especialmente na economia informal.

Fonte Agência Brasil


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Responsabilidade Social: universidades vão prestar serviços a comunidades em todo o país

Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o país estão se preparando para a 9ª edição do Dia da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, em 21 de setembro. Organizada anualmente pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), a campanha estimula as IES a promover ações socialmente responsáveis que contribuam, efetivamente, para a melhoria da qualidade de vida da população durante todo o ano.

Durante o Dia, as IES promovem debates com seus professores, alunos e funcionários sobre a importância de projetos socialmente responsáveis. Além disso, a campanha proporciona o envolvimento da comunidade acadêmica com a sociedade, conferindo mais visibilidade às ações.

Veja exemplo de instituição que participou do evento em 2012



Desde a primeira edição do projeto, em 2005, participaram cerca de 1.260 instituições com a realização de 8,5 milhões de atendimentos comunitários. A média é de cinco mil atividades voluntárias por ano, com a participação de mais de 180 mil professores, alunos e técnicos.

É importante considerar que o Dia é uma mostra das ações que já são desenvolvidas durante o ano todo nas faculdades, centros universitários e universidades. As IES têm autonomia para montar a programação, elaborar as atividades e definir o local, de acordo com seu público e com o tipo de evento a ser promovido.

A participação na campanha confere às IES o selo Instituição Socialmente Responsável, que certifica o envolvimento do estabelecimento com a comunidade e comprova que a instituição cumpre seu compromisso social.

Todas as IES, associadas ou não à Abmes, podem aderir gratuitamente à campanha. Em algumas regiões do país, instituições públicas e organizações do Sistema S também participam do evento.

A Abmes oferece uma área exclusiva e aberta no site da campanha para que cada instituição possa divulgar suas ações.

Concurso
Para estimular e envolver ainda mais a comunidade acadêmica na campanha, a Abmes criou o Concurso Silvio Tendler de Vídeos sobre Responsabilidade Social das IES. O prêmio destaca os melhores registros dos projetos e atividades realizados pelas instituições no Dia.

As inscrições estarão abertas logo após a realização da campanha. São quatro as categorias: vídeo institucional, cobertura jornalística, documentário e videoclipe.

Para aderir à campanha basta enviar os dados da sua instituição para dia@abmes.org.br, e a Abmes encaminhará as informações de acesso. Mais informações: imprensa@abmes.org.br ou dia@abmes.org.br

Fonte Abmes


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Cidadania: haitianos são capacitados para trabalhar em Santa Catarina

Indústrias catarinenses estão investindo na qualificação de trabalhadores vindos do Leste do Haiti, região que foi devastada por um terremoto em 2010. Por meio do Sesi catarinense, a Metisa, de Timbó, está capacitando haitianos que vieram em busca de melhores condições de vida. As aulas, que ocorrem duas vezes por semana, ensinam a língua portuguesa.

Um dos alunos é Jocelyn Celiantus, de 27 anos, que morava em Gonaye. O jovem fala francês e espanhol, além do crioulo, que é a língua oficial do país de origem. "Antes de vir para o Brasil vivi por alguns anos na Republica Dominicana e no Equador e trouxe muitos sonhos, como a esperança de reconstruir minha vida e poder trazer meu filho e família para cá". Antes de atuar na Metisa, Jocelyn era pedreiro. Ele conta que teve que se adaptar à nova função. "Está sendo bom aprender outro ofício e, principalmente, outro idioma".

Adius Celiantus, de 28 anos, quer juntar as economias para trazer seus dois filhos, a esposa e a mãe para o Brasil. "Aproveitei uma oportunidade única e decidi vir trabalhar no Brasil. Quero reconstruir minha vida com minha família aqui", declara o trabalhador da Metisa, lembrando o acordo de cooperação firmado entre os dois países. De acordo com relatório emitido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil destinou, em 2010, R$ 92 milhões para auxiliar na reconstrução do Haiti.

