terça-feira, 26 de março de 2013

Financiamento do ensino: MP que destina royalties à Educação não vai proporcionar recursos suficientes ao setor, diz estudo


Levantamento feito pelo professor de matemática financeira da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Gil Vicente Reis Figueiredo, mostra que a Medida Provisória 592/12, que destina a receita dos royalties do petróleo e recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação, será responsável pelo investimento no setor de 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020.

O percentual está longe de atingir a meta desejada pelo governo para que se cumpra o Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê o investimento de 10% do PIB no período de dez anos. Atualmente, o governo investe 5,7% do PIB. A medida deveria proporcionar ao setor o complemento de 4,3%.

Figueiredo, que é diretor da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes – Federação), explica que os valores apresentados no estudo são baseados no preço relativamente constante do barril de petróleo nos próximos anos, assim com o câmbio e o PIB brasileiro. Os número tratam-se de uma estimativa.

A pesquisa foi apresentada nesta terça-feira (19) na comissão mista que analisa a MP 592/12. Na última audiência, no dia 14 de março, o secretário de Petróleo, Gás e Recursos Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, diz que ainda não foram feitos cálculos oficiais de quanto será destinado à educação.

A MP destina 100% da receita dos royalties dos novos contratos da área de concessão firmados após 3 de dezembro de 2012, data da publicação da medida, e 50% dos rendimentos do Fundo Social do Pré-Sal para a educação. De acordo com o levantamento, imaginando que todas as atuais áreas fora do pré-sal venham a ser leiloadas novamente, “teríamos um volume de royalties e participações especiais da ordem de 0,6% do PIB”, diz em artigo. “Em 2020, dos royalties, 20% vão para a União; e das participações especiais, 46%. Na melhor das hipóteses, a destinação de recursos para a educação, por essa via, alcançará em 2020 o patamar de 0,2% do PIB”.

Somado a essa parcela, o pesquisador estima a capitalização dos recursos destinados ao Fundo Social do Pré-Sal entre 2013 e 2020. Ao final do período, o Fundo Social somaria cerca de 16% do PIB. O rendimento seria 2% em dez anos, um retorno anual de 0,03% do PIB. A metade, 0,015%, que iria para a educação.

Segundo Figueiredo, caso a integralidade do Fundo Social seja destinada ao setor seria possível chegar a 2020, com “algo próximo a 8,5% do PIB para a educação”.  Ele conclui no artigo publicado que mesmo nesse caso, “ainda teriam que ser encontradas fontes suplementares”.



segunda-feira, 25 de março de 2013

Meio ambiente: progresso da bioenergia não pode afetar segurança alimentar, diz FAO

O desenvolvimento da bioenergia no Brasil deve evitar comprometer a segurança alimentar, alertou o coordenador do programa de Bioenergia da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olivier Dubois (foto).

Em entrevista à Agência Brasil, Dubois falou da necessidade constante de mapeamento do solo para investigar o impacto ambiental da produção agropecuária. Destacou que é preciso estudar os efeitos indiretos da ocupação do solo, para que não haja danos, principalmente, à agricultura familiar ao redor do mundo.

“Se disser ao pequeno agricultor que ele terá dinheiro a partir de uma cultura, o risco é de ele utilizar seu lote todo para essa única cultura. Ele fará 10 hectares para cultura de dendê e terá de comprar comida. O risco disso é que ele será muito mais dependente dos preços dos alimentos. Ou seja, uma certa proporção [do seu terreno] ele tem que garantir, senão há o risco de segurança alimentar”

A avaliação de Dubois é que não há necessariamente uma incompatibilidade entre a produção de alimentos e biocombustíveis. “Não podemos diabolizar uma coisa porque depende muito da forma como você faz. Não se pode competir com a utilização da terra na produção de biocombustíveis, mas é possível concorrer. Planta alimentar como matéria-prima pode ser mantida em consórcio de diferentes culturas na mesma área”.

O coordenador citou o Projeto de Critérios e Indicadores de Bioenergia e Segurança Alimentar da FAO, como uma ferramenta da entidade, que inclui instrumentos de avaliação dos impactos ambientais e socioeconômicos da produção de bioenergia, com indicadores que podem ser medidos durante a produção e a recomendação de boas práticas e de medidas políticas para promover o desenvolvimento sustentável da bioenergia.

