Mesmo com 60% dos municípios do país tendo alguma iniciativa de coleta
seletiva, a quantidade de resíduo sólido urbano que de fato retorna à cadeia
produtiva não chega a 2%. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil
2012, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe), 51,4% do material coletado são matéria orgânica; 13,5%
plástico; 13,1% papel, papelão e tetra pak; 2,9% metais; 2,4% vidro; e 16,7%
outros materiais.
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Dia Mundial do Meio Ambiente: comemora-se em 5 de junho, data em que se realizou em Estocolmo, na Suécia, a I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente |
De acordo com a Abrelpe, em 2012 foram produzidas 1.436 mil toneladas
de alumínio primário e a reciclagem fica na faixa de 36%, chegando a 98,3% das
latas de bebida, patamar com pouca variação nos últimos cinco anos. A produção
de papel foi 10 milhões de toneladas e a taxa de recuperação com potencial para
reciclagem está em 45,5%.
Já em 2011, o consumo aparente de plásticos, foi 6,8 mil toneladas,
das quais 1 mil toneladas recicladas – 57% no caso de PET. Em 2001, a
reciclagem dessas garrafas era 32,9%. No setor de vidros, o dado mais recente é
de 2008, quando a capacidade de produção instalada foi 3 mil toneladas, sendo
1.292 no setor de embalagens. Dessas, 47% são recicladas - incluindo 20% de embalagens
retornáveis –, 33% reutilizados e 20% vai parar em aterros e lixões.
O gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ronaldo Hipólito, explicou que a
Política Nacional de Resíduos Sólidos não prevê prazo para implantar a coleta
seletiva e a reciclagem dos materiais.
“Nós colocamos metas no plano nacional: para 2015 uma quantidade de
reciclagem e outra para 2019. Para os resíduos úmidos tem a compostagem, a
biodigestão. Mas nós estamos trabalhando tudo paralelamente, porque não pode
fechar primeiro o lixão para depois fazer a reciclagem”, disse Hipólito. Em
tese, na hora de se fechar um lixão e colocar em funcionamento um aterro
sanitário, onde só poderá ser depositado rejeito, obrigatoriamente terá que
haver a coleta para retirar a parte que não deve ser enterrada, acrescentou.
Quanto às cooperativas de catadores, Hipólito disse que foi criado um
comitê interministerial para analisar essa inclusão socioeconômica. Já foram
organizadas cerca de 200 cooperativas, das 1.300 que o ministério estima
existirem no Brasil. Também foi lançada uma campanha educativa sobre a
importância da separação dos resíduos.
“Nós solicitamos ao Ipea, em 2010, um estudo sobre quanto o Brasil
perde ao ano por não reciclar, por enterrar as coisas que poderiam ser
reaproveitadas, e o Ipea chegou ao número de R$ 8 bilhões por ano. É muito
dinheiro. Essa propaganda institucional que nós fizemos e pretendemos voltar
esse ano a falar sobre o assunto, serve para conscientizar as pessoas sobre a
importância que tem isso para a economia como um todo”, disse o técnico do
Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, o
governo do Estado do Rio de Janeiro tem apoiado as prefeituras para iniciar os
projetos de coleta seletiva. “Os municípios tem que ter uma equipe para isso,
tem que ter uma campanha de comunicação, tem que escolher alguns bairros para
fazer um projeto piloto, não é uma coisa científica, é erro e acerto”.
O superintendente de Políticas de Saneamento da Secretaria Estadual do
Ambiente (SEA), Victor Zveibil, explicou que 17 municípios, dos 92 do estado,
começaram a implantar programas de coleta seletiva, entre eles Mesquita,
Petrópolis e Niterói. Além disso, o governo lançou o Programa Catadores e
Catadoras em Rede Solidária. “É um programa que a secretaria está iniciando em
parceira com o Ministério do Trabalho e Emprego, que tem essa missão de
reforçar as cooperativas e trabalhar a questão da comercialização, de uma rede
de cooperativas para a reciclagem e para a comercialização. Esse levantamento
já foi feito em 41 municípios”.
Por mês, são recolhidas na capital 936 toneladas de material
reciclável, dos 150 mil toneladas de lixo da coleta domiciliar. O material é
destinado a cerca de 50 cooperativas cadastradas na Companhia Municipal de
Limpeza Urbana (Comlurb).
O engenheiro Mauro Wanderley Lima, da Diretoria
Técnica e de Logística, lembrou que a coleta seletiva depende da colaboração da
população. “A ideia é atingir todos os bairros do Rio até 2016. Agora,
precisamos da colaboração da população e é uma coleta mais cara, porque você
não pode comprimir o material, não pode ser misturado. O ideal é que você
terminar de usar a lata de molho de tomate, o iogurte, dê uma lavadinha e
entregue para a reciclagem”.
A coordenadora do Movimento Nacional dos Catadores no Estado do Rio de
Janeiro, Claudete Costa, ponderou que a situação de muitos catadores é
precária. “Eu continuo trabalhando com o pessoal na rua, a gente cata o
material, junta no “burrinho sem rabo” - carroça manual -, vê um local
estratégico para fazer a triagem rapidamente e nem todo o material a gente tem
tempo de juntar para reciclar, só o que está em alta no mercado”. Ela
acrescentou que os catadores interrompem o trabalho às 15h quando passa o
caminhão da Comlurb.
De acordo com ela, as cooperativas beneficiadas pela coleta seletiva
estão em situação melhor, mas ainda há cerca de 240 famílias trabalhando no
aterro controlado de Gericinó, que vai fechar até o fim do ano. “Então está no
mesmo trâmite que eu, daqui a pouco estão na rua. O pessoal quase não tem mais
acesso como tinha antes. Poucas famílias estão sendo beneficiadas, porque está
indo tudo para [o aterro sanitário de] Seropédica”.
Claudete reclama que falta apoio da prefeitura para trabalhar. “Falta
tudo, da estrutura do galpão, maquinário, para a coleta seletiva. Tem muitas
cooperativas que estão na rua, tem muitas que estão em galpão alugado”.
A SEA anunciou que “em breve” será inaugurado o Polo de Reciclagem de
Gramacho, que vai aproveitar a mão de obra dos cerca de 400 catadores que
atuavam no aterro controlado de Gramacho, fechado no ano passado.
Fonte Agência Brasil