"O nível educacional da população é um dos principais fatores que
estimulam ou travam a modernização e a competitividade dos setores econômicos”.
A constatação foi feita pelo antropólogo Roberto DaMatta, no recente lançamento
do Projeto Educação para o Mundo do Trabalho, em Porto Alegre. “A indústria percebe
que, para avançar nesse cenário, é necessário promover um decisivo salto na
qualidade da Educação escolar básica", assegurou.
DaMatta apresentou dados que mostram que 94% das empresas que
enfrentam a falta de profissional capacitado têm dificuldade para encontrar
operadores para a produção e afirma que o problema prejudica o aumento da
competitividade; 78% das empresas que enfrentam a falta de trabalhador
qualificado têm a capacitação na própria empresa como uma das principais formas
de lidar com o problema; 52% das empresas industriais afirmam que a má
qualidade da Educação básica é uma das principais dificuldades que enfrentam
para qualificar os trabalhadores; 69% das empresas consultadas enfrentam
dificuldades com a falta de trabalhador qualificado.
O antropólogo defende que o Brasil não é um país pobre, mas um país historicamente
atrasado. "De 1500 a 1888 não tivemos um sistema educacional no Brasil
porque nossa cultura era escravocrata".
Ainda durante o lançamento do projeto, o presidente do Sistema Fiergs,
Heitor José Müller, abordou a importância da Educação, como está destacado em
frase atribuída ao filósofo Pitágoras: “Educai as crianças e não precisarás
punir os homens".
Müller apresentou números sobre a escolaridade que conduzem a um
paradoxo. "Somos o sétimo Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, mas
estamos na 48ª posição em competitividade global", avaliou, apontando
ainda que o Brasil precisa de "Educação de qualidade, pois só assim
poderemos alcançar níveis mais altos de competitividade, que sejam
proporcionais ao tamanho do nosso PIB".
O projeto, que tem abrangência nacional e liderado pelo Sistema
Indústria, busca desenvolver estratégia de ação e de mobilização de parceiros
da sociedade civil e dos setores produtivos e governamentais em prol da
construção de uma agenda de curto e médio prazo para a Educação brasileira.
"Temos emprego sobrando e desempregados sobrando porque as vagas
que se ofertam não combinam com o perfil dos trabalhadores que buscam essas
oportunidades", afirmou o secretário do Trabalho e Emprego de Porto
Alegre, Pompeo de Mattos.
Fonte Sistema Fiergs