Outra indústria que também investe na qualificação de haitianos é a BRF, de Chapecó. A indústria cedeu sala de aula para a realização das aulas. "Nosso atendimento inicial visava a nivelar o conhecimento em língua portuguesa e matemática. A partir disso, vamos encaminhá-los à formação básica, já que muitos não concluíram o ensino médio", explica a educadora Ivana Santos, do Sesi de Chapecó. Os trabalhadores permanecerão em curso até outubro próximo.

Fonte Sistema Fiesc




quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fique de olho: Procon DF autua 49 empresas de comércio eletrônico

Multas que variam de R$ 400 até R$ 6 milhões poderão ser aplicadas pelo Procon do Distrito Federal a 49 sites autuados durante a Blitz do Comércio Eletrônico, realizada entre os dias 2 e 17 deste mês (julho de 2013), para apurar irregularidades contra consumidores e garantir o direito de segurança e transparência nas compras pela internet. A relação foi publicada nesta segunda (29/7/2013), na página do Procon na internet.

Segundo o diretor do Procon, Todi Moreno, pela primeira vez no Brasil, foram fiscalizados 73 grandes sites de comércio eletrônico. Destes, 49 apresentaram algum tipo de inadequação, de acordo com o Decreto Presidencial nº 7.962, que estabelece regras para as compras na internet.

Além de receber multas, os infratores poderão ter sua atividade suspensa, por causa de práticas como falta de informações claras sobre o direito de arrependimento, ausência de canal eficaz de atendimento eletrônico ao consumidor, falta do endereço e dos demais dados para contato e do CPF e CNPJ do fornecedor ou responsável. A blitz foi virtual, com os fiscais do Procon usando computadores para fiscalizar os sites de compras.

“A internet não é mais terra sem lei. É nosso dever garantir a segurança e a transparência em todas as relações de consumo”, disse Todi Moreno. Ele informou que uma das maiores reclamações dos consumidores é cobrança indevida de mercadorias vendidas, mas que não são entregues. Outro exemplo é o de uma companhia aérea que dá informações em língua estrangeira para esconder benefícios do consumidor.

De janeiro a julho, o Procon-DF registrou 569 atendimentos referentes a problemas de consumidores com sites de compras. A maioria queixava-se de cobrança indevida, descumprimento ou erro contratual, cancelamento de compra e produto não entregue. No ano passado, foram registrados 947 atendimentos e, em 2011, houve 1.037 demandas relacionadas a comércio eletrônico.

As penalidades previstas para quem violar o Código de Defesa do Consumidor compreendem multa, interdição do estabelecimento e cassação do alvará de funcionamento, dentre outras.

Todi Moreno disse que as empresas autuadas tiveram prazo de dez dias para apresentar defesa e já entregaram suas razões ao Procon, que agora vai avaliar a sanção a ser aplicada a cada uma, de acordo com os prejuízos causados aos consumidores. "Podemos até acionar outros órgãos, como a Polícia Federal e a Delegacia de Proteção ao Consumidor, para apreender produtos a fim de ressarcir os prejuízos”, informou.

Os sites autuados foram os seguintes: Avianca; Balão da Informática; Bancorbrás; Bonprix; BrandsClub; Chinainbox; Click On;  Compra Fácil; CTIS; CVC; Decolar.com; Extra.com.br; Fast Shop; Fastinbox; Girafa.com.br; Guriveio.com; Hoteis.com;  Hotelurbano.com; House Games Press; Start; HP; Ingresso Rápido; Kalunga.com; Kingmania; Livraria Cultura; Loja do Lar; Lojas Colombo; MegaTNT; MPXshop; Novomundo.com; Olhadela; Oqvestir; Peixe Urbano; Ponto Frio; Privalia; Ricardo Eletro; Safarishop.com.br; Selfshopeletro; ShoppingOriente; Smiles; Tablet.com.br; Tam Viagens; Terravista; Ticketsforfun; Viajanet e Turismo; VoeAzul; VoyagePrivé; Westwing Home and Living e Yes Internet.



terça-feira, 16 de julho de 2013

Cidadania: Brasil tem a 4ª maior taxa de homicídio contra crianças e adolescentes

