As aulas incluirão orientações de nutricionistas,
cartilhas com informações e receitas. Os cursos, que serão abertos à comunidade
em geral, estão sendo elaborados por um comitê formado por nutricionistas do Sesi
de Mato Grosso, Piauí, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte e Amazonas.
A coordenadora do comitê, Cecília Lopes, explica
que a integração entre as profissionais dos sete estados foi proposital: “são
realidades e culturas diferentes que nos ajudarão a produzir um material rico,
a partir das experiências de cada um”. Segundo ela, o novo produto – que ainda
não foi batizado – é inspirado no programa Sabor na Medida Certa, desenvolvido
pelo Sesi de São Paulo. A iniciativa oferece cursos com duração de 10 horas, em
que são apresentadas receitas específicas, técnicas dietéticas e informações
nutricionais, sempre com o foco na alimentação saudável.
Cecília Lopes conta que a ideia surgiu da demanda
de algumas indústrias com altos índices de trabalhadores obesos e hipertensos.
“Uma alimentação adequada traz inúmeros benefícios, tanto para um trabalhador
da indústria, quanto para qualquer pessoa. Ela melhora a qualidade de vida,
aumenta a produtividade e reduz o absenteísmo [faltas ao trabalho]”, destaca.
De acordo com ela, entre os industriários, mais de 90% das doenças não infecciosas
tem como causa a má alimentação.
Mas o problema é nacional. Dados de relatório
divulgado este ano pelo Ministério da Saúde (MS) mostram o crescimento das
doenças crônicas. Segundo a diretora do Departamento de Análise de Situação em
Saúde do MS, Deborah Malta, o conjunto das Doenças Crônicas Não Transmissíveis,
é responsável por 72% dos óbitos no Brasil.
De acordo com o relatório da Vigitel 2011
(Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), o excesso de peso e a obesidade aumentaram nos últimos seis anos
no Brasil. A proporção de pessoas acima do peso no país avançou de 42,7%, em
2006, para 48,5%, em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos subiu de
11,4% para 15,8%.
O levantamento também mostrou uma tendência ao
crescimento do diabetes. Foram entrevistados mais de 54 mil adultos em todas as
capitais e também no Distrito Federal. Desse total, 5,6% declarou ter a doença.
Cozinha Brasil
O programa beneficiou quase um milhão de pessoas,
a maioria mulheres que recebem até um salário mínimo e moram nas cidades. Além
disso, o Cozinha Brasil foi exportado para o Uruguai e Moçambique e está em
fase de implementação em El Salvador, Honduras e Guatemala.
Recentemente,
técnicos da Guatemala estiveram no Paraná para conhecer, na prática, a
metodologia do Cozinha Brasil. Eles sinalizaram que, naquele país, o programa
será implantado como política pública inserido no Pacto Hambre Cero Guatemala,
que seguiu o modelo do programa Fome Zero, do governo brasileiro.