Momentos antes do lançamento de dois volumes do
livro Aspectos do Design, o Senai de São Paulo promoveu em seu estande na
Bienal do Livro, na noite de quarta (15/8/2012), a mesa-redonda A importância
do design, debatendo a relação entre os designers e o empresariado e de
conceitos de inovação e criatividade.
O presidente da agência Seragini/Farne Desgin de
Ideias, Lincoln Seragini, ressaltou que o design tem papel importante na
sociedade por ser capaz de transformar conceitos e até pessoas, como o design
thinking, ou seja, a inovação do pensamento. “O design é capaz de resolver os
problemas da humanidade.”
Na visão de Seragini, as empresas precisam
aprender duas coisas: a criar marcas e o design criativo, pois “o mais
importante para elas é ter identidade”.
O consultor disse que a economia criativa – aquela
em que a riqueza provém do talento individual – é um nicho que tem muito a ser
explorado no Brasil. “A economia criativa representa 10% do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro, mas pode chegar a 30%. O grande problema é que o
Brasil é desorganizado e indisciplinado. Precisa modernizar a visão”, afirmou.
Para a designer titular do Stedesign Projetos, Silvia
Grilli, o empresariado contrata um designer com o intuito de vender mais, mas a
maioria desconhece o que esse profissional realmente faz. “De todas as dificuldades
da nossa profissão, o fato de o empresariado não entendê-la é a maior delas”.
Grilli assegurou que é fundamental um trabalho
para ensinar a importância do desenho industrial. “Faz parte do trabalho do
Senai, não só formar o profissional, mas também educar o empresariado para
saber como brifar o produto desejado.” Ela alertou ainda que não basta
limitar-se a copiar e fazer o que os outros já fazem. “A contribuição do Senai,
ao lançar esses livros e colocar esse assunto em pauta, é essencial para atingir
o empresariado, público mais interessado no assunto.”
O gerente do Departamento de Ação Regional (Depar)
do Sistema Fiesp, Fausto Guilherme Longo, disse que o designer deve se adequar
às necessidades da indústria, pois o empresário não pode mudar o processo de
produção para favorecer a criatividade do designer. “Ele (o empresário) quer
algo que atenda às expectativas da sua indústria”, explicou, lembrando a falta
de competitividade da indústria brasileira.
Segundo Longo, formam-se no Brasil, a cada ano, 31
mil designers em todas as categorias. Mas 84% das indústrias brasileiras são de
pequeno porte, com menos de sete funcionários, o que não dá espaço para
contratação de especialistas em desenho industrial.
“É preciso criar alternativas para o mercado de
trabalho em diversos modelos de atuação, como consultoria de estilo, direção
artística etc.”, explicou, aproveitando para elogiar os lançamentos da Senai-SP
Editora. “Essas publicações são fantásticas e preenchem uma lacuna na área.”
O professor nas Belas Artes, na Oswaldo Cruz e na Faculdade
Bandeirantes, Luis Emiliano Avendaño, disse que os cursos de design no Brasil
são carentes em matérias como sociologia, filosofia e poesia. “A capacidade de
observar para gerar inovação tem a ver com talento, alma e, principalmente,
paixão”, explicou.
Os livros Aspectos do design I e Aspectos do
design II, ambos da Senai-SP Editora, trazem uma coletânea de artigos de
diversos autores, incluindo os debatedores.