Em 2010, foram mais de 8.600 crianças e adolescentes assassinadas. Em número de homicídios, o país fica atrás somente de El Salvador, Venezuela e Trinidade e Tobago

O Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA) completará no próximo dia 23 de julho, 23 anos no Brasil. Nesse período, o Estatuto produziu transformações importantes na cultura política brasileira, com mudanças paulatinas nas relações familiares, comunitárias sociais e institucionais. Está cada vez mais claro para a sociedade que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, embora estes não sejam respeitados e atendidos em sua totalidade. “Para nós, isso significa que há sim o que comemorar, pois está em marcha uma ruptura com a história de anonimato e de absoluta inferiorização da infância brasileira”, disse a deputada federal (PT) Erica Kokay.

Segundo a parlamentar, ainda há muito a exigir, pois a garantia dos direitos das crianças e adolescentes pelo Poder Público no Brasil está distante do que preconiza o ECA. “Mais que isso, é preciso lutar para impedir retrocessos nos direitos garantidos, em especial no que tange à idade penal dos adolescentes que se encontram em cumprimento de medidas socioeducativas”, afirma.

Dados
Existem hoje dados suficientes para afirmar que, no Brasil, os adolescentes são mais vítimas do que algozes. É o que mostra, por exemplo, a edição de 2012 do Mapa da Violência.

Em 2010, foram mais de 8.600 crianças e adolescentes assassinadas. Ainda segundo o mesmo estudo, o Brasil tem a 4ª maior taxa de homicídio contra crianças e adolescentes de até 19 anos entre 99 países pesquisados. O país ficou atrás somente de El Salvador, Venezuela e Trinidade e Tobago.

Só em 2012, o serviço Disque 100 recebeu 120 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes, especialmente agressões e maus tratos. Segundo a deputada Erica Kokay, apenas uma minoria de nossas crianças e jovens se envolvem em atos infracionais. Dos cerca de 20 milhões de adolescentes brasileiros (segundo dados de 2010 do IBGE), apenas 19 mil cumprem medidas socioeducativas em meio fechado, representando não mais que 0,07% do total, de acordo com informações de 2011 da Secretaria de Direitos Humanos.

Nos últimos anos, houve uma redução no número de práticas infracionais graves cometidas por adolescentes. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça, no período 2002 a 2011, a taxa de homicídio caiu de 14,9% para 8,4%; latrocínio de 5,5% para 1,9%; estupro de 3,3% para 1,0%; e lesão corporal de 2,2% para 1,3%. As infrações cometidas por adolescentes concentram-se hoje nos crimes contra o patrimônio (38%) e no tráfico (26.6%).

Para a parlamentar, esse conjunto de dados indica que a solução da questão passa por investir no desenvolvimento desses adolescentes, por meio de políticas públicas adequadas, e não pelo seu encarceramento no sistema prisional.

Medidas Preventivas
Erica Kokay afirma que as instituições, em especial o Congresso, devem pensar a construção de mecanismos que assegurem políticas públicas preventivas, de modo que todas as crianças tenham direito à educação infantil e integral para não iniciarem uma trajetória infracional na adolescência. Além disso, segundo ela, é preciso exigir do Poder Executivo o cumprimento efetivo da lei que cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional.

A deputada explica que se o ECA fosse cumprido na sua integralidade, não haveria nenhuma criança fora da creche; não haveria por volta de 26% de meninas e meninos com até cinco anos de idade fora da escola. “Por isso eu digo não à redução da maioridade penal e ao endurecimento das medidas socioeducativas, e digo sim ao investimento no desenvolvimento das crianças e adolescentes brasileiras, como forma de desenvolvimento do Brasil”, conclui. (da Agência FEM-CUT/SP, com informações do PT Câmara)

Fonte Brasil de Fato


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sem preconceitos: especialista destaca lei que valoriza a história afro-brasileira e africana

Por Leandro Carvalho (mestre em história)

O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. No presente texto pretendemos esboçar uma reflexão acerca da Lei 10.639/03 [que completou uma década em 1/2013], alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.

