O
segundo dia do Seminário Internacional Sesi-SP de Economia Criativa, Cultura e
Negócios teve como tema principal os
espaços urbanos e a exploração de ações criativas como ferramenta para a
inovação e melhoria da qualidade de vida nas cidades. “Amo este lugar. A
localização, a arquitetura e, principalmente, o fato de ser um espaço
oltado
para manifestações criativas. Por outro lado, tenho a impressão de que nada
acontece. Sei que coisas acontecem lá, é claro. Mas penso que uma estrutura
como aquela deveria pulsar arte ininterruptamente. É um desperdício não ficar
disponível 24 horas por dia”, disse Charles Landry durante a palestra que abriu a
maratona de palestras de quarta (18/4).
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o centro cultural do Sesc Pompeia,
na capital paulista (Foto Divulgação)
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Autoridade
internacional no uso da imaginação e criatividade em espaços urbanos, o
britânico se referia ao prédio do Sesc Pompéia. Autor de The Art of City Making e Creative City – A
Toolkit For Urban Innovators, Landry é o pai do termo Cidade Criativa.
Para
ele, São Paulo possui uma riqueza invejável de criadores agindo de forma
isolada, com pouca ou nenhuma colaboração entre si. “Esta cidade tem tudo para
ser uma das principais capitais criativas do mundo. Percebo uma explosão de
talentos e realizações sempre que passeio por suas ruas e bairros. Mas elas
acontecem de forma fragmentária. Vocês precisam colocá-las juntas” completou.
Quase
como um complemento à ótima exposição de Landry, o assunto também pautou as
falas de Jordi Pardo e Avrill Joffe. Tendo em vista os megaeventos que
acontecem no país nos próximos anos, os convidados da Espanha e África do Sul
falaram sobre as experiências de seus países. Pardo apontou os saldos positivos
que a realização das Olimpíadas de Barcelona em 1992 trouxe para a cidade,
enquanto Joffe explorou a importância do planejamento de atrações paralelas ao
evento como forma de divulgar artistas locais e gerar lucro.
Entretenimento
banal para alguns, mídia moderna de possibilidades infinitas cuja história
sequer começou a ser contada para outros, os vídeogames fascinam e despertam
discussões. Especialistas no segmento, os canadenses Ian Kelso e Jason Della
Rocca fizeram um apanhado histórico de como a criação e desenvolvimento de
jogos eletrônicos se tornaram uma das parcelas mais importantes na economia de
seu país.
A indústria, que começa a superar o cinema em lucros, ainda está em
defasagem no Brasil. “O País está perdendo uma grande oportunidade quando não
trata a área com a atenção que ela merece”, lembrou o mediador, Emiliano de
Castro.
Encerrando
o seminário, Leonardo Brant mediou o papo de cinema com o inglês Martin Smith e
a indiana Sharada Ramanatan. Simpática, Ramanatan é expoente da indústria de
Tollywood – especializada em filmes na língua Tamil – que, ao lado da famosa
Bollywood, promove o atual boom cinematográfico indiano.
Sua apresentação
trouxe trechos de filmes, clipes de músicas e chamou a atenção para o interesse
dos jovens de seu país por filmes e músicas tradicionais indianas produzidos na
década de 60. Segundo ela, os novos realizadores têm adaptado tais referencias
e modernizado a tradição sem influência estrangeira. “É como se a Índia
estivesse reinventando seu passado”, disse.
Representante
da Ingenious Media, especializada no investimento em intangíveis culturais,
Smith comentou o universo de possibilidades disponível para os criadores de
hoje fornecido pelas novas ferramentas. Celebrou o fim das barreiras entre
realizadores e consumidores na internet, mas demonstrou preocupação em relação
à pirataria.
Sobre o mesmo tema, Brant provocou: “o que acontece é que os atravessadores
da indústria ainda não aprenderam a controlar a internet. Embora já bem
difundida, a internet ainda é uma mídia nova e causa estranhamento na
voracidade do mercado”.