“Essa ferramenta orienta, por exemplo, os possíveis riscos de substituição alimentar de forma sustentável. Com ela podemos avaliar e monitorar as práticas de bionergia pelo mundo”, explicou. O instrumento permite recomendar, por exemplo, balancear a produção de energia com a de outros alimentos, utilizando o subproduto para alimentar o gado, misturando ou fazendo rotação de culturas.

De acordo com a Embrapa Agroenergia, até 2004 não existia fabricação de biodiesel no Brasil. Com a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), o país passou a ser o segundo maior produtor mundial e colocou no mercado 2.717 m³ do biocombustível em 2012.



Do O Globo: tamanho P, M ou G? Fim da confusão à vista

Senai levanta medidas de 10 mil brasileiros, e roupas poderão ter padrões regionais e nacional já em 2014

Scanner humano colhe medidas do corpo de voluntários
para ajudar a indústria a fazer produtos mais
adequados ao consumidor (Foto Leo Martins/Agência O Globo)

Ao perguntar a um brasileiro que tamanho ele veste, a resposta, invariavelmente, é depende. Isso porque a falta de padrão da indústria nacional faz com que uma mesma pessoa possa ir do tamanho P ao G, do 38 ao 42, segundo a marca. É um problema que pode estar com os dias contados. 

Um estudo antropométrico inédito no Brasil é desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil — Senai-Cetiq do Rio de Janeiro, com a ajuda de um aparelho chamado scanner humano, já utilizado pelas indústrias americanas e europeias. Já foram mapeadas as medidas de 6,5 mil brasileiros de todas as regiões do país. O estudo deve ser concluído até julho do ano que vem, e os dados vão gerar tabelas de medida padrão regionais e nacionais.

Um investimento de R$ 5 milhões, em recursos próprios do Senai-Cetiq, que criará referências para a indústria aprimorar a precisão das numerações de suas confecções.

Clique aqui para continuar lendo a reportagem. 


Izabel Noronha: Professores faltam ou faltam professores?

A cada início de ano os meios de comunicação publicam reportagens e análises que identificam os principais problemas da rede pública estadual de São Paulo. Um dos pontos destacados é a falta, nas salas de aula, de professores de muitas disciplinas, como Física, Química, Biologia, mas também Sociologia, Filosofia e outras. Isto afeta diretamente o direito dos estudantes a uma Educação de qualidade.

Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da Apeoesp,
vice-presidenta da Câmara de Educação Básica do
Conselho Nacional de Educação e 
membro do Conselho
Nacional de Educação
Múltiplos fatores interferem na qualidade do ensino, entre eles a profissionalização e as condições de trabalho dos professores; as condições de ensino-aprendizagem dos estudantes, a gestão escolar; a organização curricular, a formação inicial e continuada dos profissionais da Educação; a infraestrutura e equipamentos das unidades escolares etc. A qualidade da Educação pública também está relacionada a fatores como as políticas sociais implementadas pelo poder público, distribuição de renda, desigualdade social, ampliação das redes de ensino e atendimento ao direito à Educação, entre outros.

É função primordial da escola formar cidadãos, por meio não apenas da transmissão sistemática do saber historicamente acumulado, patrimônio universal da humanidade, mas também da produção coletiva de novos conhecimentos. Neste sentido, a escola precisa estar articulada a um projeto educacional de conteúdo humanista, comprometido com a escolarização de todos com qualidade.

Inegavelmente, o professor é o elemento central do processo ensino-aprendizagem. Para além da estrutura e da infraestrutura, sem dúvida elementos importantes, devemos reconhecer que o ofício do professor é único e insubstituível, e como tal deve ser valorizado. É necessário, sobretudo, recuperar a escola como processo de humanização, no sentido do atendimento das necessidades do ser humano que nela trabalha e estuda. Sem isto, a escola pública não alcançará o êxito esperado pela sociedade.

O professor da rede estadual de ensino de São Paulo vem sendo submetido a condições que não favorecem o seu trabalho. A gestão escolar encontra-se extremamente centralizada, quer no que diz respeito à formulação das políticas educacionais – na qual os profissionais da Educação não ouvidos – seja na formulação e execução do projeto político-pedagógico de cada unidade escolar.