Uma primeira reflexão que devemos fazer é sobre a palavra escravo, que foi sempre atribuída a pessoas em determinadas condições de trabalho. Portanto, a palavra escravo não existiria sem o significado do que é o trabalho e das condições para o trabalho.

Quando nos referimos, em sala de aula, ao escravo africano, nos equivocamos, pois ninguém é escravo – as pessoas foram e são escravizadas. O termo escravo, além de naturalizar essa condição às pessoas, ou seja, trazer a ideia de que ser escravo é uma condição inerente aos seres humanos, também possui um significado preconceituoso e pejorativo, que foi sendo construído durante a história da humanidade. Além disso, nessa mesma visão, o negro africano aparece na condição de escravo submisso e passivo.

A Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.

Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil. Sendo assim, como trabalhar com essa temática em sala de aula? Os livros didáticos já estão quase todos adaptados com o conteúdo da Lei 10.639/03, mas, como as ferramentas que os professores podem utilizar em sala de aula são múltiplas, podemos recorrer às iconografias (imagens), como pinturas, fotografias e produções cinematográficas.

Uma boa indicação de material didático para abordar esse conteúdo são os materiais intitulados A Cor da Cultura, que variam entre livros animados, entrevistas, artigos, notícias e documentários, disponíveis em www.acordacultura.org.br– material importante que ressalta a diversidade cultural da sociedade brasileira.

Outro importante material sobre a história da África, o qual os professores poderão utilizar como suporte teórico para a compreensão da diversidade étnica que constitui o continente africano, é a coleção História Geral da África, que tem aproximadamente dez mil páginas, distribuídas em oito volumes. Criada e reeditada por iniciativa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a coleção aborda desde a pré-história do continente africano até os anos 1980, e está disponível para download gratuito em www.dominiopublico.gov.br.

O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, após a aprovação da Lei 10.639/03, fez-se necessário para garantir uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira. Portanto, os professores exercem importante papel no processo da luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil.

Fonte Canal do Educador


terça-feira, 9 de julho de 2013

Cidadania: UnB lança escola de formação para moradores de rua

A Universidade de Brasília (UnB) acaba de lançar (3/7/2013) novo programa de extensão, a Escola de Formação Permanente para o Protagonismo do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPSR). O objetivo é orientar catadores e moradores de rua sobre seus direitos, além de fornecer apoio a outros movimentos sociais.

A iniciativa é da pesquisadora Rose Barboza, uma das coordenadoras do projeto, em parceria com a professora Maria Lúcia Leal, do Departamento de Serviço Social (SER). O projeto visa a fortalecer a luta da população que vive nas ruas pela democratização do acesso a seus direitos tanto nas esferas governamentais como na sociedade civil.

O processo de construção dos debates é baseado no Método Paulo Freire, no qual o objetivo é que a experiência das pessoas seja utilizada como forma de conteúdo nas aulas, oficinas e nos debates. “Há também espaço para que elas possam discutir direito, políticas públicas como moradia, saúde e Educação”, explicou Rose.

Segundo a pesquisadora, a motivação do projeto em Brasília é justamente por ser um dos lugares no Brasil onde há maior desigualdade. Atualmente, o projeto auxilia 20 pessoas do MNPSR e organiza encontros quinzenais no Campus Darcy Ribeiro e na Faculdade UnB Ceilândia (FCE).

O projeto tem os seguintes parceiros: Núcleo de Estudos da Infância e da Juventude (Neij); Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) e do Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Violes); Departamento de Serviço Social (SER), em parceria com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR); e Programa de Extensão Universitária da UnB (Proext), sob a coordenação da professora Maria Lúcia Leal.


Fonte Agência Brasil


terça-feira, 18 de junho de 2013

Movimento Passe Livre: O que queremos?

Por Paulo Motoryn*

Desde o ato da última quinta (13/6/2013) contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo, em que a violência e a repressão policial viraram notícia em todo o planeta, mais uma ameaça ronda o sucesso das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre: a instrumentalização do povo.

