Nos últimos cinco anos, a infraestrutura
de saúde no Brasil cresceu em ritmo mais acelerado do que o número de médicos
que atendem a população. No período, o total de equipamentos de saúde registrados
pelo governo federal teve alta de 72,3%. O número de leitos hospitalares subiu
17,3% e o de estabelecimentos de saúde, 44,5% no Brasil. A oferta de médicos,
porém, cresceu apenas 13,4% - ou seja, menos do que os principais índices de
infraestrutura de saúde.
Os dados dizem respeito às redes pública
e privada e foram compilados pela reportagem com base no sistema DataSUS, banco
de dados oficial do Ministério da Saúde que contém as informações de todos os
estabelecimentos registrados no órgão, como hospitais, consultórios, clínicas e
postos de saúde. Entre os equipamentos relacionados no levantamento, constam
qualquer tipo de aparelho de saúde existente nos locais, como raio X e
endoscópio.
Os números do DataSUS mostram que, de
fato, os equipamentos de saúde continuam concentrados nos Estados mais ricos -
São Paulo, por exemplo, tem três vezes mais equipamentos por habitante do que o
Maranhão. Entretanto, os locais onde houve o maior crescimento nos equipamentos
de saúde registrados pelo DataSUS foram os Estados do Norte - Roraima,
Rondônia, Acre e Pará mais do que dobraram a quantidade de aparelhos desde
2008.
As entidades médicas, no entanto,
defendem que não há falta de profissionais. O principal problema, segundo os
representantes de classe, é a falta de uma carreira estruturada para os médicos
na rede pública, além da necessidade de melhoria nas condições de trabalho nos
locais mais remotos.
Críticas
Cid Célio Jayme Carvalhaes, presidente do
Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), afirmou que o aumento numérico
verificado não significa uma infraestrutura mais desenvolvida nessas regiões.
"Um dos principais problemas, que vale tanto para número de médicos quanto
para a estrutura, é a distribuição desigual", disse. "Os hospitais entre
a região da Avenida Paulista até o Jabaquara têm mais tomógrafos do que a
França inteira. Enquanto isso, em alguns bairros na zona leste da cidade não há
nenhum."
O dirigente, um dos líderes do protesto
realizado por associações médicas que reuniu cerca de 5 mil em São Paulo no dia
3, manteve a posição da entidade de que o problema não é a carência de médicos.
"Quase um terço dos médicos do País está em São Paulo, e isso não garante
a qualidade de atendimento no Estado", afirmou Carvalhaes.
Para o dirigente, a grande diferença
entre o crescimento no número de equipamentos disponíveis e o de novos
profissionais não sugere que haja um excedente de estrutura parada. "O
aumento impressionante no número de equipamentos revela apenas uma maior
exploração comercial em lugares onde já há atendimento." As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte estadão.com.br