Os artigos 13 e 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional asseguram aos professores “participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”, a “participação dos profissionais da Educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”, bem como a “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.” Nem sempre, porém, isto ocorre de fato. Os professores são vistos apenas como executores das políticas definidas pelas autoridades e gestores educacionais e os conselhos de escola, na maior parte das vezes, cumprem um papel protocolar e homologatório.

A valorização dos professores se assenta no tripé “salário, carreira/jornada e formação, inicial e continuada”. Hoje a carreira do magistério paulista não corresponde às necessidades da escola pública. Ela não atrai os melhores profissionais e muitos professores deixam as escolas estaduais para se dedicarem a outras atividades, dentro ou fora de sua área de formação. Os salários são muito baixos. É sintomático que esteja decaindo, ano após ano, o número de estudantes matriculados e formados em licenciaturas.

A formação inicial, nas faculdades públicas e privadas, encontra-se divorciada da realidade das escolas, enquanto que o sistema de ensino não oferece formação continuada no local de trabalho. Muito menos cria condições para que isto, ao não aplicar a chamada “jornada do piso”, dedicando no mínimo 33% da carga horária semanal do professor para atividades realizadas fora da sala de aula.

Ao mesmo tempo, porém, aplica aos professores sucessivas avaliações, inclusive para manter grande parte do contingente (hoje quase 50 mil profissionais) em situação de contratação temporária, sem direitos básicos. O Estado pretende selecionar professores, quando há falta destes profissionais. Um contra senso que leva o governo a convocar todos os professores disponíveis, mesmo aqueles que não realizaram a prova ou não obtiveram a nota exigida.

Este quadro, aliado à escalada de casos de violência dentro e no entorno das escolas, vem provocando o adoecimento dos professores, perceptível no cotidiano das escolas e confirmado por pesquisas realizadas pela Apeoesp, em parceria com a Unifesp e Grupo Géia; pela CNTE, em convênio com Universidade de Brasília; pela Fundacentro e outras instituições públicas e privadas.

Os números demonstram que a carreira docente já não atrai os jovens estudantes na proporção das necessidades do nosso país. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), em 2007 havia 2.500.554 profissionais atuando em sala de aula, mas em 2009 este número baixou para 1.977.978 professores.

O Censo do Ensino Superior, também realizado pelo Inep/MEC, registra que de 2005 a 2009 o número de estudantes universitários formados em cursos de formação de docentes para a Educação Básica caiu de 103 mil para 52 mil. O mesmo se repete no caso dos cursos de licenciatura, tendo havido queda no interesse pela carreira: naquele período o número de formados em licenciaturas caiu de 77 mil para 64 mil.

O Brasil precisa urgentemente rever esta situação. A rede estadual de ensino de São Paulo, a maior do país, deve dar o exemplo.

Fonte Viomundo


sexta-feira, 15 de março de 2013

Design de moda: evento no Paraná vai antecipar tendências da primavera/verão 2014


Um dos principais encontros de moda do país, o 8º Paraná Business Collection (PBC) terá como principal atração tendências da primavera/verão 2014. De 4 a 7 de junho, em Curitiba, o evento terá a direção artística de Carlos Pazetto, que, há mais 17 anos no mercado de moda e luxo, tem em seu portfólio clientes como Cartier, Marc Jacobs, Chanel, Louis Vuitton, além de eventos como Minas Trend Preview, Ami Hot Spot, Claro Rio Summer e outros.

Outra novidade estará no comando da área de Business do PBC, que passa a ser pilotada pela empresa EBE Eventos, especializada nas áreas corporativa e de negócios.

O PBC contará com aproximadamente 80 expositores na área de business, sendo 10 marcas âncoras, e 12 desfiles na passarela, sendo três por dia de evento. A realização é do Sistema Fiep, em parceria com o Sebrae e o Conselho Setorial do Vestuário (Foto Mauro Frasson)



O Brasil que inova




Educação em debate: o velho modelo disfarçado de novo

Revolucionário, inovador, transformador e eficiente. Esses são alguns dos elogios que o norte-americano Salman Khan recebeu nos últimos anos de personalidades como o fundador da Microsoft, Bill Gates, do cineasta George Lucas e do criador da Fundação Lemann, Jorge Paulo Lemann.