A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias, imperou o comentário: “Agora até a grande mídia defende as manifestações”. Como se isso fosse algo positivo.

Por um lado, a máxima “não é só pelos 20 centavos” conseguiu convencer diversos setores da população a ir às ruas, por outro, abriu uma questão polêmica: se o aumento da passagem foi só o estopim, o que mais nos incomoda? Quais são os reais motivos do fim da letargia política em São Paulo?

(Foto Arthur Lopes http://bit.ly/12TkvDu)


É fato, o reajuste do preço transporte só provocou a revolta necessária para que o paulistano percebesse o óbvio: política se faz nas ruas. No entanto, a recusa ao modelo de sociedade atual tem de ser deixada clara. Isso porque os perigos da apropriação do movimento são reais.

Na sua última edição, Veja contrariou sua linha editorial e se posicionou a favor das manifestações. Quando um veículo que representa o que há de mais reacionário na sociedade apoia movimentos sociais, há no mínimo um ponto de extrema relevância para refletir.

Mas as páginas de Veja só revelam a nova postura dos veículos da imprensa dominante: já que não podem mais controlar ou evitar a multidão, manipulam seus objetivos. De acordo com a revista, o descontentamento dos manifestantes se deve também à corrupção, à criminalidade… Falácia.

É evidente que essas questões também são importantes, mas os jovens que estão nas ruas estão preocupados com questões muito mais profundas. A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais.

O grito dos jovens está longe de bradar contra os “mensaleiros”, contra a inflação, contra as políticas sociais de transferência de renda. O movimento é progressista por natureza e agora tem de saber lidar com uma ameaça feroz: a direitizacão.

O aparelho midiático que serve a esses interesses já foi acionado. A grande imprensa já está mobilizada para maquiar o movimento de acordo com um ideário conservador, por isso o povo precisa fazer seu recado ser entendido. Sob hipótese nenhuma podemos nos alinhar aos Datenas, Jabores e Pondés.

O que queremos é derrubar as barreiras entre ricos e pobres, quebrar os muros entre centro e periferia, consolidar o povo como um ator político de importância ímpar e lutar por um Brasil com justiça social, sem desigualdade e com oportunidades iguais para todos e todas. Nada mais. E nada menos.

Vamos à luta!



quinta-feira, 9 de maio de 2013

Cidadania: Meninos de rua

Por Conceição Cinti*

Ao contrário dos meninos ricos que na maioria das vezes se perdem dentro de suas próprias mansões pela falta de limites e excesso de riqueza, os meninos pobres do Brasil se perdem nas ruas à míngua e ignorados muitas vezes por aqueles que têm o dever de acolhê-lo, com ele se envolver, se importar e cuidar, afinal, é para isso que recebem dos cofres públicos.

Completamente abandonados e à mercê da sorte são despojados de todos seus direitos diante de uma sociedade preconceituosa, egoísta e nada solidária. A imagem de menino que não tem valor muitas vezes é reforçada pela mídia populista e, o mais grave, com a permissão do Poder Público é achincalhado com palavras de ordens do tipo: “monstros, irrecuperáveis, prisão perpétua ou morte é o mínimo”.

Vulneráveis, essas crianças e adolescentes são levados e colocados à disposição do Poder Público e, ao invés de serem acolhidos, lhes subtraem a essência do ser humano. É por essa razão que às vezes olhamos para uma criança que cronologicamente ou biologicamente é uma criança e já não vemos nela um menino ou uma menina, pois tudo que conseguimos enxergar é um ser repulsivo ao convivo social e rejeitado.

Para que se possa olhar e enxergar uma criança em alguém que já foi mutilado na sua dignidade é necessário que tenhamos a responsabilidade e a sensibilidade de identificar na sua alma as feridas causadas pela indiferença de uma sociedade egoísta e posteriormente destroçada por um Poder Público deliberadamente fraco e inoperante no cumprimento de sua obrigação de acolher e tratar meninos e meninas, tendo em vista a falta de compromisso com a dignidade humana das pessoas de baixa renda que são a maioria das crianças e adolescentes presos desse imenso país pobre.

