Em época de Jogos Olímpicos, um grupo de 35
catarinenses está atento para outro tipo de competição. Eles dedicam de seis a
oito horas diárias em treinamentos para a Olimpíada do
Conhecimento, principal disputa de Educação profissional e de tecnologia
que o Senai promove a cada dois anos pares. Em novembro, no Anhembi, em São
Paulo, os alunos do Senai de Santa Catarina vão medir seus conhecimentos, habilidades
e atitudes profissionais com parceiros da organização de todo o país.
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Os alunos catarinenses, entre os quais quatro que
participam das provas para pessoas com deficiência e necessidades educacionais especiais,
vão disputar 33 ocupações industriais. Na mira dos juízes a capacidade de
planejamento e o bom aproveitamento de recursos e tempo no desenvolvimento de
atividades típicas de suas profissões. As provas exigem desempenho de alto
padrão de qualidade e produtividade. Os primeiros colocados em cada disputa vão
se candidatar a vagas na equipe brasileira que vai ao 42º WorldSkills
Competition, maior competição internacional do gênero, que será realizado em
Liepzig, na Alemanha, em julho de 2013.
A competida Isadora Micaela Guercovich, de 17
anos, de Blumenau, viu sua vida mudar com as competições e treina forte na
ocupação Tecnologia da Moda-Vestuário. "Tenho mais cobranças e muito
reconhecimento por parte dos professores e mesmo do mercado.”
Uma novidade nesta Olimpíada é a disputa oficial
da ocupação de manutenção de aeronáutica. Aos 22 anos e já em seu terceiro
curso técnico (todos na área de mecânica de aeronaves), Felipe Augusto Kupchak,
São José, é um dos primeiros estudantes do país a disputar a prova. "Quero
alcançar o topo, chegar onde puder ir na carreira, trabalhar e estudar no
exterior; a Olimpíada do Conhecimento pode me ajudar nisso.” Para alcançar o
sucesso, Felipe se dedica diariamente das 13 às 22 horas para treinamentos.
Ariel Bertoluci, de Blumenau, 17 anos, tem a
receita do sucesso: "treinamento diário, intenso, bem puxado, para obter
um bom resultado no nacional e em seguida no mundial". Ele será o primeiro
catarinense a disputar em Construção em Alvenaria.
Independentemente de resultados, Guilherme
Vilvert, de 20 anos, de Joinville e que compete em Fresagem CNC destaca que as
portas do mercado de trabalho estão se ampliando. Já passei para as máquinas melhores
da empresa onde atuo", que o liberou para os treinamentos.
Quem também está comprometido com resultados é Bruno
Angelo Medeiros, de Tubarão. Talvez com maior responsabilidade ele estará na
Olimpíada em web design, a ocupação na qual Santa Catarina conseguiu três
medalhas nas últimas três edições do WorldSkills, incluindo a de ouro em 2011.
Apesar de a preparação ter o cuidado de evitar esse tipo de pressão, Bruno
sente o desafio, mesmo porque é treinado pelo medalhista internacional de prata
em 2009, André Ramos.
Quando entrou no Senai, Bruno, hoje com 20 anos,
percebeu que o web design seria uma excelente alternativa de carreira
profissional. Acabou se destacando e sendo convidado para a etapa estadual da
Olimpíada do Conhecimento, que venceu. No primeiro semestre de 2012, dedicava
seis horas diárias aos treinamentos. Para o segundo semestre, ele trancou a
faculdade, que fazia à noite, para treinar nos períodos vespertino e noturno.
"É cansativo, mas vale o esforço", afirma.
Para o presidente do Sistema Fiesc, Glauco José
Côrte, as competições têm reflexos positivos para a indústria, porque mostra a
competitividade, a qualificação, a capacidade dos alunos preparados. "É um
valioso instrumento de motivação aos demais estudantes para que se preparem,
estudem e se empenhem para se tornarem bons profissionais".
O diretor regional do Senai-SC, Sérgio Roberto
Arruda, compara contribuição da Olimpíada do Conhecimento para a educação com a
da Fórmula 1 para a indústria automobilística. "A Olimpíada do
Conhecimento é um grande laboratório de práticas e metodologias pedagógicas que
permitem que possamos aprimorar o ensino, a educação e a qualidade da educação
profissional de Santa Catarina e, por extensão, do Brasil".
O instrutor de construção de alvenaria, Almir
Gonçalves, concorda e cita o exemplo de sua área. Segundo ele, o treinamento
diferenciado, os conhecimentos adquiridos dia a dia acabarão se refletindo nas
demais disciplinas do curso, nos outros cursos da instituição e se refletirão
na melhor qualificação dos profissionais que chegarão ao mercado de trabalho.