Especialistas criticam a qualidade das aulas online e o método de ensino do matemático Khan (Foto Divulgação)

O motivo é a Khan Academy, iniciativa sem fins lucrativos que reúne cerca de 2 mil vídeos educacionais e exercícios interativos de disciplinas como Matemática, Física e Química. Com 6 milhões de acessos mensais, a Khan Academy pretende inverter a lógica da sala de aula e mudar a maneira como o ensino é feito nas escolas.

No Brasil, Khan participou de um evento em janeiro com a presença do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e da presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, o professor, estrela na internet, foi convidado a firmar uma parceria para a realização de pesquisas pedagógicas no País: 600 de suas videoaulas, traduzidas para o português pela Fundação Lemann, deverão ser incluídas nos tablets distribuídos para cerca de 400 mil professores ainda em 2013.

O objetivo é que os vídeos também fiquem disponíveis no Portal do Professor, página do Ministério da Educação com conteúdo para os docentes, e na TV Escola. Na região da Grande São Paulo, escolas da rede pública já participam de um projeto piloto que utiliza a metodologia e os vídeos de Khan para ensinar Matemática.

Especialistas em ensino da Matemática, porém, fazem ressalvas à promessa de salvador da educação vinculado ao norte-americano. Para os entrevistados pela reportagem, a iniciativa trabalha com paradigmas antigos, produz vídeos de qualidade heterogênea e pode significar um retrocesso para o ensino da Matemática.

Continue lendo a reportagem originalmente publicada na Carta na Escola


Logística reversa: estudo propõe modelo para resíduos eletroeletrônicos

Em 2010, o presidente Lula sancionou a Lei nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Regulamentada pelo Decreto nº 7.404, a legislação determina os parâmetros para o estabelecimento de um sistema de gestão integrado e o gerenciamento ambientalmente adequado de resíduos sólidos.

Para viabilizar a implementação da PNRS, o governo criou comitês e grupos de trabalho interministeriais responsáveis por realizar análises técnicas e propor diretrizes e responsabilidades dos diversos atores envolvidos na cadeia produtiva – Poder Público, setor privado e terceiro setor. “Essa política estabelece uma responsabilidade compartilhada, em que desde o fabricante até o consumidor todos devem se articular para promover a destinação de resíduos de forma ambientalmente adequada”, explica Bruno Moreira, diretor-executivo da Inventta+drive.

Um dos grupos criados no âmbito da PNRS é o Grupo de Trabalho Temático (GTT) – Eletroeletrônicos, que tem entre suas atribuições apresentar um modelo para a implantação da logística reversa da cadeia de resíduos de eletroeletrônicos de consumo, tais como: refrigeradores, equipamentos de TV, telefones celulares e eletrodomésticos, dentre outros. A logística reversa baseia-se exatamente no fluxo contrário que um produto deve fazer alcançado o fim da sua vida útil.

Continue lendo esta reportagem publicada originalmente no Radar Inovação


Tecnologia e inovação: Nicolelis “Criamos outra forma de comunicação entre cérebros”

Neste domingo (10/3/2013), a CNN americana dedicou o seu The Next List, programa que trata de inovação científica e tecnológica, ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IHNN), no Rio Grande do Norte, e às pesquisas desenvolvidas pelo neurocientista e professor Miguel Nicolelis.

Para realizar o novo experimento toda a tecnologia teve de ser transferida da Duke para o IINN. Segundo Nicolelis, esse trabalho é o primeiro de uma série que vai mostrar que a história do ‘apagão’ científico do Instituto de Natal é uma falácia (Foto Divulgação)

Durante 30 minutos (21 sem os comerciais), o The Next List o destacou o pioneirismo do cientista brasileiro: ”a pesquisa que pode fazer o milagre de permitir que tetraplégicos voltem a andar”.

E apresentou o projeto de IINN como um modelo revolucionário de fazer ciência. Nicolelis trabalha na Universidade Duke, em Durham, nos EUA, e no IINN, do qual é fundador.

Pela segunda vez, em 11 dias, o IINN ultrapassa as nossas fronteiras.

A primeira foi em 28 de fevereiro (2013), quando a revista Scientific Reports, do grupo Nature, publicou estudo do grupo liderado por Nicolelis, do qual fazem parte Miguel Pais Vieira, Mikhail Lebedev e Jing Wang (os três da Duke) e Carolina Kunicki (do IINN).

Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram conectar eletronicamente os cérebros de pares de ratos, permitindo que os animais se comunicassem diretamente para solucionar tarefas comportamentais simples.

Como teste final do sistema, os cientistas ligaram os cérebros de dois animais que estavam a milhares de quilômetros de distância: um na Duke e outro no IINN. A equipe criou a chamada interface cérebro-cérebro, quebrando o paradigma da área interface cérebro-máquina.

“Nós criamos outra forma de comunicação entre cérebros de animais”, explica Nicolelis. “Nossos estudos anteriores já tinham nos convencido de que o cérebro é muito mais plástico do que pensávamos. E esta nova pesquisa mostrou uma capacidade totalmente inédita de adaptação do cérebro, uma tamanha plasticidade cerebral que ninguém esperaria nem tinha medido ainda.”

Continue lendo a reportagem publicada no Viomundo


quinta-feira, 14 de março de 2013

Royalties do petróleo: nova lei será publicada nesta sexta-feira


A presidenta Dilma Rousseff promulgou na noite desta quinta (14/3/2013) a nova lei que trata da distribuição dos royalties do petróleo, após o Congresso Nacional ter derrubado os vetos da presidenta a parte do texto original. A íntegra da nova lei será publicada na edição de sexta (15/3/2013) do Diário Oficial da União.

O texto aprovado por deputados e senadores sobre as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo teve origem no Senado e foi relatado pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Na votação na Câmara, os deputados rejeitaram substitutivo apresentado pelo relator da matéria, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), e aprovaram o texto original do Senado. A proposta recebeu então 142 vetos da presidenta Dilma Rousseff. Os vetos desagradaram os parlamentares dos estados não produtores de petróleo.

Os parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito Santo entraram com mandados de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, para reverter a derrubada dos vetos. Os estados produtores também reagiram e anunciaram entrar com ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) no STF assim que a lei fosse promulgada.

Pela lei, a União tem sua fatia nos royalties reduzida de 30% para 20%. Os estados produtores terão redução de 26,25% para 20%. Os municípios confrontantes (que fazem divisa com os produtores) sofrerão a seguinte redução: de 26,25% passam para 17% e chegam a 4% em 2020. Os municípios afetados pela exploração de petróleo também sofrerão cortes: de 8,75% para 2%. Em contrapartida, o percentual a ser recebido pelos estados e municípios não produtores saltará de 8,75% para 40%.



Pesquisa e Inovação: Embrapii vai promover "casamento" entre instituições de pesquisa e empresas privadas, diz Dilma Rousseff


A presidenta Dilma Rousseff disse nesta quinta (14/3/2013) que a Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) será a responsável por promover o “casamento” entre instituições públicas de pesquisa e inovação e empresas privadas. A criação da empresa foi anunciada hoje juntamente com o Plano Inova, que pretende tornar as empresas brasileiras mais competitivas no mercado global por meio da inovação tecnológica e aumento da produtividade.

“Vamos estabelecer uma parceria, praticamente um casamento. A Emprapii é um dos locais desse casamento. Terá um papel fundamental, um local de articulação das nossas relações, e isso fará muita diferença para todos nós”, disse Dilma a uma plateia de empresários durante reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), no Palácio do Planalto (Foto Antonio Cruz/ABr)

A presidenta ressaltou que os recursos serão investidos após análise do comitê gestor da Embrapii, formado pela Casa Civil, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério da Fazenda e pela Secretaria de Micro e Pequena Empresa (SMPE). “Nenhuma agência do governo tem autorização, a partir de agora, para tratar como se fora seu o recurso da inovação. Esse recurso é algo a ser decidido de forma compartilhada. Essa questão é absolutamente essencial quando se trata desse plano. É nisso que consiste o grande salto que nós tivemos.”

Ao todo, R$ 32,9 bilhões serão aplicados em 2013 e 2014 e beneficiarão empresas de todos os portes dos setores industrial, agrícola e de serviços. Para a presidenta, a inovação é essencial para o país. “Inovar para o Brasil é uma questão de estar à altura do seu potencial.”

O presidente do Sistema Indústria, Robson de Andrade, disse que o desafio das medidas anunciadas pelo governo federal é alavancar o desenvolvimento tecnológico do país. “O pacote é positivo. O Brasil precisa desenvolver tecnologia e inovar para que a nossa indústria possa ser mais competitiva não só no mercado interno, mas principalmente no exterior.”