O documentário denominado “Meninos de Rua” (veja o vídeo abaixo) demonstra a trajetória das crianças que viviam nas ruas de Belo Horizonte (MG) nos anos de 1980. Já se passaram 23 anos dos episódios retratados nesse documentário e apenas recentemente as autoridades brasileiras admitiram a epidemia de drogas no Brasil, fazendo alguma mobilização para combater essa situação e cujos resultados, na prática, ainda são ínfimos em relação a grande demanda de dependentes.



Portanto, é forçoso reconhecer que o mais provável é que o número de crianças mortas durante essas décadas de indiferença do Governo esteja além do que se possa imaginar. Além disso, o elevado número de meninos e meninas em tenra idade dependentes de drogas continua sendo uma realidade apesar dos esforços do poder público para suprimir deliberadamente as estatísticas que comprovam esta situação que persiste em acontecer porque pouca coisa ou quase nada foi construído para acolher essas crianças e adolescentes além de mais unidades de cumprimento de medidas socioeducativas.

O Colégio Salesiano, de Minas Gerais, já entendia naquela época que esse assunto requer a solidariedade de todos para que possamos salvar nossas crianças, o futuro do Brasil. Contudo, a situação de Minas Gerais é apenas um fragmento do descaso, da desumanidade com as crianças e adolescentes brasileiros de baixa renda em todos os Estados da nossa Federação. Essa situação vem sendo denunciada por mim como “O Holocausto Brasileiro”, onde crianças, adolescentes e jovens são mortos todos os dias sem que nenhuma providência seja tomada para evitar esse morticínio.

É dever salientar que temos grandes dificuldades para levantar estatisticamente o número desses desvalidos menores de 15 anos, que se iniciam nas ruas como dependentes químicos e posteriormente se envolvem com a criminalidade para custear sua dependência. Por essa razão, esse documentário produzido por pessoas idôneas, como é o caso da direção dos Salesianos e da pessoa de Dom Bosco, é de extrema relevância para que possamos tomar como base concreta para defender esses meninos que vivem à margem de todos os seus direitos.

Nas estatísticas oficiais constam apenas menores, a partir de 15 anos de idade. Porém salta aos olhos, que apesar das mortes precoces virem acontecendo a décadas é grande em todos os Estados da Federação o números de crianças comprometidas como o uso de drogas e trabalhando para o tráfico de drogas, que podemos até dizer que no mundo contemporâneo, se tratar da modalidade mais perversa do trabalho escravo, como tão claramente nos elucida outro documentário igualmente relevante denominado ” Falcão, meninos do tráfico”, produzido por iniciativa (privada) e com a participação do Rapper MV Bill.

Para combatermos e dominarmos uma endemia necessitamos de um diagnóstico real, transparente, para podermos utilizar todas as estratégias necessárias e adequadas à situação a fim de atingirmos o controle da realidade e só assim ter condições reais de combater com eficiência e obter sucesso.

Portanto, ao sonegar informações a respeito da real situação do comprometimento de crianças entre seis e dez anos de idade em situação e risco iminente de mortes violentas em razão das drogas não é apenas vergonhoso para o país, mas se constitui um crime grave contra essa parcela indefesa da população, o que torna necessária uma investigação por parte do CNJ e demais organizações, inclusive internacionais, para que cesse o horror do que venho denominando de “O Holocausto Brasileiro”.

Das ruas, esses meninos e meninas de baixa renda, dependentes químicos e já em confronto com a lei, e sobre os quais o Poder Público não mantém deliberadamente um rígido controle sobre quantos são de fato, têm seus destinos traçados nessas instituições públicas em total vulnerabilidade e à disposição do Poder Público, ao invés de serem acolhidos e recuperados.

* Advogada e educadora. Precursora da Educação Restaurativa. Especialista em Tratamento de Dependentes em Substâncias Psicoativas e Delinquência Juvenil, com experiência de mais de três décadas. Palestrante e autora do www.educacaorestaurativa.org.
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