Em entrevista à Agência Brasil, Dubois
falou da necessidade constante de mapeamento do solo para investigar o impacto
ambiental da produção agropecuária. Destacou que é preciso estudar os efeitos
indiretos da ocupação do solo, para que não haja danos, principalmente, à
agricultura familiar ao redor do mundo.
“Se disser ao pequeno agricultor que ele
terá dinheiro a partir de uma cultura, o risco é de ele utilizar seu lote todo
para essa única cultura. Ele fará 10 hectares para cultura de dendê e terá de
comprar comida. O risco disso é que ele será muito mais dependente dos preços
dos alimentos. Ou seja, uma certa proporção [do seu terreno] ele tem que
garantir, senão há o risco de segurança alimentar”
A avaliação de Dubois é que não há
necessariamente uma incompatibilidade entre a produção de alimentos e
biocombustíveis. “Não podemos diabolizar uma coisa porque depende muito da
forma como você faz. Não se pode competir com a utilização da terra na produção
de biocombustíveis, mas é possível concorrer. Planta alimentar como
matéria-prima pode ser mantida em consórcio de diferentes culturas na mesma
área”.
O coordenador citou o Projeto de
Critérios e Indicadores de Bioenergia e Segurança Alimentar da FAO, como uma
ferramenta da entidade, que inclui instrumentos de avaliação dos impactos
ambientais e socioeconômicos da produção de bioenergia, com indicadores que
podem ser medidos durante a produção e a recomendação de boas práticas e de
medidas políticas para promover o desenvolvimento sustentável da bioenergia.
“Essa ferramenta orienta, por exemplo, os
possíveis riscos de substituição alimentar de forma sustentável. Com ela
podemos avaliar e monitorar as práticas de bionergia pelo mundo”, explicou. O
instrumento permite recomendar, por exemplo, balancear a produção de energia
com a de outros alimentos, utilizando o subproduto para alimentar o gado,
misturando ou fazendo rotação de culturas.
De acordo com a Embrapa Agroenergia, até
2004 não existia fabricação de biodiesel no Brasil. Com a implantação do
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), o país passou a ser o
segundo maior produtor mundial e colocou no mercado 2.717 m³ do biocombustível
em 2012.