Segundo Andrade, a iniciativa muda a lógica atual de universidades buscarem parceria com empresas. “Agora, a empresa tem a capacidade de ter o recurso e buscar o centro tecnológico ou a universidade para trabalharem juntos”, analisou.

As linhas de financiamento serão executadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que serão lançados editais em várias áreas, como petróleo e gás, etanol e saúde, chamando projetos da iniciativa privada.

“É essa combinação que vai gerar uma demanda de empréstimos na linha de inovação que vai permitir dobrar a escala do que a gente já está fazendo hoje”, disse Coutinho. Segundo ele, atualmente, o BNDES investe R$ 5 bilhões para programas de pesquisa e inovação.



Responsabilidade social: lideranças industriais debatem práticas de gestão sustentável


“Hoje não existe mais condições de uma empresa não ser responsável em todos esses níveis.” A afirmação é do presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, feita na abertura do encontro Plataforma Liderança Sustentável, para mais de 160 lideranças industriais do Paraná, na terça-feira (12/3/2013), em Curitiba. Campagnolo também destacou questões sociais e ambientais, além da parceria entre a Plataforma e o Sistema Fiep, por meio do Sesi, para reunir as empresas que estão aplicando, ou já aplicaram, o conceito de sustentabilidade em seus negócios.

O tema de destaque discutido no encontro girou em tornou da inserção do conceito de sustentabilidade nos negócios das empresas. O evento ainda contou com palestras de executivos de grandes organizações, como Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak, e Marise Barroso, presidente da Masisa, além do idealizador do encontro, Ricardo Voltolini, presidente da empresa Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade. O Sesi/PR foi parceiro do encontro, que ocorreu na sede do Sistema Fiep, no Jardim Botânico.

“O objetivo deste evento é fazer com que as empresas tenham um momento de reflexão a respeito de sua forma de gestão e de como conduzir seu planejamento estratégico, fazendo com que o capital social tenha destaque na organização”, observou o superintendente do Sesi/PR, José Antonio Fares.

Ricardo Voltolini ressaltou o papel do líder enquanto agente fundamental da mudança. “Quando existe a presença de um líder apaixonado pelo tema, essa evolução para a sustentabilidade se processa mais rápido”.

A importância de envolver as lideranças para promover a sustentabilidade nos negócios vem de uma constatação de Voltolini, a partir de uma pesquisa realizada em 2008, com 50 grandes executivos no Brasil. O estudo demonstrou que a postura da liderança era a variável mais importante no conjunto de variáveis comuns às empresas que tinham avançado mais em relação à sustentabilidade. De acordo com os conceitos da Plataforma, os líderes em sintonia com a sustentabilidade são aqueles que respeitam valores como a diversidade, o meio ambiente, a transparência e a ética nas organizações.

“A sustentabilidade conduz automaticamente à inovação. E quando você faz diferente, você então faz com que a sua marca seja vista também de maneira diferente”, observou Marise Barroso.

Para Paulo Nigro, a sustentabilidade é uma transformação contínua, mas que vale a pena em todos os aspectos. “Uma coisa é muito importante destacar: invistam nesse processo e o resultado virá”.


Inovação tecnológica: Governo cria Embrapii para fomentar cooperação entre empresas nacionais


O governo federal anuncia nesta quinta (14/3/2013) a criação da Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que visa a fomentar o processo de cooperação entre empresas nacionais, principalmente pequenas e médias, e instituições tecnológicas ou instituições privadas sem fins lucrativos voltadas a pesquisa e desenvolvimento (P&D).

A Embrapii será uma organização social (OS) e tem investimentos previstos de R$ 1 bilhão para este e o próximo ano. Os recursos vêm do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e dos parceiros envolvidos. A iniciativa do governo será implementada por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ministério da Educação (MEC).

O centro baiano será uma das três primeiras unidades da rede Embrapii  (Foto Divulgação)

“[A Embrapii] Nada mais é do que uma estrutura ágil que vai fazer o casamento entre as demandas das empresas. Um agente para estabelecer a química, um catalisador que vai estabelecer uma química entre a demanda empresarial e a infraestrutura tecnológica. Foca na demanda industrial e também um estímulo às instituições de P&D existentes no país”, disse o ministro do MCTI, Marco Antonio Raupp, durante reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff.

A nova organização é inspirada nos moldes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), considerada uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento e destaque do país no setor do agronegócio. O projeto piloto da Embrapii envolve o Instituto Nacional de Tecnologia, do Rio de Janeiro, na área de biotecnologia, o Instituto de Pesquisa Tecnológica, de São Paulo, em energia e saúde, e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), do Senai da Bahia.



Financiamento do ensino: MP que destina receita dos royalties à Educação começa a ser revista

Com a derrubada do veto presidencial ao projeto de lei que trata da nova distribuição dos royalties do petróleo, a Medida Provisória 592/12, que destina a receita dos royalties e recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação, terá que ser editada. Além de destinar 100% dos royalties à Educação, a MP preenche lacunas deixadas pelos vetos e torna-se alvo de disputas políticas e de pressões de movimentos sociais. A primeira audiência sobre o tema ocorre hoje (14/3/2013), na comissão mista formada para analisar a medida.

O relator da proposta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) explica que os episódios recentes reconfiguram as discussões sobre o tema. "A derrubada do veto nos dá um novo cenário. A medida ainda pode mudar e não temos uma discussão objetivada", diz.

A questão da redistribuição deve ser retirada do texto já que, com a derrubada do veto, vale a proposta aprovada no ano passado, que determina uma divisão mais equânime dos recursos entre os estados produtores e não produtores. A comissão vai esperar ainda o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do mandado de segurança que contesta a legalidade da sessão do Congresso Nacional que derrubou os vetos da presidenta Dilma Rousseff à nova lei dos royalties do petróleo.

As discussões envolverão também os municípios, que questionam a destinação desses recursos integralmente para a Educação e alegam outras deficiências nas cidades. Já os movimentos sociais ligados à Educação acreditam que os recursos serão insuficientes.

A MP vincula ao setor 100% das receitas com os royalties do petróleo dos novos contratos da área de concessão, firmados após 3 de dezembro de 2012, data da publicação da medida. Além disso, serão destinados à Educação 50% dos rendimentos do Fundo Social do Pré-Sal.

"O que a gente quer é a vinculação de 100% das receitas dos poços já concedidos. Os novos contratos são feitos a longo prazo, dificilmente chegarão recursos dessa fonte. Além disso, [queremos] 50% do Fundo Social e não apenas dos rendimentos. Existe uma diferença muito grande entre o principal e o que rende", diz Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Em um artigo, ele exemplifica: "vamos supor que em 2016 o Fundo Social do Pré-sal contabilize R$ 10 bilhões e seus rendimentos gerem R$ 1 bilhão adicional, totalizando R$ 11 bilhões. Seguindo o texto da MP 592/2012, a área da Educação receberia R$ 500 milhões naquele ano, valor inferior ao gasto com o dia da prova do Enem".

Outra questão levantada por Cara é a de que o Fundo Social ainda precisa de regulamentação pelo Ministério da Fazenda. Por meio da assessoria, a pasta informa apenas que o projeto está "em andamento" e não informa prazos para que o fundo esteja regulamentado.

Para especialistas, a proximidade das eleições estaduais leva o debate para um nível político. O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro Omar Mourão, especialista em geopolítica, petróleo e gás, diz que há uma tendência de que os estados produtores consigam, por meio do STF, a retomada dos royalties e que a Educação serviria como uma justificativa: "Trata-se de uma jogada política. Os parlamentares representantes dos estados produtores tentarão sensibilizar com a questão da Educação. Acredito que os recursos não fazem tanta diferença em matéria de custo para o setor. Mas isso será utilizado nas campanhas".

Por outro lado, o governo acredita que a aprovação da MP é a "única saída" para garantir o cumprimento da meta de investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) que direciona as políticas para a área nos próximos 10 anos.

Em diversas ocasiões, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu a destinação dos recursos para o setor. “No Orçamento, o dinheiro só entra se tiver definida uma fonte. Como, dificilmente, o Congresso vai aprovar aumento de impostos para poder garantir esse aumento de recursos para Educação e, como não temos margem para tirar de outras áreas, o melhor caminho é encontrar uma fonte viável e que aumente cada vez mais a receita", afirmou após reunião com a presidenta Dilma Rousseff no ano passado.



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